ESPORTES

'Baile de favela' em Tóquio: Rebeca Andrade faz história

Brasileira conquista a medalha de prata na ginástica artística

Por JORNAL DO BRASIL, [email protected]
[email protected]

Publicado em 29/07/2021 às 10:14

Alterado em 29/07/2021 às 11:27

Rebeca Andrade tornou-se a primeira brasileira a ganhar medalha olímpica na ginástica artística Foto: Jonne Roriz/COB

A brasileira Rebeca Andrade se tornou nesta quinta-feira (29) a primeira brasileira a conquistar uma medalha na ginástica artística feminina dos Jogos Olímpicos. A atleta de 22 anos de idade ficou com a prata do individual geral em Tóquio, atrás apenas da americana Sunisa Lee.

No Centro de Ginástica Ariake, Rebeca somou 57,298 pontos, mas ficou atrás de Lee, que fez 57,433 pontos. O bronze foi conquistado pela russa Angelina Melnikova, com 57,199 pontos.

Simone Biles, grande estrela das Olimpíadas de Tóquio, que abriu mão do megaevento esportivo para cuidar da sua saúde mental, acompanhou as provas e até aplaudiu a brasileira.

Rebeca, que chegou aos Jogos depois de se recuperar de uma série de lesões, avançou para a final do individual na segunda posição, atrás somente de Biles. A ginasta brasileira teve atuações seguras nas provas e conseguiu se consagrar no solo ao som do funk "Baile de Favela".

Com a prata, Rebeca conseguiu se juntar aos medalhistas olímpicos brasileiros Arthur Zanetti, Diego Hypolito e Arthur Nory. No feminino, os melhores resultados da ginástica do país eram os quintos lugares de Daiane dos Santos no solo em 2004, na Grécia, e de Flavia Saraiva na trave em 2016, no Rio de Janeiro.

Além disso, a ginasta ajudou o Brasil a conquistar sua sétima medalha na atual edição das Olimpíadas, com um ouro, três pratas e três bronze.

Incentivada por tia

A brasileira Rebeca Andrade, 22 anos, se tornou nesta quinta-feira (29) a primeira ginasta da história do país a conquistar uma medalha olímpica. A prata no individual geral nos Jogos Olímpicos de Tóquio coroou uma carreira repleta de desafios e que só não teve um fim precoce por insistência da mãe, Rosa Santos.

Andrade nasceu na periferia de Guarulhos, em São Paulo, em uma família com mais sete irmãos. Por incentivo de uma tia, aos quatro anos, a menina entrou em um projeto social da prefeitura da cidade.

A atleta relatou, em diversas entrevistas, que a mãe e o irmão mais velho a levavam para os treinos, mas que por conta do pouco dinheiro que a família tinha, sua frequência não era a ideal e ela faltava muito.

Por conta do talento, sua treinadora, Keli Kitaura, propôs à família que Andrade ficasse na casa dela nos fins de semana, assim ela não perderia mais os treinamentos. Dona Rosa aceitou e sempre incentivou a filha a continuar no esporte.

Aos 9, outra mudança, dessa vez maior: ela foi convidada para ir ao centro da ginástica brasileira em Curitiba. Logo depois, foi contratada pelo Flamengo - clube que defende até hoje - e se mudou para o Rio de Janeiro.

O primeiro título profissional de Andrade foi com apenas 13 anos. Ela conquistou o Troféu Brasil de Ginástica Artística, em prova que tinha outros grandes nomes da ginástica brasileira como Jade Barbosa e Daniele Hypólito.

Em sua primeira prova internacional, em 2015, ela ficou em terceiro lugar nas paralelas assimétricas na Copa do Mundo de Ginástica, na Eslovênia.

Um outro problema enfrentado por Andrade, e que quase a fez desistir das competições, foi a quantidade de lesões graves sofridas. Não fosse pelas broncas da mãe, a ginasta teria abandonado o esporte.

Ela passou por três cirurgias no joelho, que demandaram longos tempos de recuperação e perdas de competições importantes, além de uma cirurgia no pé em 2015.

Em 2016, Andrade viralizou nas redes sociais por conta da apresentação de uma coreografia ao som de Beyoncé. Em Tóquio, não foi diferente. A mistura do clássico "Tocata e Fuga", de Johann Sebastian Bach, com "Baile de Favela", de MC João, viralizou e animou os brasileiros.

Agora, depois da vitória no individual geral, Andrade ainda disputará as finais individuais de salto - onde recebeu a maior nota nesta quinta-feira - no domingo (1º) e no solo na segunda-feira (2).(com agência Ansa)

Tags: