NAS QUADRAS

O nosso dia

Por PEDRO RODRIGUES - [email protected]

Publicado em 14/07/2024 às 11:06

Alterado em 14/07/2024 às 11:06

. Imagem: Pedro Rodrigues

Agora que passou uma semana do sensacional feito da seleção brasileira (leia tudo sobre a classificação para a Olimpíada Paris 2024 aqui), podemos finalmente refletir sobre o que aconteceu em Riga, Letônia, e sobre o que esperar daqui para a frente. No curto prazo, temos a Olimpíada. Já a médio e longo prazos, é outra história.

Vamos ponto-a-ponto:

Classificação para a Olimpíada: Todos que acompanham a seleção brasileira de basquete, meio que inconscientemente sabiam que um dia seria o nosso dia. Pena que esse dia nunca chegava. Não foi nosso dia quando perdemos para a Argentina na Olimpíada do Rio em 2016, em jogo transmitido em TV aberta e tudo. Não foi nosso dia, quando perdemos para a Alemanha no pré-olímpico de Split, Croácia, em 2021, mesmo tendo a melhor campanha do torneio, com direito à vitória sobre a Croácia na semifinal. O nosso dia parecia não chegar. Pois ele chegou nesta partida contra a Letônia. Como um sonho, todas as expectativas positivas foram superadas com louvor. Tivemos Lucas Dias e Léo Meindl com atuações sólidas pela seleção, a explosão de Georginho com seu jogo multifacetado, e Bruno Caboclo mostrando que os anos de promessa ficaram para trás. O time não tem a rodagem e, com todo respeito, o talento da nossa geração “NBA” (Marquinhos, Varejão, Splitter, Nenê, Leandrinho, Alex), mas mostrou uma consistência e uma entrega de encher os olhos. Mostra que além de ter uma boa geração, uma seleção precisa de um pouco de sorte e planejamento para conseguir seus objetivos. Afinal, um dia ia chegar o nosso dia. Chegou em Riga, 7 de julho.

Sobrevivência da modalidade: não se enganem. O que estava em jogo neste pré-olimpico era a sobrevivência do basquete como modalidade no Brasil. Explico: o governo brasileiro realiza repasse das loterias federais para o esporte. Quanto melhor o resultado da modalidade, a “fatia” desse bolo cresce. Grande parte da receita da CBB está atrelada a esse repasse que é feito via COB. Com o feminino e o basquete 3x3 fora da Olimpíada, o time masculino era a última esperança para que a CBB conseguisse aumentar essa cota. A classificação deve aumentar a fatia da CBB e dá um alívio à confederação, que ainda busca um patrocinador master depois da saída, em janeiro, da empresa Galera.bet.

Além do importante repasse, nenhuma competição jogo das estrelas consegue a visibilidade de uma olimpíada. Está na hora do grande público brasileiro conhecer pela primeira vez esses jogadores. A CBB e a própria Liga Nacional de Basquete tem que aproveitar essa onda. Chegou a hora de publicar todos aqueles perfis, melhores momentos, entrevistas com os jogadores brasileiros. Além do digital, é real a possibilidade da transmissão dos jogos na TV aberta. A estreia contra os donos da casa, a França de Wembanyama, é no sábado, dia 27, na hora do almoço. Se vier com uma improvável vitória, então a coisa explode.

Estamos entre os 12 do campeonato mais competitivo de um esporte coletivo atualmente. Nenhum jogo é fácil. Esportivamente, o Brasil sabe que tem um teto. Se passarmos de fase como um dos dois melhores terceiros colocados, estamos no lucro. Até mesmo na derrota, podemos capitalizar. Sendo um times nesta situação, não é descartado um confronto contra o time americano com Lebron James.

A classificação acendeu uma luz no basquete nacional. Quase como um novo dia. Que esse novo dia seja igual ao 7 de julho em Riga.

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