
O OUTRO LADO DA MOEDA
PIB reduz de 1,3% para 0,4%; e tende a 0% no 2º semestre
Publicado em 02/09/2025 às 20:08
Alterado em 03/09/2025 às 17:16
O PIB cresceu 0,4% no 2º trimestre deste ano (2,2% na variação anual), pouco acima dos 0,3% esperados pela mediana do mercado, mas dentro da previsão do Bradesco e acima dos 0,2% no trimestre e dos 2,1% previstos pelo Itaú sobre o 2º trimestre de 2024, após subir 1,3% no primeiro trimestre (número revisado pelo IBGE, que antes apontara 1,4%), e 2,9% na variação anual.
A principal surpresa positiva em relação ao número do Itaú veio do setor de Serviços que pesa 59% no PIB (o banco previa 1,8% e deu 2,0% na base anual), enquanto Agricultura (6% do PIB) e Indústria (22% do PIB) vieram em linha com o projetado.
Do lado da oferta, a Agricultura ficou relativamente estável, -0,1% no trimestre (com ajuste sazonal) após alta de 10,1% no 1primeiro trimestre, enquanto os Serviços expandiram 0,6% e a Indústria (22% do PIB) +0,5% na variação trimestral.
Do lado da demanda, o consumo das famílias veio em linha com o esperado, mas mostrou alguma desaceleração em relação ao 1º trimestre desse ano (+0,5% na variação trimestral com ajuste sazonal, contra +1,0% no 1º período).
A formação bruta de capital fixo (FBCF) teve queda na margem (-2,2%), devolvendo parte da forte alta registrada no 1º trimestre, puxada pelas importações de plataformas de petróleo. Finalmente, as exportações avançaram 0,7% na margem, enquanto as importações recuaram 2,9% na mesma ótica. Pelas estimativas do Itaú, os estoques tiveram contribuição negativa.
OLM
A visão do Itaú - o resultado reforça “a expectativa de desaceleração gradual da atividade ao longo dos próximos trimestres. O avanço de serviços foi sustentado, sobretudo, pelos segmentos de informação e de intermediação financeira. O comércio, por sua vez, desacelerou para 0%. Em linha com esse quadro, o consumo das famílias perdeu fôlego, com expansão trimestral de 0,5% dessazonalizada, após alta de 1,0% no trimestre anterior.
Para o ano, o resultado do 2º trimestre em si sugere revisão marginal, mas os indicadores de alta frequência mais fracos no início do 3º trimestre introduzem leve viés de baixa para a projeção de PIB, atualmente em 2,2%.
A visão do Bradesco –“Após crescimento mais forte no 1º trimestre (1,3%), com contribuição bastante positiva da agropecuária, o trimestre passado mostrou desaceleração, como esperado, dado o nível restritivo da política monetária.
Aqueles segmentos mais cíclicos e dependentes dos juros mostraram desaceleração mais intensa no trimestre. A demanda doméstica, por exemplo, recuou 0,2% após alta de 1,2% nos primeiros três meses do ano. O consumo das famílias desacelerou de 1,0% para 0,5% no trimestre, enquanto o consumo do governo caiu 0,6%. Do lado dos investimentos, houve queda de 2,2%, enquanto as importações recuaram 2,9%.
No caso de investimentos e importações, o primeiro trimestre foi positivamente influenciado pela importação de uma plataforma de petróleo, mas mesmo sem esse efeito, houve desaceleração importante. Nas métricas interanuais, os componentes da demanda doméstica estão desacelerando desde o terceiro trimestre do ano passado.
PIB cresce 0% no 2º semestre e 2,1% no ano
Os impactos dos juros restritivos são cumulativos e, por isso, devemos ver continuidade desse processo de moderação da economia nos próximos trimestres. “Esperamos crescimento próximo de zero no 2º semestre”.
“Apesar de uma surpresa nos componentes exógenos, como Agropecuária e Indústria Extrativa, nossa expectativa de uma desaceleração da atividade no 2º trimestre puxada pelos componentes da demanda doméstica se confirmou”.
“Os dados mais recentes de moderação econômica corroboram nossa projeção de um arrefecimento da atividade no 2º semestre. Esperamos aumento de 2,1% do PIB em 2025”, conclui o Bradesco.