
O OUTRO LADO DA MOEDA
Vamos tomar café? Preço caiu
Publicado em 12/08/2025 às 14:37
Alterado em 12/08/2025 às 14:37

Com queda de 0,27% em Alimentos e Bebidas e baixa de 0,69% na Alimentação em domicílio, com destaque à primeira baixa do café (-1,01%), que ainda sobe 41,46% no ano, o IPCA de julho subiu 0,26%, abaixo das previsões do mercado (0,32% do Santander a 0,37%, da LCA 4 Intelligence). A taxa em 12 meses recuou de 5,35% em junho, a 5,23%, mas segue acima teto da meta de inflação do Banco Central (3,00%+ tolerância de 1,50%=4,50%).
Com a inflação comportada nos Estados Unidos (0,21% em julho), as expectativas de queda dos juros do Fed em 17 de setembro cresceram. Isso pode antecipar a queda da Selic de 10 de dezembro para 4 de novembro. Assim indicou a baixa dos juros no mercado futuro. A possível baixa nos juros americanos, que amplia o diferencial de juros para o investidor estrangeiro, gerou nova queda do dólar para R$ 5,4040 por volta do meio-dia, com baixa de 0,71%. Em sete dias uma queda de 1,95% e queda de 1,32% em 12 meses.
Impactos do tarifaço
O comportamento dos preços do café e das carnes em dólar nos EUA (os dois itens exportados pelo Brasil ficaram fora da lista de 694 itens isentos da sobretaxa de 40% nas tarifas - 50% no total), se houver pressão dos importadores junto ao governo Trump, pode ajudar a derrubar a inflação no Brasil. O Contrato tipo C do café brasileiro para entrega em setembro caía hoje 2% na bolsa de mercadorias de Nova Iorque (Nymex), mas ainda subia 9,56% em 30 dias (impacto das tarifas). Na carne, o boi gordo sobre 0,10% em dólar.
A baixa do dólar tende a provocar redução dos preços da carne e do café, os dois itens que lideram a alta de preços no Brasil: com queda de 0,30% em julho e -0,95%no ano, a carne está devolvendo este ano o forte aumento nos últimos três meses do ano passado (pelo empuxo da alta do dólar e mais exportações para a China e EUA). Por isso, em 12 meses a carne ainda sobe 23,34% e teve impacto de 0,50 ponto percentual na inflação de 5,23% em 12 meses.
O mercado americano concentra a compra de carne do dianteiro (o corte da pá caiu 0,66%, o da costela baixou 0,81% e o cupim (-1,26%). Mas nas carnes de primeira o filé mignon caiu 1,36%, o patinho 1,14%. Nos peixes, a tilápia (item taxado pelos EUA) a baixa foi de 2,05%. Os ovos caíram 2,43%.
A baixa mais acentuada foi nas frutas exportadas para o mercado americano, que perderam acesso com a nova tarifa. A manga caiu 1,08%, o maracujá --17,77% e o preço do açaí teve baixa de 5,22%. O café, que subiu 70,51% em 12 meses, pesa com 0,30 p.p. no IPCA em 12 meses. O terceiro item de alta, é a energia elétrica residencial, que subiu 3,04% em julho, acumula alta de 10,18% no ano e pesa 0,29 p.p. no IPCA em 12 meses, segundo o IBGE.
A inflação da especulação
A especulação com a demanda das férias fez subir os preços de vários itens no mercado de serviços. A mais notória foi a alta de 19,92% nas passagens aéreas, após 2,80% em junho. O volátil mercado de serviços concentrou as remarcações (0,40% em junho e 0,59% em julho). A alimentação fora, que subira 0,40% em junho, mais que dobrou o aumento, para 0,87%. As depilações subiram de 0,24% em junho, para 0,60% em julho, as sobrancelhas saltaram de 0,50% para 0,62%. Os serviços de “streaming, estáveis em junho, tiveram aumento de 0,99% nas férias de julho.
A amostra do IBGE ajuda a entender o excesso de ganância em Belém (PA).
A visão do Itaú
O Itaú, que esperava um IPCA de 0,34%, também foi surpreendido pelo comportamento baixista de “alimentação no domicílio e cuidados pessoais". O item fumo (+1,95%) veio acima das expectativas. Os núcleos, serviços subjacentes vieram em linha com as expectativas, enquanto industriais subjacentes vieram abaixo, puxados por higiene pessoal e vestuário (-0,54%).
Na média móvel de três meses, com dados dessazonalizados e anualizados, os serviços subjacentes desaceleraram para 6,1% (de 6,3%), enquanto o núcleo de industriais subjacentes desacelerou para 1,9% (de 3,5%). A média dos núcleos desacelerou para 4,1% (de 4,5%).
Para o Itaú, o dado de hoje veio melhor do que o esperado, tanto no índice cheio quanto no qualitativo. (...). Vale destacar que o preço de automóveis novos apresentou deflação (...), já refletindo o impacto da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados).