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Crise na Odontologia Franchising: A implosão da OdontoCompany após fusão controversa

Por INFORME ECONÔMICO
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Publicado em 12/05/2025 às 18:13

Alterado em 12/05/2025 às 18:13

. Foto: reprodução

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A OdontoCompany, até então considerada uma das maiores redes de franquias odontológicas da América Latina, está no centro de uma grave crise que coloca em xeque não apenas seu modelo de negócios, mas a saúde de milhares de pacientes e o futuro de centenas de empreendedores. Após uma polêmica fusão com duas marcas concorrentes, a rede enfrenta um colapso operacional sem precedentes.

O modelo de franquia adotado, que promete sucesso baseado na força da marca, tem se mostrado um sistema desequilibrado. Os franqueados são obrigados a pagar royalties brutos de 9% sobre o faturamento, além de taxas sobre compras de insumos — que devem ser adquiridos exclusivamente dos fornecedores indicados pela franqueadora. Esses fornecedores, por sua vez, garantem comissões vultuosas para a matriz, enquanto aumentam os custos para as clínicas.

Sistema de gestão falho e sem suporte

Mesmo com essa alta carga de taxas, a franqueadora não oferece um sistema de gestão eficiente. Pior: empurra aos franqueados a contratação de um sistema terceirizado, com custo adicional e sem real integração com a operação da franquia. Os relatórios financeiros (DREs) enviados são frequentemente imprecisos e destoam da realidade da operação, deixando os gestores no escuro sobre sua real situação financeira.

Infrações trabalhistas e fiscais

As denúncias vão além: há relatos consistentes de que a franqueadora orienta os franqueados a contratarem dentistas como pessoa jurídica, sem vínculo formal, em clara violação às normas trabalhistas. Além disso, circulam informações de que os franqueados seriam incentivados a adotar práticas de evasão fiscal, colocando os empresários em risco jurídico direto.

Saturação do mercado e colapso de unidades

A expansão desenfreada, sem qualquer estudo de viabilidade territorial, transformou diversas cidades em verdadeiros campos de batalha. Clínicas da rede são abertas em ruas vizinhas, sufocando a própria base de franqueados. Empreendedores — muitos deles investindo suas economias de uma vida — veem seus negócios naufragarem por falta de suporte, alta competição interna e uma gestão central que parece priorizar apenas o lucro da franqueadora.

Com o tempo, o cenário se agravou: clínicas fechadas, estruturas abandonadas, profissionais sem salário, franqueados endividados e milhares de pacientes lesados. Em algumas regiões, o colapso da operação gerou até mesmo um alerta para problemas de saúde pública, dada a interrupção de tratamentos e abandono de pacientes.

Fundador deixa o barco

Em meio ao caos, o fundador da rede teria iniciado a venda e encerramento de suas operações próprias, evidenciando uma possível tentativa de se desvincular de um modelo que se tornou insustentável. Enquanto os sócios majoritários seguem acumulando lucros milionários, estima-se que mais de 600 unidades podem fechar ainda em 2025, selando uma das maiores crises da história do franchising brasileiro.

Uma franquia ou apenas uma marca?

Diante de tantos problemas, especialistas já questionam: a OdontoCompany ainda pode ser considerada uma franquia real, ou tornou-se apenas uma licença de uso de marca? Sem operação consolidada, sem suporte, sem compliance e sem sustentabilidade financeira para os franqueados, o modelo parece ter implodido — deixando para trás um rastro de sonhos destruídos e um passivo de proporções alarmantes.

A situação exige resposta urgente dos órgãos reguladores, do Conselho Federal de Odontologia e do Ministério Público. Afinal, o que está em jogo não é apenas a sobrevivência de empresários, mas a saúde de milhares de brasileiros.

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