O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

BCs olham quem pisca antes: inflação ou emprego

Publicado em 17/06/2025 às 13:22

Alterado em 17/06/2025 às 13:22

A semana reserva nova rodada de juros dos bancos centrais, liderados pelo Federal Reserve Bank, o BC dos Estados Unidos, que realiza hoje e amanhã reuniões do Federal Open Market Committee (FOMC). Apesar dos sinais de que a inflação está sob controle, as incertezas causadas pelo conflito Israel-Irã, que se somam aos impactos dos tarifaços comerciais, não recomendam queda de juros nos EUA. Só uma sinalização do futuro. Por isso, há convicção no Brasil de que o Comitê de Política Monetária também pedirá mesa a 14,75%.

O “Wall Street Journal” indaga “Por que o Fed não está cortando as taxas [como quer o presidente Trump] apesar da inflação fria”, lembrando que os preços ao consumidor subiram 2,4% em maio, frente ao mesmo período de 2024, desafiando os temores de que as tarifas do presidente Trump pudessem levar a uma inflação mais alta. E acrescenta que há boas razões para pensar que o Federal Reserve estaria se preparando para cortar as taxas de juros esta semana devido às recentes melhorias na inflação (os preços de importação ficaram estáveis em maio) - se as tarifas não fossem risco aos preços.

Em vez disso, as autoridades do Fed estão a caminho de estender sua postura de esperar para ver na quarta-feira. Em outras palavras, as autoridades do banco central, que se reúnem esta semana, estão em cautela enquanto esperam para ver o que piora primeiro: a inflação ou o mercado de trabalho (dois dos mais importantes mandatos do Fed). Até aqui, a inflação se comporta bem, mas o emprego ainda mostra sinais conflitantes.

A principal expectativa - pelo que já anteciparam os bancos Centrais da Ásia na primeira semana de junho - é de que o Fed prepare medidas para evitar que o esfriamento da economia, resulte em recessão.

Banco do Japão mantém juros

Hoje, em Tóquio, o Banco do Japão manteve as taxas de juros estáveis em 0,5% ao ano e anunciou que planeja reduzir a compra de títulos após abril de 2026. Até lá, vai manter em 400 bilhões de ienes a cada trimestre o programa de recompra até março de 2026. O governador do Banco do Japão, Kazuo Ueda, afirmou que o banco continuará considerando novos aumentos nas taxas de juros, dependendo das condições econômicas.

O Banco Central Europeu se reúne quinta-feira, após a decisão do Fed, e, também, deve adotar atitude cautelosa, como defendeu o presidente do Bundesbank, Joachim Nagel, que lembrou ter a inflação na zona do euro atingido seu nível-alvo, ou seja, a meta da inflação. Também na quinta-feira, será a vez do Bank of England decidir se altera o piso de juros de 4,25%, reduzido em 8 de maio.

Os bancos centrais que se reuniram na primeira dezena de junho atuaram na direção de estimular a economia, para evitar que o choque tarifário nas cadeias produtivas trave a economia e resulte em recessão. Em 6 de junho, o Banco Central da Índia reduziu o piso dos juros de 6% para 5,50% ao ano. O Banco do Povo, da China, no mesmo dia, tomou medidas para injetar liquidez na economia para estimular o mercado interno, diante da retração das exportações. E o Banco Central da Rússia, mesmo com a inflação em alta, baixou os juros de 21% para 20% ao ano no mesmo 6 de junho.

Dólar sobe no mundo e cai no Brasil

Com o agravamento da guerra Israel-Irã, que levou o presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, a abandonar mais cedo a reunião dos chefes de Estado do G-7 no Canadá, o dólar apresentou leve recuperação ante as principais moedas (euro, libra esterlina, iene e franco suíço, além das moedas de países emergentes.

O Brasil é novamente exceção, com valorização do real. Diante do alto diferencial de juros pago pelo Tesouro Nacional nas aplicações em dólar no país (que podem ficar livres de taxação do IOF, conforme a decisão da Câmara de aprovar a derrubada do Projeto de Lei do IOF), o dólar chegou a ser negociado abaixo de R$ 5,48, na parte da manhã. Às 12;40 estava cotado a R$ 5,4775, com baixa de 0,25%. O ouro também tinha baixa de 0,37%, mas o contrato de petróleo tipo Brent pra entrega em agosto estava em alta de 2,12%, cotado a US$ 74,45, às 12:45 (horário de Brasília).

Petroleiras apostam na Foz do Amazonas

Para desespero dos ecologistas, o leilão de 47 blocos de exploração de petróleo e gás na Bacia da Foz do Amazonas, entre aa costa do Amapá e do Pará, realizado, nesta manhã, pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), contou com o arremate de 19 blocos, com arrecadação de R$ 1 bilhão em bônus de assinatura.

Os consórcios formados pela Petrobras e ExxonMobil Brasil, além de Chevron Brasil e CNPC Brasil, adquiriram um total de 16.312,33 km² em águas profundas e ultra profundas na parte da Margem Equatorial. A área em leilão, com reservas estimadas em mais de 10 bilhões de barris, faz parte da bacia chamada de Foz do Amazonas, embora distante mais de 500 km de Belém, onde será realizada a COP-30, em novembro.

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