NAS QUADRAS

Rei está morto. vida longa ao rei!

Por PEDRO RODRIGUES
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Publicado em 05/02/2025 às 16:10

Alterado em 05/02/2025 às 16:10

Los Angeles Lakers terá um novo reinado Foto: Bing Image Creator/Pedro Rodrigues

A NBA sofreu um abalo sísmico de proporções bíblicas na madrugada de sábado para domingo. Isso porque uma das maiores trocas e surpresas da história da liga aconteceu.

A troca tripla envolve o Dallas Mavericks, enviando Luka Doncic, Maxi Kleber e Markieff Morris para o Los Angeles Lakers. Em troca, o Lakers cede Anthony Davis, Max Christie e a escolha de primeira rodada do draft de 2029. Para atender questões salariais, o Utah Jazz recebe Jalen Hood-Schifino (dos Lakers), uma escolha de segunda rodada de 2025 do Clippers (via Mavs) e a própria escolha de segunda rodada de 2025 do Mavs.

Vamos tentar dar algum sentido a essa loucura. Trocar um jogador de 25 anos, entrando no auge da sua carreira, é algo inédito na NBA. Doncic esteve nos últimos cinco anos no primeiro time da liga, acabou de levar o Dallas às finais contra o Boston e é um talento geracional (médias da carreira: 28 pontos, 8 rebotes e 8 assistências). No entanto, há um custo. E um custo alto. São quase 100 milhões de dólares pelos próximos dois anos de contrato (US$ 45,9 milhões para 2025/26 e US$ 48,9 milhões para 2026/27), com possibilidade de assinar um supermax de US$ 345 milhões após o vencimento do contrato atual. Além disso, o Mavs tem preocupações com a forma física de Doncic, segundo o jornalista Tim McMahon, da ESPN. Esses dois fatores (dinheiro e condicionamento) são razões empresariais, não esportivas. Se a troca for confirmada por esses motivos, estará claro que os “ternos” tomaram conta do Dallas, pois a decisão parte de uma planilha, não de um conhecedor do jogo.

Um exemplo clássico dessa diferença foi quando Larry Bird machucou o dedo jogando baseball, e um scout do Celtics recomendou não selecioná-lo no draft. Red Auerbach, GM e presidente do Boston na época, pediu uma avaliação médica e conversou diretamente com Bird, que garantiu que ainda conseguia arremessar. Red ignorou os "ternos" e trouxe mais três títulos para o Boston Garden com Bird no comando. Isso é uma decisão esportiva. Pela velocidade e grandiosidade da troca, é evidente que foi uma decisão tomada de cima para baixo (“top-down”). Ou seja, um executivo bate a meta financeira do trimestre, enquanto os torcedores do Mavs perdem seu ídolo e a chance de um novo título.

Essa é uma decisão que dificilmente aconteceria se Mark Cuban ainda tivesse controle do Mavs. Ele vendeu 73% do time para os novos donos, Miriam Adelson e o casal Sivan e Patrick Dumont. Pelo visto, a Sra. Adelson e os Dumont não têm a mesma relação e proximidade que Cuban tinha com Doncic. Cuban, inclusive, está sendo bombardeado nas redes sociais pela troca.

Agora, indo para Los Angeles, o GM Rob Pelinka também conseguiu algo inédito na era LeBron James: pela primeira vez em sua carreira, o Lakers não ficará em ruínas quando LeBron sair. Isso aconteceu duas vezes com o Cavs e com o Miami. Essa é uma vitória importantíssima de Pelinka, que começa a montar o seu Lakers, já que recebeu o time com LeBron, uma contratação do então GM Magic Johnson. Agora, com Doncic, o Lakers tem uma superestrela que pode comandar a franquia por pelo menos 10 anos. A era do Lakers como veículo para recordes pessoais do Rei e abrigo para jovens aprendizes acabou. O lema em Los Angeles é aquele: O Rei está morto. vida longa ao Rei!

Enquanto isso, o comissário da NBA, Adam Silver, sorri de orelha a orelha. Depois de semanas com questionamentos sobre como “salvar a NBA”, ele recebe de presente Luka Doncic jogando no Los Angeles Lakers, tirando o “Tesouro” de um mercado pequeno como Dallas e ainda mantendo LeBron na liga. Para Adam Silver, o Natal chegou mais cedo.

O início da semana da trade deadline não poderia ser mais eletrizante. Como dizia o antigo slogan: I love this Game!

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