
O OUTRO LADO DA MOEDA
JP Morgan: Trump derruba imóveis
Publicado em 09/07/2025 às 17:14
Alterado em 09/07/2025 às 17:14
Grande empresário da área imobiliária, Donald Trump sempre teve obsessão por reduzir as taxas de juros para tentar recuperar a queda de preços desde a crise financeira mundial de 2008, causada pelo estouro da bolha imobiliária do “subprime” nos Estados Unidos. Fez isso no primeiro governo e agora tenta forçar o Federal Reserve Bank a derrubar os juros, até mesmo ameaçando substituir Jerome Powell antes do fim do seu mandato, em maio de 2026.
Segundo o “Wall Street Journal”, nos bastidores do governo Trump dois nomes já circulam como prováveis indicações de Trump para comandar o Fed, na hipótese de Powell pedir demissão (o que Jerome Powell já descartou). São ambos economistas republicanos e têm em comum o primeiro nome, Kevin. Segundo o WSJ, Kevin Hassett, um dos assessores econômicos mais próximos de Trump, emerge como um forte candidato ao Fed. A ascensão de Hassett ameaça o ex-governador do Fed Kevin Warsh, que era um dos favoritos iniciais para o cargo. Trump o preteriu há oito anos e a desconfiança, que permanece é de que Warsh não seja um defensor de juros mais baixos.
JP Morgan vê dificuldades para imóveis
No seu “brieffing” semanal, o JP Morgan aborda a situação do mercado imobiliário e conclui que “com a inflação, as taxas de juros e as políticas comerciais do governo presidencial dominando o ciclo de notícias, o potencial de uma recessão é uma prioridade para o mercado imobiliário comercial. Para avaliar os impactos de uma recessão sobre o mercado imobiliário comercial, o JP Morgan conversou com Tom LaSalvia, chefe de economia imobiliária comercial da Moody's; Ginger Chambless, chefe de pesquisa de banco comercial do JP Morgan; e líderes do setor.
A primeira conclusão foi de que “mesmo uma recessão leve pode impactar cada classe de ativos de forma diferente”. Líderes do setor discutem como investidores imobiliários comerciais podem se preparar para uma crise econômica. O que caracteriza uma recessão é a queda da produção durante dois trimestres seguidos. No primeiro trimestre houve queda de 0,5% e o desempenho do 2º trimestre deve ser conhecido este mês.
As chances de uma recessão são elevadas, mas abaixo de 50% em maio de 2025, de acordo com a JP Morgan Research, com a Moody's estimando as chances de uma recessão entre 50% e 60%.
“Embora as condições atuais sejam boas e ainda consistentes com o crescimento lento, há uma cautela crescente em relação às perspectivas”, disse Chambless. “Não está claro se estamos passando por uma fase fraca ou nos estágios iniciais de uma recessão”, disse Chambless, que acrescenta ser “possível que todos os setores do mercado imobiliário comercial experimentem uma demanda mais fraca em caso de recessão”. Mas os setores multifamiliar e industrial provavelmente sentiriam menos impacto, dados os ventos favoráveis cíclicos, incluindo a ainda desafiadora acessibilidade à moradia e a falta de oferta.”
Varejo e escritórios
É interessante notar que, à parte as diferenças, o panorama se aplica ao Brasil. O impacto de uma recessão provavelmente variaria com base no tipo de varejo oferecido. Os centros comerciais de bairro - especialmente aqueles ancorados por supermercados - em áreas densamente povoadas continuam apresentando bom desempenho. Al Brooks, vice-presidente de Banco Comercial do JP Morgan, observou que a “fast fashion” vende em períodos difíceis, assim como o varejo de luxo.
“Seriam as lojas de departamento e os varejistas voltados para a classe média e trabalhadora que sofreriam durante uma recessão”, disse Brooks.
“Embora o comércio eletrônico continue a impulsionar a demanda, ele representa apenas uma pequena parcela do varejo”, disse Brooks. “O varejo físico ainda é relevante no futuro próximo.”
Os escritórios também estão evoluindo, à medida que os empregadores tentam encontrar o melhor equilíbrio entre trabalho presencial, híbrido e remoto. Nos EUA eles consideram que os “edifícios de escritórios de classe A, que oferecem uma ampla gama de comodidades, continuam apresentando bom desempenho, com vagas limitadas. Mas, em tempos de recessão, os empregadores podem buscar imóveis de classe B e C como uma oportunidade de economizar”.