
O OUTRO LADO DA MOEDA
R$ 74 bilhões de juros em agosto; país deve R$ 8 trilhões
Publicado em 30/09/2025 às 15:12
Alterado em 30/09/2025 às 18:34

A Dívida Líquida do Setor Público (DLSP) atingiu R$ 8 trilhões em agosto, o equivalente a 64,2% do PIB, elevando-se 0,6 p.p. do PIB no mês. O resultado refletiu os impactos dos juros nominais de R$ R$ 74,3 bilhões apropriados no mês passado (+0,6 p.p., o maior peso), do déficit primário (+0,1 p.p.), da valorização cambial de 3,1% no mês (0,4 p.p.), do efeito da variação do PIB nominal (-0,4 p.p.) e dos demais ajustes da dívida externa líquida (-0,2 p.p.).
Sem contar os juros (como se fossem pouco) o resultado primário do setor público consolidado (receitas menos despesas) foi um déficit de R$ 17,3 bilhões em agosto, (-R$ 21,4 bilhões em agosto de 2024) O governo central teve déficit de R$ 15,9 bilhões, nos governos regionais o rombo foi de R$ 1,3 bilhão e nas empresas estatais, ficou em R$ 6 milhões. Em 12 meses, o setor público consolidado teve déficit primário de R$ 23,1 bilhões, 0,19% do PIB, contra -R$ 27,3 bilhões, 0,22% do PIB, nos 12 terminados em julho.
No acumulado em 12 meses até agosto, os juros nominais alcançaram R$ 946,5 bilhões (7,63% do PIB), contra R$ 855,0 bilhões (7,46% do PIB) nos 12 meses até agosto de 2024. Em agosto deste ano o resultado nominal do setor público consolidado, que inclui o resultado primário e os juros nominais apropriados, foi deficitário em R$ 91,5 bilhões. No acumulado em 12 meses, o déficit nominal alcançou R$ 969,6 bilhões (7,81% do PIB), ante déficit nominal de R$ 968,5 bilhões (7,85% do PIB) em julho de 2025.
Dívida bruta ronda os R$ 1º trilhões
A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) que compreende o governo federal, o INSS e os governos estaduais e municipais – atingiu 77,5% do PIB (R$ 9,6 trilhões) em agosto de 2025, mesmo percentual do PIB registrado no mês anterior. Essa evolução no mês foi decorrente, sobretudo, dos juros nominais apropriados (+0,8 p.p.), dos resgates líquidos de dívida (-0,2 p.p.), do efeito da valorização cambial (-0,1 p.p.) e da variação do PIB nominal (-0,5 p.p.).
No ano, a DBGG elevou-se 1,0 p.p. do PIB, em função, principalmente, da incorporação de juros nominais (+5,9 p.p.), do crescimento do PIB nominal (-4,1 p.p.), do efeito da valorização cambial (-0,5 p.p.) e dos resgates líquidos de dívida (-0,3 p.p.).
Cada ponto na Selic custa R$ 59,8 bilhões
Segundo o Banco Central, ao fim de 12 meses, cada aumento de um ponto percentual na taxa Selic (que está em 15% desde 20 de junho de 2025 e aumentou 4,50 pontos de percentagem desde maio de 2024), representa um acréscimo de R$ 59,8 bilhões nos custos da dívida. Ou seja, o esforço dos cortes de gastos de gastos do governo se torna inútil diante do endividamento em bola de neve.
Considerando a manutenção dos altos juros, o país pagou mais de R$ 599,937 bilhões em juros de janeiro a agosto deste ano. A conta foi menor que a do mesmo período do ano passado (R$ 603,856 bilhões) porque o Banco Central conseguiu uma economia de R$ 95,948 bilhões em relação aos gastos com juros no ano passada, quando a escalada do dólar deu prejuízo de R$ 124 bilhões nas operações de “swap cambial” no ano passado. Este ano, com a valorização do real (graças aos juros altos que atraem investidores estrangeiros), o BC teve ganho de R$ 29,056 bilhões.
O grande responsável pelo crescimento dos gastos com juros é o deficitário INSS. De janeiro a agosto deste ano, o déficit do regime geral de previdência social, que inclui os militares e servidores públicos, os maiores responsáveis pelo rombo, foi de R$ 265,359 bilhões (R$ 239,572 bilhões em igual período de 2024).