O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

[email protected]

O OUTRO LADO DA MOEDA

Commodities desabam sem tarifas

Publicado em 24/11/2025 às 15:00

Alterado em 24/11/2025 às 18:18

.

A revogação do tarifaço extra de 40% sobre boa parte dos produtos exportados pelo Brasil aos Estados Unidos, mas que também atinge alguns outros países exportadores, provocou forte queda das cotações de commodities nas Bolsas de Mercadorias (Nymex e Chicago), nos Estados Unidos, e Londres, na Europa. O efeito da forte queda pode segurar a inflação no fim do ano e no primeiro trimestre nos EUA. Por isso, o Santander Brasil já considera possível a queda dos juros americanos em dezembro e janeiro, quando o piso cairia para 3,50%. Isso pode induzir o Banco Central a baixar a Selic em 28 de janeiro.

Mas o mercado financeiro não pensava assim na sexta-feira passada, quando o Banco Central colheu a Pesquisa Focus, divulgada hoje. Embora o mercado mostre confiança de que a taxa de inflação fecharia 2025 dentro do teto da meta (3,00%+ tolerância de 1,50%=4,50%), com o IPCA recuando de 4,46% para 4,45% (e 4,43% na mediana dos últimos cinco dias úteis, a mediana do mercado apostava na queda da Selic para 14,75%, mas a mediana das respostas dos últimos cinco dias indicou a manutenção da Selic em 15%.

Ou seja, o Banco Central vai acompanhar com muita atenção dos dados econômicos dos Estados Unidos e sua influência nos indicadores macroeconômicos brasileiros. Na quarta-feira, o IBGE divulga a prévia do IPCA de novembro (o IPCA-15). O IPCA cheio está sendo estimado entre 0,21 e 0,20%.

Para 2026 o IPCA é estimado em 4,18% (4,17% nas respostas de 5 dias), por isso, a projeção do mercado para a Selic em dezembro caiu de 12,25% para 12,00%.

As commodities do Brasil caem mais

O comportamento das commodities mostrou a importância do Brasil para a economia americana. Longe de ser um concorrente-problema, o Brasil tem uma pauta exportadora (pelo menos em produtos agropecuários) que complementa a economia americana.

Enquanto o ouro e o petróleo Brent para entre em fevereiro tiveram pequena alta no dia, mas o petróleo acumula forte baixa em um semana e em um mês (o que reduz a pressão interna sobre os preços dos combustíveis), os contratos do café, do suco de laranja, do cacau e das carnes tiveram fortes baixas com o mercado apostando em maior oferta com a retirada das tarifas de 40% retroativas a 13 de novembro.

Isso é outro fator a anular a temida especulação com preços no mercado interno a partir da abertura das porteiras dos EUA. Curiosamente, as maiores baixas vão impactar o café da manhã do americano. O suco de laranja para entrega em janeiro foi o que mais caiu (6,195 hoje, acumulando baixa de 30% em um mês). O café tem baixa de 7,54% no mês, o cacau cai 18,60% no mês e tanto o boi gordo (para entrega em dezembro) quanto o novilho, para entrega em janeiro, chegam a cair mais de 10% em um mês. Até a madeira serrada teve queda na expectativa da retirada das tarifas (ainda em negociação).


Deixe seu comentário