Não surpreende a decisão do governo brasileiro de cancelar o encontro preparatório para a Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (Cop 25) que aconteceria em Salvador (BA) no mês de agosto. Aliás, nada decidido por esse antiministro do Meio Ambiente surpreende. Mas segue sendo lamentável para o país, que joga fora o protagonismo no setor.
E, pior ainda, quando a incontinência verbal - que parece ser a marca registrada da gestão -desrespeita os potenciais participantes e Ricardo Salles afirma que o encontro seria para “a turma ter oportunidade de fazer turismo em Salvador” e “comer acarajé".A edição latino-americana e caribenha da Semana do Clima organizada pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), foi para o Chile, que também realizará a COP 25, em dezembro, na capital Santiago.
A Semana Climática reúne representantes de governos municipais, estaduais e empresas de base tecnológica com projetos focados desde a redução da emissão de poluentes à agricultura sustentável.
A idiotia ideológica é cega, porém coerente com a decisão tomada na semana passada, quando cortou 96% dos R$11,8milhões que seriam aportados para a política nacional sobre mudança do clima. Com R$500mil em caixa nada pode ser feito.
Mas ao ficar fora do centro da discussão climática o país perderá muito mais do que os R$11,3milhões que supostamente economizará com os cortes na área (dá pra entender Paulo Guedes?). A liderança no setor garantiria espaços em segmentos como o agropecuário, tecnológico, energético, turístico, por exemplo. Esses no longo prazo. Mas também no curto. Somente a expectativa de público na Cop 25 no Brasil era de 30 mil pessoas, entre elas chefes de Estados, empresários, cientistas e especialistas em geral.
O aquecimento global não é mimimi. Não é papo de cientista para ganhar bolsa de estudos, como já foi dito. Falta, no entanto, o antiministro e seu governo entenderem que o clima está esquentando e não é no óleo do acarajé. É no derretimento das geleiras, nas enchentes, nos furacões, em todos os eventos extremos sinalizados pela natureza.