ARTIGOS
A autonomia da política
Por TARCISIO PADILHA JUNIOR
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Publicado em 06/09/2021 às 15:00
Alterado em 06/09/2021 às 15:00
Os pactos devem
ser respeitados.
Máxima romana
Muitos conflitos entre grupos, que podem degenerar em violência, derivam do modo distorcido com que um grupo julga o outro. Geralmente recíproco, este juízo é mais forte quanto mais intensa a identificação entre indivíduo e grupo.
Para Hobbes, uma das razões da guerra de todos contra todos é a obstinação ou teimosia que perpetua as brigas, numa sucessão de golpes ou retaliações. Como, realmente, atravessar tamanha tempestade de sentimentos sem se alterar?
Como o lugar em que se explicita sobretudo a vontade de potência, a política brasileira atravessa uma grave crise. Considerando hierarquicamente superior o sistema político, parece encontrar poderoso argumento para condutas reprováveis.
A esfera da política é a das ações instrumentais, deve ser julgada com base na idoneidade para o alcance do fim.
Nos dias que correm, a política não pode ser simplesmente uma expressão de interesses negociados, ela deve ter legitimidade.
A clareza na definição de políticas públicas é pré-requisito essencial para o bom funcionamento das instituições. Se a informação permanece com a base do poder, sua natureza muda, ela não se acumula mais, seu valor é todo do intercâmbio.
Não obstante, grupos políticos se formam e se dissolvem em função da sua capacidade de abaixar os custos das transações.
Como simples processo operacional, regulando em bases funcionais atividades humanas, arruína a autonomia da política.
Engenheiro, é autor de "Por Inteiro" (Multifoco, 2019)