ARTIGOS

2023, lá vamos nós!

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Por RICARDO A. FERNANDES, [email protected]
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Publicado em 25/02/2021 às 19:14

Alterado em 26/02/2021 às 12:36

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Cara leitora, caro leitor. Você já imaginou o que nos espera em 2022? Não me refiro à política. Pois, para o ano que vem, o inqualificável da república e sua trupe já vêm se preparando desde 2017, assim como seus adversários. Da mesma forma, nos estados, governadores e deputados articulam para manter as cadeiras ou ocupar uma mais larga. Falo do cotidiano, dos pequenos ou grandes problemas, prazeres, expectativas e situações que orientam a vida particular ou de pessoas próximas a nós.

Você sente falta de sair para tomar um chope gelado com amigos sem que a culpa de espalhar o vírus pese sobre seus ombros? Em 2019, seria inimaginável não poder ir ao cinema com os filhos. No máximo, pensaria duas vezes ao lembrar do preço da pipoca. Hoje, mesmo se pudesse, você dividiria o apoiador de braço com um estranho sentado na cadeira ao lado enquanto assiste à atuação da sua atriz ou ator favorito? E no segundo semestre? E em 2022?

Ano passado, as vendas das operadoras de turismo caíram mais de 50% se comparadas a 2019. São números da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), que calcula a perda de empregos no setor, entre diretos e indiretos, em torno de 1 milhão. O Turismo, que representou mais de 8% do PIB em 2019, deve voltar ao patamar pré-pandemia em 2023. Essa é a expectativa, ao menos para o turismo de lazer. Portanto, minha amiga, meu amigo, segura o rojão mais um pouco que 2023 promete.

Anos atrás, numa conferência do World Economic Forum em Davos, Suíça, executivos e estudiosos previram o acesso a tecnologias implantáveis. Isso em 2023. “Aparelhos não são mais apenas vestidos, mas também implantados em corpos, oferecendo comunicações, localização e monitoramento de comportamento...”, segundo os tais entendidos.

É aí que a coisa fica interessante. Você, com um chip implantado, digamos, no nariz, dá uma de Jeannie do seriado “Jeannie é um Gênio” – programa da década de 60 em que Jeannie, a feiticeira, move o nariz para fazer mágica – e pronto! O mundo é seu. O virtual e o real se complementam. Uma piscada, o mundo real. Duas, as imagens da internet ao alcance do olhar.

Duas piscadas, “Google, chope no bar com os amigos”. E lá está você, com o Zeca e o Tonhão, tomando umas sem precisar esperar a vaga na mesa ao lado. Na volta, nada de blitz policial. É só pagar a conta e “Google, voltar para casa”. “Google, Taiti”. E seu pé balança nas águas verdes, o horizonte azul à frente. Fantástico! Sessão de cinema em família? “Google, cinema 3D duas inteiras duas meias duas pipocas grandes quatro refrigerantes 500 ml”. Google: “Saldo insuficiente”.

Gostou? O pessoal de Davos não brinca em serviço: “Dispositivos implantados provavelmente também vão ajudar a comunicar pensamentos normalmente expressados verbalmente... assim como pensamentos ou humores potencialmente não expressos ao ler ondas cerebrais e outros sinais.” Legal! Fim da burrice, preguiça autorizada. Raciocínios monossilábicos devem ganhar espaço na net.

A comunicação de “pensamentos ou humores potencialmente não expressos” causa alguma preocupação. Seria algo como “Google, destruição da humanidade modo ON”. Fora isso, olha que mundo maravilhoso nos espera daqui a dois anos.

Escolha bem sua operadora. Se bobear, já sai da loja chipado. Você só tem de se preocupar em pagar a conta do celular, mais nada. Agora, cuidado! Se faltar dinheiro no mês e atrasar o pagamento, peça emprestado nem que seja ao ex-cônjuge. Telemarketing, Atendimento ao Consumidor, Anatel? Isso é só para os fortes. Dê seus pulos, se vire, mas não atrase o boleto. Caso contrário, desligam você.
Até 2023!

Publicitário, escritor e membro da União Brasileira de Escritores-SP.