POLÍTICA

CPI da Covid vai ouvir Mandetta e Teich nesta terça

Tendência é que Pazuello seja convocado uma segunda vez, após descobertas consistentes durante o trabalho de investigação da comissão

Por Jornal do Brasil
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Publicado em 04/05/2021 às 07:43

Alterado em 04/05/2021 às 07:43

Luiz Henrique Mandetta Erasmo Salomão / Ministério da Saúde

Os senadores da CPI da Covid vão focar nos indícios de interferência do presidente Jair Bolsonaro nas decisões do Ministério da Saúde, ao questionar ex-titulares da pasta e também o atual, Marcelo Queiroga, em uma série de depoimentos que começa nesta terça-feira (4).

O papel de Bolsonaro nas decisões também será prioritário na atuação do relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), segundo tem informado a interlocutores.

A CPI praticamente inicia nesta semana a fase de investigação, com uma agenda repleta de depoimentos com potencial para atingir o governo Bolsonaro.

Serão ouvidos todos os ex-ministros da gestão, começando nesta terça com o desafeto do Planalto Luiz Henrique Mandetta e seu substituto, Nelson Teich, que permaneceu menos de um mês no cargo.

Os senadores do grupo majoritário da CPI —formado por oposicionistas e independentes— têm relatado que o foco será a possível interferência do presidente, em especial nas questões referentes à vacina e ao chamado "tratamento precoce", em particular com o uso da hidroxicloroquina, medicamento sem eficácia comprovada contra a Covid-19.

Esses senadores relatam que uma das perguntas mais repetidas será "isso foi decisão do senhor ou ordem superior?". A intenção é tentar saber se as medidas foram técnicas ou tiveram ordem direta de Bolsonaro, que adota uma postura negacionista desde o início da pandemia.

“Acho que vai ser necessário cobrar as posições, saber dos fatos, entender determinados posicionamentos e, por outro lado, saber as dificuldades que [o ministro] encontrou, o que o presidente interferiu que dificultou o processo de enfrentamento [da pandemia]”, afirmou o senador Humberto Costa (PT-PE).

Costa disse que ao menos dez perguntas já estão preparadas para Mandetta. As questões contemplam informações sobre testagem, "tratamento precoce" e a falta de utilização da atenção básica de saúde.

Posição semelhante tem o vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

“O que a gente quer saber do Mandetta e dos demais é quais ações ou omissões levaram ao agravamento da pandemia no Brasil. Isso será uma constante”, afirmou.

O dia mais aguardado pelos senadores da comissão, no entanto, é esta quarta-feira (5), quando acontecerá o depoimento do ex-ministro e general Eduardo Pazuello, o mais longevo titular da pasta durante a pandemia. Parlamentares já esperam uma “batalha” de oito a dez horas de duração. (com Folhapress)