
O OUTRO LADO DA MOEDA
Copom: bancos avaliam quando Selic cai
Publicado em 05/08/2025 às 12:43
Alterado em 05/08/2025 às 12:43
O Banco Central publicou hoje a ata da reunião do Copom da semana passada, quando manteve a taxa básica inalterada em 15,00% ao ano, por unanimidade, interrompendo um ciclo de sete altas consecutivas que durou de setembro de 2024 a junho de 2025. O Comitê reforça que a taxa deve permanecer em patamar "significativamente contracionista por período bastante prolongado" e "não hesitará em retomar o ciclo" se julgar apropriado
Ao analisar a política comercial americana disse que ela “segue sendo fruto de incerteza para o cenário, em especial para o Brasil. Para o Copom, o aumento das tarifas de importação sobre produtos brasileiros deve ter “impactos setoriais relevantes”, no entanto, o efeito agregado ainda é incerto. A atividade econômica dá sinais de moderação. Na avaliação do BC, o mercado de crédito dá sinais mais evidentes de desaceleração. Em contrapartida, o mercado de trabalho ainda tem desempenho robusto. O Copom nota que esse descompasso entre setores e indicadores é usual em momentos de “inflexão do ciclo econômico”. E que o cenário está caminhando conforme o esperado e é compatível com o nível atual de juros.
A expectativa de inflação segue como uma preocupação para todos os membros do Comitê. Apesar da redução da expectativa de curto prazo, as expectativas longas permanecem desancoradas, exigindo uma taxa de juros elevada por mais tempo, de acordo com o BC. o Apesar das surpresas baixistas de inflação, os núcleos seguem acima do nível compatível com a meta. Depois de analisar a ata os dois maiores bancos privados tiraram conclusões diversas de quando a Selic começa a cair.
Bradesco vê queda em dezembro: “A ata reforça um tom cauteloso por parte do Banco Central. A comunicação atual indica que o Copom ainda quer mais tempo para concluir que o nível atual de juros é restritivo o suficiente para levar a inflação à meta. (...) com o desenrolar do cenário, o BC vai ganhar confiança na redução da inflação. Nosso cenário pressupõe de manutenção de juros em 15% até dezembro, quando haverá um corte de 0,5 p.p. para 14,5%– o cenário será reavaliado nos próximos dias”. O diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton Davi, era diretor de Tesouraria do Bradesco até o fim de 2024.
Para Itaú, queda só em 2026: “A ata do Copom divulgada hoje enfatizou, assim como o comunicado da semana passada, que a atividade econômica está perdendo fôlego em ritmo esperado, enquanto o mercado de trabalho ainda demonstra dinamismo. O documento também destaca a necessidade de cautela em um contexto de maior incerteza externa, sinais mistos dos indicadores econômicos e dúvidas sobre a evolução do mercado de crédito.
Nas expectativas de inflação, a ata menciona, pela primeira vez, a recente queda nas medidas de inflação implícita, mas observa que as expectativas de inflação da pesquisa Focus para horizontes mais longos não sofreram alterações significativas.
De modo geral, parece que o comitê está ganhando confiança na desaceleração da economia, conforme suas expectativas, e, portanto, não vê necessidade de ajustar sua visão sobre a taxa de juros. Seguimos projetando que o Copom manterá a Selic inalterada em 15% até o final do ano, iniciando um ciclo modesto de afrouxamento monetário no primeiro trimestre de 2026”.
Nos EUA, Trump quer trocar o termômetro
Depois de demitir o diretor do Bureau de Estatísticas do Trabalho (BSL) – o IBGE americano que coleta dados da inflação e do crescimento da economia, orientando o Federal Reserve a balizar a política monetária -, o presidente Donald Trump disse à CNBC que está considerando quatro candidatos à presidência do Fed, em maio de 2026, quando termina o mandato de Jerome Powell, incluindo Kevin Hasset, diretor do Conselho Econômico Nacional, e Kevin Warsh, ex-dirigente do Fed.
Ele já ameaçou demitir Powell antes do fim do mandato e quer que Powell baixe os juros para neutralizar o tranco negativo que o tarifaço está causando na economia. Por sinal, até aqui, o tarifaço parcial não evitou o déficit de US$ 62 bilhões na balança comercial dos Estados Unidos em junho.
Na entrevista, ele descartou a possibilidade de indicar para o cargo o Secretário do Tesouro, Scott Bessent, dizendo que ele se sente feliz no Tesouro. O comentarista-chefe de Economia do “Wall Street Journal” criticou o presidente Trump e disse que o relatório de empregos mostra a economia “estagnada”.
Na volta do Congresso a prisão de Bolsonaro
No Congresso, que retomará as atividades hoje, a prisão de Bolsonaro acirrará os ânimos da oposição bolsonarista e da base governista mais à esquerda. A dúvida é saber para onde penderão a maioria do centrão os presidentes das duas Casas, Hugo Motta e David Alcolumbre. O vice-presidente da Mesa da câmara, deputado Altineu Côrtes (PL-RJ) [espero que não seja parente] já disse que se Motta se ausentar do país, porá o projeto da anistia em votação.
Por enquanto, nem a maioria do centrão nem Motta e Alcolumbre parecem dispostos a apoiar a pauta bolsonarista da anistia ampla geral e irrestrita a Bolsonaro e, menos ainda, de impeachment de Alexandre de Moraes. Mas, a situação pode mudar, a depender do efeito da prisão sobre a opinião pública em geral.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que fez ligação do trio elétrico da Praia de Copacabana no domingo para o pai, Jair, que estava em casa, disse que erro dele ter passado a gravação para as redes sociais, infringindo as proibições de Moraes, motivo pelo qual o relator do processo dos golpistas, determinou a prisão domiciliar. O dólar está estável, cotado a R$ 5,51.