NAS QUADRAS
Vendendo sonho
Por PEDRO RODRIGUES
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Publicado em 20/08/2024 às 13:23
Alterado em 20/08/2024 às 13:23
Laranja mecânica, Dinamáquina, Bad Boys, Showtime… Estes foram apelidos de times clássicos. Daqueles que marcaram época. Para o basquete, o rótulo mais icônico, com certeza, é da seleção americana masculina: "The dream team" (Time dos sonhos).
Para quem acompanha basquete ou mesmo o público “leigo”, os americanos sempre foram a referência. Por mais que duvidemos por estas bandas aqui, essa mesma reverência que a seleção Brasileira de futebol tem mundo afora. O nome “dream team” surge mesmo em 1992 quando, pela primeira vez, os profissionais da NBA puderam participar dos Jogos Olímpicos de Barcelona. Nestes 32 anos que se passaram, o nome ficou mais por questões de marketing do que o time formado em quadra.
Explico: os Americanos continuaram levando para as disputas times fantásticos, como os times de 1996, 2008 e o de 2024. Mas o sonho mesmo foi conseguir juntar aquele grupo de jogadores em 1992, naquele exato momento no tempo. Aquele grupo tinha os dois jogadores responsáveis pelo nascimento da NBA moderna e o maior jogador de todos os tempos. Juntar Larry Bird, Magic Johnson e Michael Jordan era realmente um sonho. Bird, do alto dos seus 35 anos, tinha entregue o que pôde na temporada 91/92. Seu corpo estava debilitado depois de tantas batalhas. Magic estava aposentado devido ao diagnóstico de HIV positivo, e dependia de estudos médicos para voltar às quadras. E Michael Jordan tinha acabado de vencer o Portland de Clyde Drexler, no bicampeonato do Bulls.
Além das questões de lesão, médicas e cansaço, o time americano de 1992 tinha competitividade entre os jogadores. Sejamos francos. Esse time de 2024 estava claro que era o time do Lebron. Mesmo com Steph Curry e Kevin Durant. Em 1992, ainda existia a rivalidade entre Magic e Jordan pelo posto de maior de todos e pela derrota imposta pelo Bulls ao Lakers em 1991. Steph e Durant jogaram finais contra Lebron, mas rivais do tipo que se odeiam, isso eles não aparentam ser.
Por fim, o que foi mostrado em quadra. Enquanto em 1992 o time americano “passeou” no Pré-Olímpico e nas Olimpíadas, o de 2024 precisou dos superpoderes de Curry na final e de Durant na fase de grupos.
O “time dos sonhos” ficou em 1992. O legado está em quadra não só nos Estados Unidos, mas no mundo inteiro. Talvez seja hora da USA Basketball aposentar o apelido “dream team” e começar esse complicado ciclo olímpico de 2028 com expectativas mais realistas, e não mais vender sonhos.