ARTIGOS

Personagem da vida carioca

Por MAURO MAGALHÃES

Publicado em 29/07/2021 às 18:21

Alterado em 29/07/2021 às 18:22

Dono de um bom humor contagiante, o paulista Mário Saladini (1916-2009)- eterno atleta do remo, jornalista, deputado estadual pelo Rio de Janeiro - recebeu homenagem recente da Confraria Amigos da Barra.

A associação, integrada por um grupo de companheiros de grandes conversas, teve o prazer de compartilhar muitas histórias sobre a vida carioca, protagonizadas por Saladini.

Até pouco antes de morrer, em 2009, com mais de 90 anos, o querido ex-deputado estadual saía com os amigos para o tradicional Chopp das quartas-feiras, na Pizzaria Guanabara do Leblon (ou da Barra da Tijuca), onde ele morava.

Nos anos 40, Saladini fundou o Clube dos Cafajestes, com Carlinhos Niemeyer, Mariozinho de Oliveira e Ibrahim Sued.

Ele dizia que o segredo de se manter forte, com boa saúde, foi o fato de nunca ter fumado. E, de, sempre, ter praticado esportes.

Flamenguista doente, Mário Saladini remou no Flamengo, no início de sua juventude. Ia à praia, onde caminhava e jogava peteca. Viveu para ser feliz.

Filho de imigrantes italianos, Raquel e Ercole Enrico Saladini, virou nome de praça (Praça Mário Saladini), em 2010, através de projeto de lei do vereador Carlos Caiado, aprovado pela Câmara Municipal do Rio e sancionado pela Prefeitura.

A Praça Mário Saladini fica onde era a antiga Praça Seis, na Rua Oswaldo Paes, na Barra da Tijuca.
Alegre e amigo dos amigos, Saladini teve uma educação severa. Ficou órfão de pai, aos seis anos de idade. Depois de ter sido internado pela mãe em um orfanato, em São Paulo, foi acolhido por uma amiga da família, dona Elvira, que o tratou como filho (ele sempre contava essa história da dona Elvira).
Seu primeiro emprego, aos 12 anos, foi na Chapelaria Fulvia Norgante, no Largo do Arouche, em São Paulo. Também foi telefonista de um ponto de táxi.

Com as economias do que ganhou com esse trabalho, viajou para o Rio de Janeiro. Para encontrar-se com a mãe, que tinha vindo para a cidade antes, por motivo de tratamento de saúde.

Olga Navarro, irmã mais velha (10 anos a mais) de Mário Saladini, por parte de mãe, pagou os estudos do querido ex-deputado. A irmã de Saladini era atriz, adorava Jean Paul Sartre e era casada com o cubano Cabanas.

Ela incentivou o irmão a estudar no Colégio Militar (Saladini era da mesma turma do general João Figueiredo). Quando se formou, em 1934, foi trabalhar na "Gazeta de Notícias".
Aos 22 anos, foi nomeado inspetor de polícia e, depois, tesoureiro da Caixa Econômica Federal, em Niterói.

Foi diretor de Turismo e Certames do Estado da Guanabara. Trabalhou com Negrão de Lima.
Nessa época, ele viajou para Caracas, na Venezuela. E, comentou com amigos jornalistas que ficou impressionado com as casas das favelas de lá, que eram todas coloridas.

Dias depois dessa conversa, um dos amigos da imprensa publicou no "Diário Carioca" que Saladini queria pintar as favelas. Essa reportagem aumentou a popularidade de Saladini, que se elegeu deputado estadual. Ele foi reeleito várias vezes. Tinha um carisma incrível.

O lema da vida de Saladini era a amizade. Se estivesse vivo seria um excelente exemplo para os que vivem essa vida corrida de hoje.

*Empresário e ex-deputado.

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