
O OUTRO LADO DA MOEDA
Itaú revisa inflação para baixo
Publicado em 15/08/2025 às 14:46
Alterado em 15/08/2025 às 14:46
“Pequenas revisões em ambiente ainda incerto”, com “real mais apreciado com cenário externo, diferencial de juros e algum alívio de tarifas”, este é o resumo da revisão do cenário macroeconômico de agosto, divulgado hoje pelo Itaú. O banco reduziu o câmbio de dezembro de 2025 e de 2026 de R$ 5,65 para R$ 5,50. Hoje, depois dos sinais de alta inflação nos Estados Unidos em julho – efeito do tarifaço, afinal – afastar a possibilidade de o Federal Reserve baixar os juros em até meio ponto em 17 de setembro, o dólar voltou a cair ante as principais moedas. No Brasil era cotado às 13 hs a R$ 5,3975, baixa de 0,33%.
Com o câmbio contido e a economia em desaceleração, o Itaú reduziu de 5,2% para 5,1% a previsão do IPCA deste ano; com 4,4% em 2026. Apesar do cenário mais benigno acredita que a Selic começará a baixar dos atuais 15% ao ano, no primeiro trimestre de 2026, para fechar o ano em 12,75%.
“Após semanas de incerteza em torno das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos ao Brasil, o anúncio em 30 de julho trouxe algum alívio. A extensa lista de isenções divulgada pelo governo americano – incluindo setores como suco de laranja, aviação e parte relevante das exportações de ferro e aço – reduziu o impacto esperado. Na prática, a tarifa efetiva deve ficar próxima de 30%, abaixo dos 40% inicialmente anunciados, o que diminui a pressão sobre o fluxo comercial com os EUA”.
“A projeção da taxa de câmbio caiu para R$/US$ 5,50 em 2025 e 2026, de R$/US$ 5,65 anteriormente. Com as tarifas sobre as exportações brasileiras para os EUA, o fluxo de dólares (por via comercial) deve diminuir, mas o impacto deve ser menor do que o esperado anteriormente. Isso, somado ao pano de fundo de um dólar mais fraco ao redor do mundo, ensejado por uma redução do excepcionalismo americano, e ao diferencial de juros elevado, deve continuar favorecendo o real. As incertezas fiscais e a deterioração das contas externas limitam cenários mais benignos para a moeda”.
O Itaú ajustou as estimativas do saldo da balança comercial de IS$ 71 bilhões para US$ 65 bilhões este ano e de US$ 74 bilhões para US$ 58 bilhões em 2026. Assim, o déficit em conta corrente aumentou para 3,0% e 3,1% do PIB em 2025 e 2026, respectivamente (de 2,6% e 2,4%), refletindo o impacto das tarifas, uma desaceleração mais lenta das importações e uma revisão estatística do Banco Central sobre a conta de rendas”.
PIB de 2,2% em 2025 e 11,5% em 2026
A atividade econômica vem desacelerando, com impulso monetário contracionista e impulso fiscal menor do que nos últimos anos. Por isso, o banco manteve a projeção de crescimento do PIB em 2,2% para 2025, com ligeiro viés baixista. Para 2026, manteve um viés altista na projeção de 1,5%.
Em relação ao mercado de trabalho, as estimativas para a taxa de desemprego permanecem em 6,4% para 2025 e 6,9% para 2026.
“Revisamos nossa projeção para o IPCA de 2025 de 5,2% para 5,1%, em função do câmbio mais apreciado, que deve impactar alimentos ainda nesse ano. Para 2026, mantivemos a projeção em 4,4%.
“Mantivemos as nossas projeções de resultado primário em -0,6% em 2025 e -0,9% em 2026. Apesar do cumprimento da meta de primário estar mais próximo em 2025 após majoração do IOF, o desafio segue elevado para o próximo ano. O Orçamento de 2026, a ser enviado ao final do mês, deve enfrentar ajuste necessário de 0,5% do PIB para garantir o cumprimento do limite inferior da meta oficial de 0,25%.
O spa do BB está só começando
Bancos que empurravam prejuízos com a barriga, postergando as provisões para perdas em operações de crédito e mantendo ganhos inflados em títulos em carteira (Tesouraria), tiveram de enfrentar a dura realidade da Resolução 4.966 do Conselho Monetário Nacional. O que mais sofreu perdas foi o Banco do Brasil, cujas operações do crédito rural e pessoas físicas (funcionários públicos federais) eram roladas habitualmente. O lucro líquido semestral ajustado encolheu 40,7% para R$ 11,158 bilhões. E o índice de inadimplência saltou de 3,00% em junho de 2024 para 4,21% em junho de 2025.
Decompondo os números, as provisões para devedores duvidosos (perdas) cresceram 45% no semestre, para R$ 28,441 bilhões (sobre o primeiro período de 2024). As receitas de Tesouraria, por sua vez, encolheram 32,7% para R$ 15,4-9 bilhões (menos R$ 7,432 bilhões). O resultado é que as despesas com captação cresceram 29,9% no semestre para R$ 44,739 bilhões.
O Spa do BB vai continuar ao longo de 2025 e o peso das renegociações no agro, em função dos tarifaços americanos (que atingem café e segmento de frutas, pescados e gado) vai continuar impactando, para pior, o balanço. Por isso o banco já deu o aviso aos investidores.