BRASIL

Sem acordo: Brasil não comprará spray nasal desenvolvido por Israel

O Itamaraty admitiu que a viagem da comitiva brasileira à Israel não resultou em um acordo de aquisição do spray nasal contra a covid-19

Por Jornal do Brasil

Publicado em 14/05/2021 às 18:38

Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu (à esquerda), e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) em cerimônia em Jerusalém, 15 de dezembro de 2019 AFP 2021 / GIL Cohen-Magen

A viagem, liderada pelo então ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo, também não obteve sucesso para o compartilhamento de tecnologias de combate à pandemia. As informações estão em documento enviado pelo Itamaraty à bancada do Psol na Câmara dos Deputados, divulgado nesta sexta-feira (14).

De acordo com as informações fornecidas pelo ministério, o termo de cooperação sobre o spray nasal não foi finalizado porque o Ministério da Saúde não assinou o documento, escreve o portal Poder 360. Na carta de intenções, é possível ver que Araújo assinou o texto, assim como um representante de Israel.

"O projeto da carta não teve sua celebração completada, uma vez que não foi assinada pelo representante do Ministério da Saúde [do Brasil] e não chegou à troca de instrumentos entre os signatários, conforme prática de negociações internacionais", diz o documento, que é assinado pelo atual ministro das Relações Exteriores, Carlos França.

Os dados do Itamaraty afirmam que a viagem era planejada desde maio de 2020. Contudo, todas as informações sobre esta viagem foram colocadas sob sigilo. São 24 telegramas em sigilo por cinco anos, ou seja, até 2026; e outros quatro por 15 anos, até 2036.

Os motivos para o sigilo não são informados. A classificação de nove dos 28 documentos como sigilosa foi realizada no dia ou depois do pedido de informações pelo Psol, feito em 16 de março.

Logo depois da viagem, o governo brasileiro exaltou as propriedades do spray nasal. O medicamento foi desenvolvido pelo governo de Israel e que foi brevemente testado em pacientes que faziam tratamento contra a covid-19 em um hospital do país.

A comitiva de dez pessoas do governo federal foi para Israel em 6 de março para negociar o compartilhamento de tecnologias de combate à pandemia e o spray nasal Exo-CD 24.

Ao chegar no país, a equipe ficou confinada em um hotel e só pôde sair para ocasiões previamente agendadas. Em Israel, na época, havia um rígido controle de quem entrava no país, obrigando visitantes a realizar quarentena de sete dias.(com agência Sputnik Brasil)