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Personalidade de mídia muda de opinião e defende o Bitcoin

Reprodução -
Adam Curry
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Adam Curry, famoso empresário de internet e personalidade de mídia nos Estados Unidos, mudou de opinião sobre o Bitcoin. Curry foi convidado para o programa “The Joe Rogan Experience”, do comediante do mesmo nome, onde falou sobre criptomoedas e o sistema financeiro global.

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Adam Curry (Foto: Reprodução)

Curry foi uma das primeiras celebridades a saber criar e administrar websites pessoalmente, no início dos anos 90. Chegou a ser processado pela MTV, para a qual trabalhou enquanto VJ, por ter registrado o domínio MTV.com, pretendendo ser a voz não oficial do canal. Desde então, lançou diversas empresas, sobre tecnologia e outros setores (como serviços de helicóptero), tanto nos Estados Unidos como na Holanda. O empresário viveu por 15 anos naquele país europeu, em sua juventude, e mantém uma forte ligação com os Países Baixos.

Curry foi por bastante tempo crítico do Bitcoin e cético quanto as suas possibilidades futuras. Sua mudança de opinião é vista como uma grande surpresa. 

Por que a mudança de ideia 

Foi o próprio Curry que trouxe o tema do Bitcoin para a conversa com Joe Rogan, sem iniciativa deste. Segundo o empresário, a criptomoeda está se assumindo como reserva de valor. A instabilidade do sistema financeiro, que se vem verificando de forma mais ou menos acentuada desde 2008, abre espaço para soluções de estabilidade. E o Bitcoin é uma delas.

Curry acrescentou que essa instabilidade do sistema financeiro não deriva só de problemas macroeconômicos. Ela vem também da própria dinâmica da tecnologia. As grandes companhias financeiras do Vale do Silício, na Califórnia, estão buscando maneira de competir com o Federal Reserve (o banco central dos Estados Unidos) pelo fornecimento do serviço de manuseio do dinheiro.

Como é óbvio, o Federal Reserve tem o monopólio do papel moeda. Mas se as tecnologias conseguirem criar algo que seja mais confiável que o papel moeda, poderão competir. As pessoas quererão utilizar esse algo, em vez do papel moeda. Na prática, o Bitcoin já está oferecendo esse serviço, e não surpreende que plataformas como o Bitcoin Up estejam crescendo.

Além disso, Curry alertou contra um “apocalipse” que se aproxima, e deixou o aviso: nesse apocalipse, toda a gente vai precisar de um BTC. 

O efeito Nike no valor do Bitcoin 

As economias da Europa e da América do Norte foram especialmente mais atingidas por uma súbita parada durante o mês de março. Nesses dias, especulava-se que a recuperação seria “em V”, ou seja, caindo rapidamente e recuperando rapidamente também. Depois temeu-se que fosse “em W”, caindo, recuperando e tornando a cair.

Seis meses depois, a curva da atividade econômica de vários países vem mostrando o “efeito Nike”: os gráficos mostram uma curva que se parece com o logotipo da famosa marca de calçado esportivo – e também, vagamente, com o símbolo de raiz quadrada. A designação referente ao símbolo da marca é mais adequada, pois implica uma queda súbita e uma recuperação lenta mas sustentada.

O efeito Nike é o que de mais positivo se pode encontrar na evolução das economias mundiais; nem todas o conseguiram. No mesmo sentido, nem todos os ativos conseguiram uma recuperação tão rápida e sustentada nos mercados financeiros mundiais. Mas o certo é que o Bitcoin veio recuperando até já conseguir ultrapassar o valor que apresentava no início de março. Passado o susto, o mercado parece estar mesmo reconhecendo o valor da criptomoeda como reserva de valor. 

Apocalipse? 

Adam Curry é conhecido por declarações sensacionalistas e, em parte, construiu sua carreira com base nelas. No momento atual é fácil compreender suas palavras sobre um apocalipse. O mundo ocidental (Europa e Américas) está vivendo um momento de enorme polarização política, atravessando o interior de cada sociedade, como não se via há quase um século. Notícias em torno de questões climáticas só vêm acrescentar a essa preocupação. O cenário global de 2020 é favorável a esse tipo de especulação.

Ainda que ela possa ser exagerada, é certo que tem vários fatores contribuindo para a flutuação e instabilidade das moedas fiduciárias, incluindo as de maior referência como o dólar e o euro. Para sociedades e economias habituadas aos efeitos de desvalorizações, parece fazer ainda mais sentido a ideia de buscar alternativas que sirvam como reservas de valor. 

Que mais além do Bitcoin?

Joe Rogan questionou ainda seu convidado sobre se teria alternativas sérias em outras criptomoedas, mas Curry insistiu no papel central do Bitcoin. O empresário falou que o BTC serve de referência para todas as outras, tal como o dólar vem fazendo há longas décadas para as restantes moedas mundiais. Além disso, o Bitcoin já está aí há tempo suficiente para provar que não pode ser manipulado – tal como foi previsto por seus criadores, que o desenvolveram com o objetivo expresso de evitar manipulações por autoridades financeiras ou outras. No mais, o próprio dólar veio perdendo parte de seu valor nos últimos 12 anos e continua sujeito a desvalorização, com mais impressão de papel-moeda, o que não acontece com a criptomoeda.

Samuel Teles é economista

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