
O OUTRO LADO DA MOEDA
Após perda do IOF, IPCA cai em alimentos e combustíveis
Publicado em 26/06/2025 às 18:13

Se serve de consolo, após a derrota acachapante do governo por 383 votos a 98, na votação do Projeto de Lei Legislativo sobre o IOF, na Câmara, que pode representar perda de R$ 10 bilhões de arrecadação este ano e comprometer a meta de 2026, enquanto o governo não decide se apela ao Supremo Tribunal Federal para reverter a medida ou promove novos cortes de gastos, o IBGE revelou boas notícias no front da inflação, com a queda de 0,36% para 0,26% no IPCA-15, que serve como prévia da inflação cheia de junho.
Enquanto o governo cata os cacos da desarticulação política no Congresso – o Senado, também de olho nas eleições de 2026, votou simbolicamente contra, sem a presença física dos parlamentares no plenário, como na Câmara, com o voto lançado via celular, até mesmo do exterior ou do estado do político – a inflação traz boas notícias e dois leilões de petróleo da União podem engordar o caixa do Tesouro em R$ 65 bilhões. Hoje, foram apurados R$ 28 bilhões.
Energia fez Habitação subir entre 8 itens
Dos nove itens apurados pelo IBGE, só Habitação, que subiu além da inflação do mês (+1,08%), com a alta de 3,29% na energia elétrica residencial, pela adoção da bandeira vermelha em 1º de junho, mostrou força (mas haverá baixa para quem consome até 120 kw/mês em julho). A safra de grãos trouxe queda em arroz e derivados de soja e milho, e baixou os ovos (-6,95%). Tomate caiu (-7.24%) derrubando a alta dos Alimentos & Bebidas, pelo terceiro mês seguido, a -0,02%. A alta dos alimentos em domicílio reduziu para 0,55%.
As baixas em combustíveis, fizeram a taxa de Transportes recuar de 0,29% para 0,06%. Com os recuos do dólar e do preço do barril de petróleo, após a trégua entre Israel e Irã, mediada pelos Estados Unidos, há expectativas de que a gasolina influencie os preços dos serviços. No Relatório de Política Monetária divulgado hoje, o Banco Central espera inflação de 4,9% em dezembro, mas não será surpresa se a inflação dos alimentos ceder e o índice ficar próximo do teto da meta (4,50%).
Bradesco prevê Selic de 14,505 em dezembro
Ao analisar o Relatório de Política Monetária, divulgado nesta quinta-feira pelo Banco Central, o Bradesco considera que ele reforça a manutenção de juros restritivos por longo período. No documento, a projeção de inflação no cenário de referência fica acima da meta (3,00%) em todo o horizonte de projeção (4T2027), considerando a curva de juros extraída do Focus. Isso reforça a necessidade de uma política monetária restritiva por período prolongado.
No modelo, a inflação sai de 5,4% em meados deste ano para 4,9% em dezembro e vai caindo gradualmente até atingir 3,2% no 4º trimestre de 2027. Na próxima reunião do Copom, o horizonte relevante irá caminhar para o primeiro trimestre de 2027, para o qual o documento indica inflação em 3,4%– ainda acima do centro da meta. O BC tem como premissa taxa de câmbio de R$/US$ 5,62 neste ano e comportamento da taxa de juros do Focus, que atinge 15% e vai sendo reduzida ao longo de 2026 até 12,5%.
Na avaliação do Bradesco, as projeções de inflação e a comunicação do Banco Central sugerem juros restritivos por um período prolongado. O fato de o BC não ter apresentado exercício com a Selic estável em 15%, em nossa opinião, também reforça uma postura mais dura. Esperamos corte da Selic em dezembro, provavelmente encerrando o ano em 14,50%– iremos reavaliar nosso cenário nos próximos dias”, diz o Bradesco.