NAS QUADRAS
Botão de Pânico?
Por PEDRO RODRIGUES
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Publicado em 22/09/2025 às 08:09
Alterado em 22/09/2025 às 12:49
Dee Bost teve bons momentos na decepcionante campanha do Fla pela Fiba Intercontinental Cup 2025 Foto: @FIBAIC
O Flamengo começou a temporada 2025/2026 do outro lado do mundo. Ao vencer a edição 2025 da BCLA (relembre aqui), o time da Gávea, automaticamente, se classificou para o Fiba Intercontinental Cup, o mais próximo que temos no mundo FIBA de um campeonato mundial.
Foi com um time em formação, com apenas dois jogos amistosos, que o Flamengo chegou na competição, e o resultado não foi o esperado pela torcida: quarto lugar com duas derrotas e uma vitória (na prorrogação). Claro que não era a expectativa, a previsão era pelo menos ir para final contra o Unicaja da Espanha, e fica uma ponta de desconfiança por parte da torcida pelo futuro do time.
Porém, temos que encarar o cenário e os dois lados dessa campanha. O cenário dessa competição precisa ser racionalizado. O Fiba Intercontinental Cup é um torneio que já teve diversas versões, e hoje se tem “pitadas” daquelas SuperCopas do futebol com tons de mundial de clubes da FIFA. Ele abre a temporada para os clubes que vencem suas competições continentais e, mesmo que não tenha o prestígio de antes, vale como um bom incentivo para começar bem a temporada.
O Flamengo tentou adaptar o planejamento de todas as formas, já que tinha jogadores envolvidos na Americup, contratações e reposições urgentes do elenco (mais sobre isso à frente). Com um time ainda em formação, o rubro-negro embarcou para Singapura, com escala na Espanha para dois jogos treinos, 106 a 86 para o Burgos e 84 a 79 para o San Sebastian. A estreia, na quinta (18) contra o combinado da NBA G-League United, a liga de desenvolvimento da NBA, ocorreu apenas no terceiro período do jogo. Nos dois primeiros quartos, o time da Gávea não esteve bem e sofreu com desentrosamento e um problema crônico no garrafão. Com uma cesta no final do jogo do armador Feron Hunt, o time de Sérgio Hernandez perdeu por 93 a 91.
Confira os melhores momentos de Flamengo e G-League United.
No jogo seguinte, ocorrido na sexta (19), o Flamengo tinha que vencer o bicho-papão do grupo, o campeão australiano Illawarra Hawks. Além de vencer, o Flamengo tinha que fazer um bom saldo de cesta para chegar à final no domingo (21). Coube a Alexey Borges (22 pontos) e a cesta da vitória na prorrogação, 84 a 82, manter viva a esperança do Flamengo.
Melhores momentos de Flamengo e Illawara Hawks
Não deu. No sábado (20), a partida entre o G-League United e Hawks contou com a vitória dos Americanos, 100 a 94, que se classificaram para a final contra o Unicaja. Restou ao Flamengo lutar pelo terceiro lugar contra o campeão do continente Africano, o Alahi SC da Líbia. O jogo ficou equilibrado até os momentos finais, quando a defesa rubro-negra não foi bem e o veterano Porto Riquenho Ismael Romero (18 pontos) deu números finais a partida, 91 a 82.
Disputa do 3º lugar entre Alahi SC e Flamengo
“Depois de uma derrota que poderia nos render uma medalha, claro que ficamos tristes, decepcionados.” comentou o técnico Sergio Hernandez após a disputa do terceiro lugar. O técnico comentou ainda que “queria dar uma primeira alegria a sua torcida apaixonada, não conseguimos, mas vamos buscar todas as outras”.
Derrotas complicam qualquer trabalho. Quando se fala de Flamengo, mais ainda. Cabe à diretoria e à competente comissão técnica entender bem as lições dessa competição. De positivo, está claro que a base com Alexey, Deodato, Kaio, Jhonatan e Shaq Johnson Sr. compete muito bem. Os melhores momentos do time na competição foram quando, pelo menos, 3 ou 4 desses jogadores estavam em quadra.
Porém, o problema da temporada passada persiste. O garrafão do Flamengo, a posição 5, o famoso pivô, continua problemático. Perder Ruan Miranda por lesão foi uma bomba na formação do elenco e pretensões do Fla. Dos que chegaram, Wesley Castro, que veio do Franca, é um bom jogador, mas rende mais vindo do banco como uma válvula de escape. O reforço Markeith Cumming fez boas partidas, mas peca nos lances-livres e, estranhamente, Guilherme Hubner não foi aproveitado, dando espaço para o Eric Buckner, que chegou e já está de saída. Mais complicado é ver que o arquirrival Franca voa no Paulistão com o reforço de Cristiano Felício (ex-Flamengo).
Além do mais, perder Jordan Williams fez o Flamengo perder um capaz pontuador. Franco Baralle é o substituto natural e tem possibilidade de fazer uma excelente dupla com Alexey. Pena que sofreu um acidente e só volta em janeiro. Para fechar as contratações, tivemos bons momentos do armador Dee Bost, que tentou, mesmo não tendo todo aquele entrosamento com os companheiros.
Não é o caso do Flamengo apertar o botão de pânico. Não neste momento da temporada. Agora é dar tempo para o time, para treinar com todas as peças disponíveis e construir um entrosamento. Isso deve ser feito com o time completo. Por isso urge que o time feche com celeridade um pivô para o restante da temporada. Caso isso não aconteça, o botão de pânico será ativado mais rápido que a diretoria do Fla deseja.