
O OUTRO LADO DA MOEDA
Dólar fraco em compasso de espera
Publicado em 20/06/2025 às 16:08
Alterado em 20/06/2025 às 17:57
O dólar completou um mês de baixa ante as principais moedas nos mercados mundiais, diante das incertezas do governo Trump em dar continuidade ao tarifaço e à dúvida maior sobre se participa ou não ativamente do esforço de guerra de Israel contra o Irã. Por enquanto, Donald Trump anunciou que vai esperar duas semanas para decidir se entra diretamente no conflito.
Como o segundo governo Trump tem sido marcado por sucessivos recuos das iniciativas presidenciais, isso adiciona mais volatilidade às operações. E nesta sexta-feira não foi diferente. O euro e a libra esterlina subiram contra o dólar. Mas a moeda americana reagiu diante do iene, do peso mexicano, do dólar canadense e do real. Às 13 horas (horário de Brasília), o dólar era negociado a R$ 5,5040, com alta de 0,24%. Mas nos últimos 30 dias o real avança 2,54%.
O Comitê de Política Monetária do Banco Central elevou a taxa Selic para 15% ao ano, recorde desde 2006, na expectativa de forçar a desinflação causada pela escalada da moeda americana desde agosto do ano passado. No ano, o real já subiu mais de 12%, devolvendo metade da alta do dólar em 2024. Na comparação com o ouro, o metal tinha baixa de 0,79% hoje (em parte pelo alívio nos ânimos belicosos de Donald Trump, com trégua de duas semanas em busca de negociação com o Irã).
Dois indicadores importantes para a inflação brasileira mostraram recuo hoje. O preço do barril de petróleo do tipo Brent, para entrega em agosto, foi negociado no mercado futuro com baixa de 2,72%, cotado a US$ 76,70, mas com alta de 19% no mês (a Petrobras reduziu em 5,6% o preço da gasolina antes da escalada do conflito Israel X Irã). A Petrobras, que extrai óleo do pré-sal a baixos custos, tem como bancar os preços sem reajuste, sobretudo se o câmbio não acelerar.
O outro preço que pressionou a inflação desde o segundo semestre, o café, o outrora “ouro negro”, também está cedendo no mercado futuro, com as boas notícias sobre o bom desempenho das safras do Brasil (maior produtor mundial), e do Vietnã (segundo produtor mundial e líder em café do tipo robusta, muito usado na indústria de café solúvel, na mistura com os tipos arábica).
O Contrato tipo C para entrega em setembro, na Bolsa Mercantil de Nova Iorque teve baixa de 2,30%, completando declínio de 9% na semana e de 15% no mês. No Brasil, o café moído tinha subido 82% em 12 meses, devido à quebra da safra do Vietnã e da Indonésia, pela estiagem no sudeste asiático, no ano passado.