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'Violência política é agora um fato frequente e aterrador na vida americana', afirma 'Washington Post'

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Por JB INTERNACIONAL
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Publicado em 12/09/2025 às 07:49

Alterado em 12/09/2025 às 07:49

Apoiadores republicanos fazem vigília na porta da Turning Point, organização fundada por Vharlie Kirk, onde um memorial foi instalado Foto: Sputnik

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O assassinato de Charlie Kirk, um influencer político americano próximo ao presidente Donald Trump, soma-se a uma longa lista de casos recentes e históricos de ataques e assassinatos de figuras públicas nos Estados Unidos, relata o "The Wall Street Journal".

"É a evidência mais recente de que a violência política é agora um fato frequente e aterrador na vida americana", observa a publicação.

O veículo alerta que o assassinato de Kirk, de 31 anos, durante um discurso em um campus universitário, ameaça aprofundar ainda mais a divisão política no país, além de exacerbar a hostilidade existente entre republicanos e democratas.

Nesse sentido, o jornal observa que as ameaças contra figuras públicas nos Estados Unidos aumentaram consideravelmente no último ano. A publicação ainda destaca que o próprio Trump foi vítima de uma tentativa de assassinato durante um comício realizado em junho de 2024.

Além disso, a Polícia do Capitólio relatou um aumento nas ameaças contra membros do Congresso, suas famílias e funcionários, passando de menos de 4 mil em 2017 para quase 9,5 mil no ano passado. Juízes e promotores também se tornaram alvos, com as ameaças dobrando em apenas 12 meses.

Pistas do suspeito

Segundo Beau Mason, chefe do Departamento de Segurança Pública de Utah, nos EUA, o suspeito de atar Charlie Kirk deixou impressões palmares e uma marca de sapato.

As autoridades do estado norte-americano anunciaram que buscariam a pena de morte para o assassino.
Uma recompensa de US$ 100 mil (R$ 538,520) foi anunciada a quem enviar pistas do criminoso. O FBI pediu ainda a colaboração em uma plataforma para identificá-lo.

O FBI divulgou novas imagens de vídeo do suspeito do homicídio, mostrando-o correndo por um telhado, antes de saltar e desaparecer numa floresta próxima.

Por sua vez, a mídia estadunidense também divulgou um vídeo que alegadamente mostra o suspeito passando pela rua.

O assassinato do fundador da Turning Point USA, de 31 anos, provocou indignação e condenação generalizadas em todo o espectro político.

Tiro no pescoço

O influencer conservador Charlie Kirk foi assassinado na tarde de quarta-feira (10), durante uma palestra na Universidade de Utah Valley, no estado de Utah, Estados Unidos. Imagens que circulam nas redes sociais mostram o momento em que o trumpista é atingido por um tiro no pescoço.

Em vídeos do momento do ataque, é possível ver Kirk sentado palestrando quando é baleado. Equipes da Universidade de Utah Valley informaram que o analista político foi levado do local por seguranças particulares, mas não souberam dizer o estado de saúde do conservador.

"Ouvimos um tiro alto e forte, vi muito sangue saindo de Charlie, vi seu corpo meio que recuar e ficar mole, e todos caíram no chão", afirmou uma testemunha à NBC News.

Um suspeito de atirar em Kirk foi detido pela polícia, mas a Utah Valley pediu para que os estudantes ficassem em alerta ao longo do dia. Horas depois, as autoridades liberaram o homem e continuaram varreduras no campus em busca do atirador.

Segundo o diretor-geral do Departamento Federal de Investigação (FBI, na sigla em inglês), Kash Patel, um suspeito foi conduzido pelas autoridades e estava sob custódia, no entanto foi liberado após interrogatório.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, usou o site Truth Social para pedir orações para Kirk, um dos apoiadores mais conhecidos do líder republicano.

"Todos nós devemos rezar por Charlie Kirk, que foi baleado. Um cara incrível de cima a baixo. Que Deus o abençoe!"

Horas depois, Trump voltou ao site Truth Social para confirmar a morte de Kirk, a quem classificou como "lendário" e uma pessoa que entendia o coração da juventude norte-americana.

"O Grande, e até mesmo Lendário, Charlie Kirk está morto. Ninguém compreendia ou tinha o Coração da Juventude dos Estados Unidos da América melhor do que Charlie. Ele era amado e admirado por TODOS, especialmente por mim, e agora não está mais entre nós."

Outros nomes da política norte-americana, como o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, o secretário de Guerra do país, Pete Hegseth, o governador da Califórnia, Gavin Newson, o presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, e até mesmo o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, também se manifestaram sobre o ataque ao analista político.

Quem era Charlie Kirk
Kirk, de 31 anos, fundou a Turning Point USA, organização que mobiliza jovens conversadores em campus universitários ao redor dos EUA. Alinhado ao trumpismo, o analista político discursou na convenção presidencial de 2024, poucos dias após a tentativa de assassinato a Trump.

Conhecido por suas visões polêmicas, Kirk possui milhões de seguidores nas redes sociais, utilizando seus perfis para promover ideias conservadoras e expandir a influência política entre os jovens.

Ele discursava regularmente contra os democratas, criticando sua política externa e insistindo que os Estados Unidos deveriam se concentrar em problemas internos, não em guerras no exterior.

Por exemplo, ele criticou a ajuda militar e financeira a Kiev, classificando Vladimir Zelensky como um "fantoche dos serviços especiais", e disse que o conflito ucraniano não era "da conta" dos EUA.

Quanto ao conflito israel-palestina, ele apoiou as ações militares de Israel e condenou o Hamas. Ele enfatizou que a diferença entre ambos é que enquanto a Ucrânia é um "conflito sem fim", Israel é uma "luta com um objetivo claro".

Kirk também alertou os EUA contra ir a uma guerra contra o Irã. "Nem os romanos conseguiram derrotar a Pérsia", comentou à época, devido ao grande tamanho do país. Ele alegou ainda que uma derrubada do governo iraniano causaria milhões de refugiados, desestabilizando a região.

O comentarista político era também um ávido defensor do direito ao porte de arma estabelecido na Constituição dos Estados Unidos.

"Vale a pena ter o custo de, infelizmente, algumas mortes por arma de fogo todos os anos para que possamos ter a Segunda Emenda", disse em um painel em agosto de 2023. (com Sputnik Brasil)

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