
O OUTRO LADO DA MOEDA
BC quer fechar cerco às stablecoins
Publicado em 20/05/2025 às 12:48
Alterado em 20/05/2025 às 12:48
Demorou. Mas, na parte final do seu mandato, que expira em 31 de dezembro de 2025, o diretor de Organização do Sistema Financeiro e de Resolução do Banco Central, Renato Dias Gomes, reconheceu, esta terça-feira, em Londres, no Digital Money Summit 2025, organizado pelo grupo OMFIF, que o uso de criptomoedas pelos brasileiros tem aumentado nos últimos dois a três anos, com cerca de 90% do fluxo vinculado a “stablecoins”, um dinheiro digital atrelado a moedas importantes como o dólar e até mesmo o real, que é ferramenta facilitadora de desvios fiscais e evasão de divisas.
Renato Dias Gomes reconheceu que a facilidade de uso de “stablecoins”, serve para as empresas contornar os controles e balanços normais para a conversão de reais em dólares e sua transferência para dentro e fora do país. "Elas oferecem uma instância de desvio", disse Gomes, segundo relata a Reuters. Cálculos já feitos pelo Banco Central identificaram em 2024 o desvio de US$ 16 bilhões em apostas esportivas. E boa parte da evasão para as “bancas” registradas em paraísos fiscais, foi feita via “stablecoins”.
Cerco internacional
Na década passada, em sequência às investigações americanas contra o terrorismo e o tráfico de drogas, as autoridades financeiras fecharam o cerco aos capitais registrados em paraísos fiscais. Mas a resposta dos fraudadores de sempre foi o uso combinado de criptomoedas e do seu lastro em “stablecoins”.
Recentemente, o Banco de Compensações Internacionais (BIS), com sede na Suíça, o banco central dos bancos centrais, definiu que as regras vigentes para os serviços de compensação, liquidação e pagamentos deveriam ser aplicadas também para “stablecoins”. Desta forma, um operador deste tipo de criptoativo precisaria criar uma entidade legal que explique como é governado e os riscos operacionais e cibernéticos envolvendo as criptomoedas.
Volatilidade na conta corrente
Dias Gomes relatou algumas das facilidades do esquema: "Você pode obter as “stablecoins” e, quando chegar aos Estados Unidos ou a qualquer outro lugar, pode sacar a “stablecoin” e, essencialmente, usar uma conta em dólares sem toda a regulação usual". Essa é uma rota que está sendo "muito usada" para remessas, acrescentou. Um exemplo simples é que alguns caixas eletrônicos tradicionais em partes dos EUA agora permitem que dólares sejam sacados de algumas carteiras de “stablecoins”.
Há também questões regulatórias. O maior emissor de stablecoins lastreadas em reais está sediado na Suíça, por exemplo, disse Gomes. Mas, “Não temos acesso a esses emissores", disse ele. "Portanto, de certa forma, regular os emissores de stablecoins é algo que exigirá muita cooperação internacional."
O efeito disso são oscilações bruscas causados no câmbio, pelos fluxos de capital, “que se tornam mais voláteis", disse Gomes, "essencialmente porque quase qualquer pessoa pode usar “stablecoins” para enviar dinheiro para dentro e para fora do país".
Dólar volta a subir
No mercado de câmbio, o dólar continuou oscilando contra as moedas fortes, com o euro subindo 0,20% às 12 horas (horário de Brasília), ficando estável contra a libra esterlina, e com queda de 0,14% diante do iene, além de baixa de 0,35% frente ao franco suíço. Já em relação ao real, ao ser negociado a R$ 5,6640, o dólar tinha alta parcial de 0,24%.
Nos mercados de commodities, o contrato de 100 onças troy de ouro para entrega em julho era cotado a US$ 3.281,15, com alta de 1,45%. O barril do petróleo tipo Brent para entrega em julho era cotado a US$ 65,08, com baixa de 0,70%. Os contratos para dezembro de 2025 são negociados a US$ 62,43, com baixa de 0,12%.
As commodities agrícolas também apresentam baixa. O Contrato C para entrega de café em julho, é negociado a US$ 370,10 na bolsa mercantil de Nova Iorque, com baixa de 1%. O boi gordo para entrega em junho tem queda de 0,16%.