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Os 7 legados capitais do 'seja bem-vindo, Ancelotti'

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Por DIOGO DURÃO
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Publicado em 26/02/2023 às 06:02

Alterado em 26/02/2023 às 11:58

Carlo Ancelotti com os brasileiros Vini Jr, Militão e Rodrygo, além do autríaco Alaba (2º a partir da direita), festejando mais um título do Real Madrid Reprodução/Instagram

Nesta semana, o Real Madrid goleou o Liverpool por 5 a 2, jogando fora de casa, pelo jogo de ida das oitavas de final da Champions League. O mais incrível é que mesmo perdendo 0-2, os merengues viraram a chave e com atuação de gala de Vinicius Júnior - 2 gols e melhor em campo - deixaram o avanço às quartas de final muitíssimo encaminhado. E se já havia motivos, segue a mais recente razão para concordarmos que Carlo Ancelotti é o melhor nome para assumir a Seleção Brasileira rumo ao ciclo da Copa do Mundo 2026.

 

1) O MAIS VITORIOSO

No futebol de clubes, raros são os que obtiveram tanto sucesso quanto o treinador italiano. Quando se fala em competições eliminatórias, ele é literalmente o maior vencedor: são 4 títulos da Liga dos Campeões. Ele também venceu outras quatro competições continentais, o que o torna o maior vencedor nesse tipo de torneio da UEFA. E como "bônus", também foi bicampeão como jogador, o que o torna, junto ao espanhol Paco Gento (ídolo do Real Madrid) o maior vencedor da Liga dos Campeões de todos os tempos. Se analisarmos o formato curto e o elevadíssimo nível de dificuldade das referidas competições europeias, encontraremos muitas similaridades com o da Copa do Mundo. Assim sendo, o italiano é um especialista no tipo de disputa que o Brasil mais precisa ter êxito.

 

2) CARREIRA CONSOLIDADA TAMBÉM COMO JOGADOR

Ancelotti tem 63 anos, mas começou sua jornada profissional como jogador em 1976, no Parma, clube italiano. Na época o futebol italiano era um dos mais fortes do mundo, processo que se acentuou na década de 80 e tornou o país - na opinião de muitos - o centro mais disputado do futebol mundial. Sua estreia foi na terceira divisão, onde se destacou e foi contratado pela Roma. Tornou-se ídolo com inúmeros títulos em 8 temporadas, depois se transferiu para o Milan (um gigante nacional) em 1987, onde também se tornou ídolo. Só não foi campeão da Copa do Mundo pela Itália em 1982 por conta de uma lesão no joelho que o tirou da convocação.

 

3) PROGRESSO GRADUAL COMO TÉCNICO

Contrariando o percurso de muitos ex-jogadores, especialmente na sua época, Ancelotti começou sua trajetória como treinador em um time de menor expressão. Fez sua primeira temporada conseguindo o acesso da 2ª para a 1ª divisão da Itália com a Reggiana, e depois emendou trabalhos memoráveis em Parma, Juventus, Milan, Chelsea (Inglaterra), Real Madrid (Espanha) e Bayern de Munique (Alemanha), totalizando 25 títulos. Assim, Ancelotti contabiliza atualmente 47 anos de futebol de alto nível, com resultados inquestionáveis em quatro países diferentes.

 

4) HÁBIL EM RELACIONAMENTO INTERPESSOAL E GESTÃO DE GRUPO

Sua vasta bagagem pode sustentar problemas internos e externos. Saberá se portar diante de variáveis e terá embasamento uma vez que alvo de questionamentos. Ancelotti tem notoriedade mais que suficiente para lidar com diversos tipos de pressão. Desde a tradicional e, às vezes, inoportuna feita pela volátil imprensa. Bem como aquelas que atletas renomados atribuem ao ambiente de seleção.

 

5) CONHECE E SABE EXTRAIR O MELHOR DOS BRASILEIROS

Vinicius Junior é, consensualmente, um dos melhores jogadores em atividade, e foi Ancelotti o maior responsável por colocá-lo neste patamar. Além do Vini, Rodrygo e Eder Militão fecham uma trinca Brazuca na engrenagem do atual Campeão da Champions. Aliás, isso não é nenhuma novidade para "Carletto", que já trabalhou com mais de 40 brasileiros, dentre eles: Ronaldo, Cafu, Kaká, Marcelo... E sempre rasgou elogios ao estilo de jogo característico dos nossos jogadores e impreterivelmente cobrado na seleção: a improvisação.

 

6) NÃO HÁ UNANIMIDADE ENTRE OS TÉCNICOS ATUANTES NO BRASIL

Entende-se que nenhum dos postulantes ao cargo esteja, de fato, credenciado integralmente. Nos últimos anos tivemos a disputa no topo de Palmeiras, Flamengo e Atlético-MG, mas nem mesmo o multicampeão Abel Ferreira conta com a confiança da maioria, além de adotar muitas vezes um estilo de jogo oposto ao que se espera da Seleção Brasileira. Cuca e Dorival Júnior pareciam fortes candidatos, mas o imediatismo e contextos em seus respectivos ex-clubes afetaram suas chances. Fernando Diniz, atualmente no Fluminense, também foi ventilado, mas esse enfrenta alta rejeição por boa parte dos envolvidos no futebol (incluindo a torcida), o que poderia trazer uma pressão extra à própria CBF.

 

7) ESTRATEGISTA COM AMPLA CAPACIDADE DE MUDAR O PANORAMA DE UMA PARTIDA

O técnico italiano dispõe de uma amostra gabaritada na elite do futebol, o europeu. Já deixou claro que seu saber não advém só do quesito montagem e preparação das equipes. Ele também faz ótimas leituras dos adversários e reage bem às contingências de um grande embate. São muitos anos duelando com outros gênios da prancheta (Pep Guardiola, José Mourinho, Jurgen Klopp etc). Tal acervo permite ao comandante um amplo dominó tático do jogo.

Tite, por exemplo, que a meu ver é um excelente técnico, pecou justamente nesse aspecto. Pois se manteve conservador em momentos decisivos. Esta dita ousadia na beira do campo não só cabe, como se faz necessária para o novo técnico da Seleção Brasileira de futebol.

A nós, torcedores, resta pensamento positivo para que Ancelotti e CBF firmem acordo e que a nossa seleção possa repaginar sua brilhante história no futebol internacional.


Meu agradecimento ao amigo Matheus Quelhas pela sugestão de pauta e relevantes contribuições.

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