EMPRESAS E NOVOS NEGÓCIOS

Franquia ou negócio próprio? O que faz mais sentido para o varejo em 2025–2027

Por CLAUDIO PARENTE

Publicado em 25/09/2025 às 20:59

Alterado em 25/09/2025 às 21:02

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2025 começa com um cenário de inflação mais comportada, juros ainda altos porém em queda gradual e um consumidor exigente, que compara preços e valor percebido a cada compra. Para quem empreende no varejo de pequeno e médio porte, a decisão entre abrir uma franquia ou desenvolver um negócio próprio não é só de gosto: é de método, risco e caixa. Em poucas palavras, franquia entrega um caminho mais claro de execução, enquanto o negócio autoral dá liberdade para criar diferenciais locais — e, com eles, potencial de margem. A escolha certa nasce do seu perfil como operador, do capital disponível e da disciplina para seguir processos ou construir e liderar a execução dos seus.

A franquia costuma fazer mais sentido quando o empreendedor busca encurtar a curva de aprendizado e capturar a força de uma marca que já foi testada. Os benefícios são tangíveis: playbook de operação, fornecedores homologados, marketing estruturado, tecnologia integrada e suporte na escolha do ponto. Em troca, há custos recorrentes (royalties e fundo de marketing) e menor autonomia para inventar cardápios, mix ou campanhas. O segredo é olhar além do encanto da marca: peça a DRE média por loja, entenda o capital de giro necessário, simule três cenários (base, estressado e otimista), converse com franqueados atuais e egressos e leia o contrato com lupa — taxas, exclusividade territorial, metas, auditorias, prazos e cláusulas de saída. Franquia é execução disciplinada: dá certo quando o franqueado segue o manual e domina indicadores da operação, porém é fundamental pesquisar previamente sobre as entregas da franqueadora, que muitas vezes não possuem bom histórico de suporte ao franqueado – e isso faz toda a diferença, acredite!

Negócio próprio é o caminho da autoria e pode ser especialmente vantajoso em mercados de nicho, bairros com identidade forte ou quando você tem um “saber fazer” que o diferencia. A recompensa potencial está na autonomia para testar preços, mix, canais e experiência; a conta vem na construção da marca do zero, no custo para adquirir clientes e na necessidade de criar processos que funcionem fora da sua presença física. Para reduzir risco, comece pequeno: pilote em um ponto ou formato mais leve (quiosque, container, pop-up), meça CAC, ticket médio, giro de estoque, margem de contribuição e ponto de equilíbrio. Se a tese fechar, padronize antes de escalar. Negócio autoral premia quem trata criatividade com método — e que aceita ajustar rápido o que o cliente não validou.

Custos e riscos pedem realismo. Com a taxa básica cedendo devagar, o crédito tende a melhorar, mas capital de giro continua caro para quem erra. Planeje o CAPEX com 10%–15% de folga para imprevistos, negocie aluguel com gatilhos de desempenho, principalmente no início do contrato onde a necessidade de capital de giro tende a ser maior, cuide de meios de pagamento (Pix e carteiras digitais reduzem custo e fricção), integre o online ao físico (catálogo, entrega, retirada) e blinde a operação com processos simples de inventário e caixa. Fique atento à transição tributária a partir de 2026 (CBS/IBS): cadastros de produtos, classificação correta e sistemas prontos para créditos serão decisivos para não perder margem. Em ambos os caminhos, o risco número um é subcapitalização; o número dois é ponto inadequado; o número três é ignorar dados do dia a dia.

E onde estão as melhores janelas para 2025–2027? No varejo de proximidade que resolve o “aqui e agora” com ticket acessível: alimentação rápida e consistente, bem-estar e estética com proposta clara de valor, pet care, casa e manutenção, serviços automotivos, educação profissional de curta duração e conveniência. Em franquias, busque marcas com unit economics comprovado fora das capitais e suporte forte ao franqueado iniciante. Em negócios próprios, procure nichos locais pouco servidos e crie um serviço que vire hábito. Em qualquer rota, discipline-se: entre onde você pode operar pessoalmente nos primeiros meses, reserve caixa para 6 a 9 meses de operação, ajuste preços com base em dados e só pense em segunda unidade depois que a primeira pagar seu próprio investimento. E lembre-se que este texto é informativo e não substitui aconselhamento financeiro individual.

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