
O OUTRO LADO DA MOEDA
Focus: inflação cai, mas Selic continua em 15%
Publicado em 25/08/2025 às 16:28
Alterado em 25/08/2025 às 16:29
A Pesquisa Focus, colhida pelo Banco Central até sexta-feira e divulgada esta segunda-feira apontou queda, pela 13ª semana seguida, da inflação do IPCA e do dólar para dezembro de 2025. Há um mês a taxa esperada do dólar era de R$ 5,60, a taxa caiu para R$ 5,59 e as respostas dos últimos 5 dias úteis ficou em R$ 5,55. Já o IPCA desdeu de 5,09% (há 30 dias) para 4,95% e 4,86% na semana passada e para 4,84$ nas respostas dos últimos 5 dias úteis. O teto da meta de inflação é de (3,00% + tolerância de 1,50%=4,50%).
Mas o mercado continua apostando – mesmo depois do Federal Reserve ter anunciado que pode baixar os juros na reunião de 17 de setembro (coincidente com a reunião do Comitê de Política Monetária do Banco |Central) - que a Selic vai continuar em 15,00% ao ano até dezembro. Na Focus, a baixa seria apenas no primeiro trimestre de 2026, quando a Selic fecharia em 12,50%, mas cai para 12,38% na mediana das respostas dos últimos cinco dias (o IPCA de 2026 caiu para 4,41% e 4,33% nas respostas dos últimos cinco dias).
Bradesco prevê Selic de 14,50% este ano
Um dos poucos que já está prevendo queda da Selic ainda este ano é o Bradesco a taxa está prevista em 14,34% (o que seria menor que uma baixa de meio ponto até o fim do ano). Para 2026, o Bradesco projeta taxa de 11,75%. A projeção do Bradesco é importante porque o atual diretor de Política Monetária do Banco Central, Newton Davi, era diretor Tesoureiro do Bradesco até o fim do ano passado. Ele assumiu a Dipom em 1º de janeiro de 2025.
No mercado global de câmbio, as cotações do euro e da libra ante o dólar se ajustaram para baixo, com a interpretação de que o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, mostrou incerteza para baixar os juros. O euro caiu mais de 0,405 frente ao dólar. O dólar subiu 0,40% frente ao iene e o real valoriza, com o dólar cotado a R$ 5,4050, numa baixa de 0,31% do dólar. No sentido inverso, o contrato C do café para entrega em dezembro sobe mais de 3%, numa indicação de que os operadores não esperam a exclusão do café brasileiros das tarifas de 50%.
Bumerangue da BP pode ter o risco de Júpiter da Petrobras
No começo do mês, a britânica BP anunciou com grande alarde a sua maior descoberta em 25 anos. O campo Bumerangue fica na Bacia de Santos, a cerca de 400 quilômetros do Rio de Janeiro, e se estende por mais de 300 km2, uma área aproximadamente cinco vezes maior que Manhattan. A descoberta veio a calhar, paralisando o processo de fusão com a Shell, para melhor reavaliação do potencial do novo campo de petróleo e gás.
Entretanto, o ex-presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, um especialista em petróleo e energia lembra que a viabilidade do campo vai depender das análises sobre o teor de gás carbônico CO2 associado ao petróleo e gás. Em 2008, a Petrobras anunciou o campo gigante de Júpiter, na Bacia de Santos, cujos “resultados obtidos confirmam a excelente produtividade do poço, portador de óleo condensado de altíssimo valor agregado, com elevadas vazões, reforçando assim a potencialidade da área".
Em 2020, a estatal comentou que o fluido apresenta alta razão gás-óleo e elevado teor de CO2, exigindo aplicação de tecnologias inovadoras para a sua produção comercial. Por isso, as amostras de fluido coletadas no teste seriam usadas para validação da tecnologia HISEP (High Pressure Separation, ou separação em alta pressão), desenvolvida e patenteada pela Petrobras, com separação e reinjeção nas rochas reservatórios, por meio de equipamentos instalados no fundo do mar, do CO2 existente no petróleo produzido.
Cinco anos se passaram desde 2020 e 17 anos desde a descoberta e até agora Júpiter não se revelou – com a tecnologia disponível – um campo viável comercialmente. Uma luz no fim do túnel pode vir do contrato de arrendamento por quatro anos, pela Petrobras no valor R$ 3,2 bilhões, com a companhia de embarcações de apoio marítimo OceanPact para o afretamento de quatro navios do tipo RSVs, assinado há uma semana.
Os navios serão empregados em operações com veículos operados remotamente (ROVs) para inspeção de estruturas submarinas, manutenção preventiva e corretiva, instalação e remoção de equipamentos submarinos, entre outras atividades, nas unidades da Petrobras. As embarcações foram batizadas de Parcel do Bandolim, Parcel das Timbebas, Parcel das Paredes e Parcel dos Reis.