ECONOMIA
Soja: EUA podem perder ainda mais compradores com retaliação tarifária da UE
Por ECONOMIA JB com Agência Estado
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Publicado em 10/04/2025 às 08:44
Alterado em 10/04/2025 às 08:44

Produtores de soja dos Estados Unidos podem enfrentar ainda mais dificuldades, agora que a União Europeia, seguindo os passos da China, planeja impor tarifas sobre produtos agrícolas norte-americanos, incluindo a soja.
A UE aprovou nessa quarta (9) suas primeiras medidas de retaliação em resposta às tarifas do presidente Donald Trump, com novas tarifas sobre produtos americanos no valor de 21 bilhões de euros (US$ 23 bilhões). Segundo o Wall Street Journal a soja está entre os alvos da medida.
Isso pode deixar os produtores americanos com ainda menos compradores em potencial, tendo em vista que a China, o maior importador mundial de soja, já anunciou tarifas de 84% sobre os produtos dos EUA e suspendeu autorizações de importação de algumas empresas americanas, interrompendo efetivamente os embarques de soja para o país.
As vendas para a China representavam mais da metade das exportações de soja dos EUA em 2023. Já a União Europeia era o segundo maior mercado, absorvendo 13% do total, seguida por México, Japão, Indonésia e Taiwan.
Durante a guerra comercial entre EUA e China em 2018, Pequim reduziu em 75% suas compras de soja americana. No entanto, outros parceiros comerciais como UE, México e Taiwan aumentaram suas importações, o que ajudou a compensar em parte as perdas com a China.
Naquele ano, a UE quase dobrou suas importações de soja americana, passando de US$ 1,6 bilhão em 2017 para US$ 3 bilhões em 2018, absorvendo boa parte do excedente. Ao mesmo tempo, a China passou a importar mais do Brasil.
Se as novas tarifas da UE forem implementadas, é provável que as exportações de soja dos EUA para o bloco diminuam. E será mais difícil para outros países absorverem esse excedente, especialmente num momento de incerteza econômica global e temor de recessão, o que pode enfraquecer a demanda.
A situação se complica ainda mais com a perspectiva de uma safra recorde no Brasil - maior produtor mundial de soja. O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) estima que o país produzirá 169 milhões de toneladas na safra 2024/25, um aumento de 10% em relação ao ano anterior. Isso deve atrair ainda mais compradores para a soja brasileira, reduzindo o apelo da americana.
Ontem, Trump anunciou uma pausa de 90 dias nas tarifas recíprocas, que ficarão em 10% durante esse período. Isso vai beneficiar o Japão, que enfrentava uma tarifa de 24%, além de Indonésia e Taiwan, ambas ameaçadas com uma tarifa de 32%. Os três países terão, por enquanto, a tarifa reduzida de 10%.
Enquanto isso, a tarifa sobre produtos chineses foi elevada de 104% para 125%. México e Canadá não foram afetados pelas novas medidas - ambos estão sujeitos a uma tarifa de 25%, mas produtos cobertos pelo Acordo EUA-México-Canadá (USMCA) continuam isentos.
Indonésia e Taiwan afirmaram que não pretendem retaliar e buscam acordos mutuamente benéficos por meio de negociações. Taiwan, em particular, anunciou que pretende aumentar investimentos e compras de produtos dos EUA. O Japão ainda não anunciou medidas retaliatórias, mas o ministro do Comércio, Yoji Muto, disse que elas estão sendo consideradas. Fonte: Dow Jones Newswires.