MEIO AMBIENTE

Artistas pedem para Biden não assinar acordo ambiental com Bolsonaro

Carta cobra negociações com a sociedade civil e povos indígenas

Por Jornal do Brasil
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Publicado em 21/04/2021 às 19:09

Alterado em 21/04/2021 às 19:09

Protesto de indígenas contra políticas do governo Bolsonaro Foto: Epa

Um grupo de artistas internacionais divulgou nessa terça-feira (20) uma carta pedindo para o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, não assinar acordos ambientais com o governo de Jair Bolsonaro.

A iniciativa dá sequência a uma campanha semelhante lançada na semana passada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e que cobra a Casa Branca a não firmar acordos "a portas fechadas" com o Palácio do Planalto.

"Compartilhamos suas preocupações de que ações urgentes devem ser tomadas para enfrentar as ameaças à Amazônia, ao nosso clima e aos direitos humanos, mas um acordo com Bolsonaro não é a solução. Encorajamos você [Biden] a continuar o diálogo com povos indígenas e comunidades tradicionais da Bacia Amazônica, com governos subnacionais e a sociedade civil, que têm soluções e desenvolveram propostas para sua consideração, antes de anunciar quaisquer compromissos ou liberar quaisquer fundos", diz a carta.

Entre os signatários estão os atores Leonardo DiCaprio, Joaquin Phoenix, Orlando Bloom, Mark Ruffalo, Jane Fonda, Sonia Braga e Wagner Moura, a cantora Katy Perry e os músicos Roger Waters, Gilberto Gil e Caetano Veloso.

Bolsonaro negocia com os EUA um acordo para obter financiamentos para proteger a Floresta Amazônica e chegou a prometer a eliminação do desmatamento ilegal no Brasil até 2030, compromisso inédito em seu mandato.

No entanto, os Estados Unidos já indicaram que só devem liberar recursos após o governo brasileiro apresentar resultados concretos. No poder desde janeiro, Biden vai organizar uma cúpula de líderes para discutir a crise climática em 22 e 23 de abril, e espera-se que a Amazônia, maior floresta tropical do mundo, seja um dos temas em pauta.

Em março, o desmatamento no bioma atingiu o maior valor em 10 anos, com 810 quilômetros quadrados de vegetação destruídos, um aumento de 216% em relação ao mesmo período de 2020, segundo o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

"Desde que Bolsonaro assumiu o cargo, em janeiro de 2019, a legislação ambiental foi sistematicamente enfraquecida e as taxas de desmatamento triplicaram. As terras indígenas, que são as mais protegidas da Amazônia, foram invadidas, desmatadas e queimadas impunemente. Os direitos dos povos indígenas, guardiões da floresta, foram violados por Bolsonaro e seu governo", afirma a carta dos artistas. (com agência Ansa)