ECONOMIA

Inflação é a maior para um mês de agosto desde 2002

IPCA-15 fica em 0,89%; no ano, o índice acumulou alta de 5,81% e, em 12 meses, de 9,30%, acima dos 8,59% observados nos 12 meses imediatamente anteriores

Por JORNAL DO BRASIL
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Publicado em 25/08/2021 às 10:15

Alterado em 25/08/2021 às 10:15

Grupo Habitação acelerou na passagem de agosto (0,10%) para setembro (0,60%), especialmente por conta da energia elétrica residencial, que subiu 0,78% Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) de agosto foi de 0,89%, ficando 0,17 ponto percentual acima da taxa de julho (0,72%). Essa foi a maior variação para um mês de agosto desde 2002, quando o índice foi de 1,00%. No ano, o índice acumulou alta de 5,81% e, em 12 meses, de 9,30%, acima dos 8,59% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em agosto de 2020, a variação havia sido de 0,23%.

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito tiveram alta de preços em agosto. O maior impacto (0,31 p.p.) e a maior variação (1,97%) vieram de Habitação. A segunda maior contribuição veio dos Transportes (1,11% e 0,23 p.p.), com variação próxima à do mês anterior (1,07%). Na sequência, veio Alimentação e bebidas (1,02%), cujo resultado ficou acima do IPCA-15 de julho (0,49%) e contribuiu com 0,21 p.p. no índice do mês. O grupo Saúde e cuidados pessoais (-0,29%), por sua vez, foi o único que apresentou queda em relação ao mês anterior e contribuiu com -0,04 p.p. para o índice geral. Os demais grupos ficaram entre o 0,19% de Comunicação e o 1,05% de Artigos de residência.

IPCA-15 - Grupos - Variação e Impacto
Grupo Variação (%) Impacto (p.p.)
Índice Geral 0,72 0,89 0,72 0,89
Alimentação e Bebidas 0,49 1,02 0,10 0,21
Habitação 2,14 1,97 0,33 0,31
Artigos de Residência 0,81 1,05 0,03 0,04
Vestuário 0,58 0,94 0,02 0,04
Transportes 1,07 1,11 0,22 0,23
Saúde e Cuidados Pessoais -0,24 -0,29 -0,03 -0,04
Despesas Pessoais 0,36 0,68 0,04 0,07
Educação 0,12 0,30 0,01 0,02
Comunicação -0,04 0,19 0,00 0,01
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços, Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor.

O resultado do grupo Habitação (1,97%) foi influenciado pela alta da energia elétrica (5,00%), que acelerou frente a julho (4,79%) e exerceu o maior impacto (0,23 p.p.) no IPCA-15 de agosto. A bandeira tarifária vermelha patamar 2 vigorou nos meses de julho e agosto, mas, a partir de 1º de julho, houve reajuste de 52% no valor adicional dessa bandeira tarifária, que passou a cobrar R$ 9,492 a cada 100 kWh. Antes, o acréscimo era de R$ 6,243.

Além disso, o resultado foi consequência dos reajustes tarifários de 8,92% em Belém (6,18%), a partir de 7 de agosto; de 11,38% em São Paulo (7,60%), a partir de 4 de julho, em uma das concessionárias; de 8,97% em Curitiba (4,78%), em 24 de junho; e 9,08% em Porto Alegre (6,88%), em 19 de junho, em uma das concessionárias, sendo que este reajuste não fora incorporado no IPCA-15 de julho e, por isso, foi captado totalmente no índice de agosto.

Ainda em Habitação, os preços do gás de botijão (3,79%) e do gás encanado (0,73%) também subiram. No subitem gás encanado, a alta decorreu do reajuste de 5,70% no Rio de Janeiro (2,40%) a partir de 1 de agosto. Destacou-se também a variação da taxa de água e esgoto (-0,49%), por conta da mudança na metodologia de cobrança das tarifas em Belo Horizonte (-6,40%), vigente desde 1º de agosto. Houve ainda influência residual do reajuste de 6,90% em Porto Alegre (1,84%), a partir de 1º de julho.

