
O OUTRO LADO DA MOEDA
Indústria larga mal no 2º semestre
Publicado em 03/09/2025 às 18:01
Alterado em 03/09/2025 às 18:01
A Indústria largou no 2º semestre, com recuo de 0,2% em julho sobre junho, segundo o IBGE, com desempenho mais fraco do que o esperado pelo Itaú. Mas o Bradesco esperava recuo de 0,3%. A surpresa negativa veio principalmente do setor extrativo, enquanto a indústria de transformação contraiu 0,1% na margem (-0,9% a/a), enquanto a extrativa/mineração avançou 0,8% (+6,3% a/a). Além da atividade extrativa, a indústria de Alimentos desacelerou.
Os destaques positivos no mês ficaram com 'Bens intermediários' (+0,5%) e 'Bens de consumo semiduráveis e não duráveis' (+0,1%), enquanto 'Bens de consumo duráveis' (-0,5%) e 'Bens de capital' (-0,2%) registraram as maiores contrações. Entre os setores, 48% avançaram no mês, ante 60% em junho. Com o dado de hoje, o Itaú estima o carrego estatístico da indústria para o 3º trimestre de -0,4%, sendo -0,3% para manufatura e 0,0% para extrativa/mineração. O Itaú considera que “a indústria continua perdendo fôlego no 3º trimestre, e essa tendência deve persistir nos próximos meses”.
Já para o Bradesco, o resultado “pareceu bastante em linha com o que esperávamos, (...) com algumas categorias de peso inferiores, e uma leve surpresa na indústria extrativa, que basicamente explicou a diferença para pior. O banco notou que o setor industrial começa a apresentar um comportamento mais fraco, à frente dos demais setores, característico de desacelerações cíclicas da economia, reflexo da política monetária mais restritiva. O resultado “reforça a visão de uma atividade mais lateralizada nesse 2º semestre”.
'Os bancos centrais devem desconfiar do Fed'
Para os deputados e senadores que querem chantagear com a ameaça de demissão de diretores do Banco Central do Brasil verem como o abalo na independência da autoridade monetária traz consequências drásticas. Num seminário organizado em Frankfurt, sede do Bancoc Central alemão pela presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, diante das ameaças do presidente Trump de intervir no Federal Reserve (o banco central dos Estados Unidos) veio um sinal de alarme.
O economista Adam Posen, do Instituto Peterson de Economia Internaciona, disse hoje que “o Banco Central Europeu (BCE) e seus pares ao redor do mundo devem reunir suas reservas para garantir liquidez em dólares, já que a ajuda do Federal Reserve não é uma certeza devido aos ataques do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump”. Para ele, “não se deve presumir que um Fed politizado emprestaria dólares a bancos centrais estrangeiros em uma crise, como fez algumas vezes desde o colapso financeiro de 2007-2008”.
Ele recomendou que o BCE e seus pares fora dos Estados Unidos reunissem suas reservas em dólares para fornecer liquidez emergencial aos bancos nacionais, se necessário. Essa opção foi levantada pelos banqueiros centrais europeus a portas fechadas. "Seja reconhecido publicamente ou não, é preciso pensar em curto prazo sobre a junção alternativa de ativos, linhas de swap e dólares entre os principais bancos centrais e governos", disse Posen.
"Vocês terão que se unir a outros bancos centrais, e terão que começar a ser abertos... sobre ter linhas de swap alternativas", disse ele na conferência organizada pela presidente do BCE.
Ou seja, enquanto os operadores do mercado estão preocupados se o Fed baixará os juros de 0,25% ou 0,50% dia 17 de setembro, para estruturarem suas transações nos mercados futuros de juros, moedas, mercadorias e ações, os dirigentes dos Banco Centrais estão preocupados com mais um rompimento da ordem estabelecida nos mercados monetários pelos EUA. Se Trump abandona a OMC e aaa OMS, por que manteria os compromissos de Bretton Woods, de 1944?”, perguntam economistas que enxergam longe.
O alerta contribuiu para nova baixa do dólar frente ao euro, libra, iene e franco suíço, com alta de 0,96% no ouro. O real se beneficiou com o dólar cotado a R$ 5,4440. Com baixa de 0,39%, às 12;44 (horário de Brasília).
Na B3, apesar da notícia da “Folha de S. Paulo” de que as autoridades bancárias andaram consultando, há mais de uma semana, os bancos brasileiros sobre as providências contra os atingidos pela Lei Magnitsky, só as ações do BB, do BTG-Pactual e do Itaú tinham pequena baixa (o Ibovespa caía 0,34%). Os papéis do Bradesco e do Santander subiam.
'Jus sperniandi' no STF
Ouvir as alegações dos advogados de defesa no julgamento dos golpistas, à frente o ex-presidente Jair Bolsonaro, é um engraçado exercício da argumentação contra os fatos, o popular “jus sperniandi”. Ou a arte do esperneio.