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Risco de trombose: Donald Trump é diagnosticado com insuficiência venosa crônica; saiba o que é a doença
Por JB INTERNACIONAL com Euronews
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Publicado em 18/07/2025 às 08:08
Alterado em 18/07/2025 às 08:19

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi diagnosticado com uma doença comum em adultos mais velhos que faz com que o sangue se acumule nas suas veias, informou a Casa Branca nessa quinta-feira (17). O diagnóstico foi feito depois de Trump ter sido examinado por causa de um "ligeiro inchaço" na parte inferior das pernas, disseram as autoridades.
Os exames da unidade médica da Casa Branca, segundo a secretária de imprensa Karoline Leavitt, revelaram que Trump tinha insuficiência venosa crónica, uma doença em que as pequenas válvulas no interior das veias que normalmente ajudam a mover o sangue contra a gravidade acabam por perder a capacidade de funcionar corretamente.
A secretária de imprensa também falou das nódoas negras nas costas da mão de Trump, vistas em fotografias recentes cobertas por maquiagem que não correspondia exatamente ao seu tom de pele, dizendo que eram "consistentes" com a irritação causada pelo seu "aperto de mão frequente e pelo uso de aspirina".
De acordo com Leavitt, a divulgação do exame médico de Trump tem como objetivo dissipar as recentes especulações sobre a saúde do presidente de 79 anos. Diz-se que Trump está tomando aspirina para reduzir o risco de ataque cardíaco e derrame.
Leavitt não disse quando Trump notou pela primeira vez o inchaço na parte inferior das pernas.
Relatório médico de abril não revelou o diagnóstico
Em abril, Trump fez um exame físico completo com mais de uma dúzia de médicos especialistas, o que levou à publicação de um relatório de três páginas que não incluía a constatação de insuficiência venosa crónica.
Na altura, o médico de Trump, Sean Barbabella, determinou que as articulações e os músculos do presidente tinham uma amplitude de movimentos completa, com um fluxo sanguíneo normal e sem inchaço.
Como parte dos cuidados médicos de rotina do presidente e por uma "abundância de cautela", a secretária de imprensa da Casa Branca disse que Trump fez um "exame abrangente" que incluiu testes vasculares, das extremidades inferiores e de ultrassom.
Leavitt, lendo uma carta, referiu que a insuficiência venosa crónica é uma doença benigna, comum em pessoas com mais de 70 anos.
Procurou dissipar as preocupações sobre a saúde de Trump, dizendo que os exames do presidente não revelaram qualquer indício de trombose venosa profunda, uma doença mais grave em que se forma um coágulo de sangue numa ou mais veias profundas do corpo, normalmente nas pernas. Não há evidência de doença arterial, explicou.
Leavitt disse que a doença não estava a causar qualquer desconforto ao presidente. Não quis avançar como estava a ser tratada a doença e sugeriu que esses detalhes estariam na carta do médico, que mais tarde foi divulgada ao público. Mas a carta era igual à que ela leu e não incluía quaisquer pormenores adicionais.
Anahita Dua, uma cirurgiã vascular do hospital Mass General Brigham que nunca tratou Trump, disse que não há cura para a insuficiência venosa crónica.
"A grande maioria das pessoas, provavelmente incluindo o nosso presidente, tem uma forma ligeira a moderada da doença", disse Dua.
O que é a doença
O site "Tua Saúde" informa o que é a insuficiência venal crônica:
"A insuficiência venosa crônica é o mau funcionamento das válvulas existentes nas veias das pernas, dificultando o retorno do sangue dos membros inferiores para o coração, resultando em sintomas como inchaço nas pernas, sensação de peso, queimação ou formigamento, ou cãibras à noite.
A insuficiência venosa crônica é mais frequente em mulheres e idosos, podendo surgir devido a defeitos congênitos nas válvulas, alterações ou lesões na parede dos vasos sanguíneos das pernas, podendo ainda estar associada à obstrução do fluxo venoso.
O tratamento da insuficiência venosa crônica depende da gravidade da doença, podendo ser indicado pelo clínico geral, angiologista ou cirurgião vascular a administração de remédios, uso de meias de compressão e, em alguns casos, cirurgia.
Sintomas
Inchaço nas pernas, pés ou tornozelos;
Sensação de peso nas pernas;
Sensação de pernas cansadas;
Formigamento;
Maior sensibilidade na região;
Dor ou sensação de pernas latejando;
Dor nas pernas que piora ao ficar em pé ou sentado por muito tempo;
Dor que melhora com o repouso e elevação das pernas;
Coceira nas pernas;
Sensação de queimação nas pernas;
Cãibras nas pernas, especialmente à noite.
Além disso, alguns sinais característicos da insuficiência venosa crônica são o aparecimento de vasinhos, varizes, inchaço e manchas escuras nas pernas.