No grupo dos Transportes (1,11%), os preços dos combustíveis (2,02%) aceleraram em relação a julho (0,38%). A principal contribuição (0,12 p.p.) veio da gasolina (2,05%), cuja variação acumulada nos últimos 12 meses foi de 39,52%. Os preços do etanol (2,19%) e do óleo diesel (1,37%) também subiram, enquanto o gás veicular registrou queda de 0,51%.

Os veículos próprios, que haviam subido 0,73% em julho, tiveram alta de 1,06% em agosto. Os automóveis usados (2,58%), os automóveis novos (1,52%) e as motocicletas (0,27%) permaneceram em alta e contribuíram conjuntamente com 0,09 p.p. no índice do mês. Alguns produtos e serviços relacionados a estes subitens, como óleo lubrificante (1,68%), pneu (1,02%) e conserto de automóvel (0,37%), tiveram comportamento semelhante. A alta de 2,93% de pedágio foi influenciada por reajustes, a partir de 1º de julho, em São Paulo (3,70%) e em Curitiba (1,01%). Também houve redução de 10,00% em algumas praças de pedágio em Porto Alegre (-1,44%), a partir de 5 de agosto.

As passagens aéreas, que haviam subido 35,64% em julho, registraram queda de 10,90% em agosto. Ainda nos transportes públicos (-0,94%), o ônibus urbano subiu 0,24% em decorrência do reajuste de 5,49% nas tarifas em Porto Alegre (3,23%), a partir de 2 de julho. A alta de 0,57% do subitem ônibus intermunicipal foi influenciada pelo reajuste de 4,83% nas tarifas, também em Porto Alegre (5,46%), a partir de 1º de julho.

Em Alimentação e bebidas (1,02%), a alimentação no domicílio passou de 0,47% em julho para 1,29% em agosto. Contribuíram para essa aceleração as altas do tomate (16,06%), do frango em pedaços (4,48%), das frutas (2,07%) e do leite longa vida (2,07%). Por outro lado, houve queda nos preços da cebola (-6,46%), do feijão-preto (-4,04%) do arroz (-2,39%) e do feijão-carioca (-1,52%).

Na alimentação fora do domicílio (0,35%), o movimento foi inverso, influenciado pela desaceleração da refeição (0,10%), que havia registrado alta de 0,53% em junho. O subitem lanche subiu 0,75% no IPCA-15 de agosto.

A variação negativa do grupo Saúde e cuidados pessoais (-0,29%) foi influenciada pela queda nos preços dos itens de higiene pessoal (-0,67%). Também contribuíram para esse resultado os produtos farmacêuticos (-0,48%) e o plano de saúde (-0,11%).

Todas as dezesseis áreas pesquisadas apresentaram variação positiva. O menor resultado ocorreu em Belo Horizonte (0,40%), influenciado pela queda das passagens aéreas (-20,05%) e taxa de água e esgoto (-6,40%). Já a maior variação foi registrada em Goiânia (1,34%), onde pesaram as altas da gasolina (6,31%) e da energia elétrica (3,60%).

IPCA-15 - Variação nas regiões
Região Peso Regional (%) Variação Mensal (%) Variação Acumulada (%)
Julho Agosto Ano 12 meses
Goiânia 4,96 0,56 1,34 6,00 10,67
Curitiba 8,09 1,19 1,18 7,48 11,43
Brasília 4,84 0,38 1,05 5,17 8,27
Porto Alegre 8,61 0,84 1,01 6,68 10,37
São Paulo 33,45 0,74 0,96 5,25 8,64
Fortaleza 3,88 0,73 0,86 7,21 11,37
Salvador 7,19 0,74 0,85 5,74 8,31
Belém 4,46 0,76 0,85 6,19 9,85
Recife 4,71 0,86 0,76 6,72 9,88
Rio de Janeiro 9,77 0,52 0,67 4,97 7,93
Belo Horizonte 10,04 0,56 0,40 5,45 9,30
Brasil 100,00 0,72 0,89 5,81 9,30
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços, Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor.

Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados entre 14 de julho e 13 de agosto de 2021 (referência) e comparados aos vigentes de 15 de junho a 13 de julho de 2021 (base). O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia. A metodologia é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica. (com Agência IBGE)

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