Nos casos mais graves ainda podem surgir sintomas como veias dilatadas nas pernas, atrofia ou lesão grave na pele, ou formação de úlceras, especialmente na parte interna do osso do tornozelo.
Como confirmar o diagnóstico
O diagnóstico da insuficiência venosa crônica é feito pelo angiologista ou clínico geral através da avaliação dos sintomas, histórico de saúde e familiar, fatores de risco, duração dos sintomas e exame físico.
Além disso, o médico pode solicitar o exame de ultrassom com Doppler, que é o principal método de avaliação após o exame clínico, pois permite detectar o mau funcionamento das válvulas venosas ou a obstrução crônica.
Outros exames que o médico pode solicitar são a pletismografia venosa, que permite avaliar o refluxo de sangue dentro do vaso sanguíneo, ou até ressonância magnética, de forma a descartar outras condições com sintomas semelhantes, como linfedema, dermatite por estase ou veias varicosas, por exemplo.
Quando ainda existe dúvida no diagnóstico, o médico pode ainda solicitar o exame de flebografia, que é uma espécie de raio X que permite a visualização das veias após a injeção de um contraste.
Possíveis causas
A insuficiência venosa é causada pelo mau funcionamento das válvulas que estão presentes ao longo das veias, que são responsáveis pelo retorno do sangue de volta ao coração, podendo ainda estar associada à obstrução do fluxo venoso.
Alguns fatores podem aumentar o risco de desenvolvimento da insuficiência venosa crônica, como:
Defeito congênito nas válvulas dos vasos sanguíneos das pernas;
Alterações ou lesões na parede dos vasos sanguíneos das pernas;
Gênero, sendo mais comum em mulheres;
Idade avançada;
Histórico de trombose venosa profunda;
Gravidez;
Uso de anticoncepcionais orais;
Obesidade;
Hábito de fumar;
Permanência por longos períodos de pé;
Sedentarismo;
Histórico familiar de insuficiência venosa crônica;
Histórico prévio de trauma na perna afetada;
Histórico de tromboflebite;
Síndrome de May-Thurner, que causa obstrução não-trombótica nos vasos.
Em pessoas com insuficiência venosa, as válvulas perdem a capacidade de fechar completamente, permitindo o refluxo do sangue venoso para as extremidades, levando a um aumento de pressão nas pernas, resultando nos sintomas.
Como é feito o tratamento
O tratamento da insuficiência venosa crônica deve ser feito com orientação do angiologista, clínico geral ou cirurgião vascular, e depende da gravidade da doença.
Meias de compressão ou elásticas, que previnem ou reduzem o inchaço das pernas e melhoram o retorno venoso. Saiba como funcionam as meias de compressão;
Remédios venotônicos, como a diosmina e hesperidina, principalmente para o alívio dos sintomas e diminuição do processo inflamatório das válvulas;
Antibióticos, no caso de infecções ou úlceras na pele;
Anticoagulantes, para prevenir a formação de coágulos nos vasos sanguíneos;
Terapia a laser, para remover as varizes das pernas;
Escleroterapia, caso a pessoa tenha vasinhos ou varizes;
Cirurgia, caso tenha varizes, de forma a impedir a evolução da doença.
Além disso, pode ser recomendado pelo médico a prática de exercícios físicos com orientação de um educador físico, como caminhada, pois ajuda a melhorar a circulação sanguínea, além de facilitar a perda de peso.
Tem cura?
A insuficiência venosa crônica tem cura, quando realizados os tratamentos recomendados pelo médico, no entanto, depende de cada caso e da sua causa.
Em alguns casos, a insuficiência venosa crônica pode não ter cura, mas os sintomas podem ser aliviados e tratados para evitar complicações da doença.
Cuidados
Alguns cuidados são importantes durante o tratamento da insuficiência venosa crônica, como:
Evitar permanecer muitas horas de pé;
Sentar e deitar com as pernas elevadas, para facilitar o fluxo sanguíneo;
Evitar ficar muito tempo em locais quentes;
Evitar um estilo de vida sedentário. Saiba como sair do sedentarismo;
Evitar exposição solar prolongada, banhos muito quentes ou saunas;
Evitar o uso de sapatos de salto ou muito rasos;
Evitar ou parar de fumar;
Reduzir a ingestão de sal na alimentação;
Manter o peso saudável.
Esses cuidados ajudam a prevenir ou aliviar os sintomas e a impedir o agravamento da doença.
Possíveis complicações
A insuficiência venosa crônica quando não tratada adequadamente pode causar algumas complicações, como tromboflebite, embolia pulmonar, dor crônica ou trombose venosa profunda.
Além disso, outra complicação é o desenvolvimento de úlceras na pele, especialmente no maléolo medial, que é a parte interna do osso do tornozelo."