
O OUTRO LADO DA MOEDA
WSJ: Trump mistura seus negócios com o Estado
Publicado em 12/05/2025 às 15:01
Alterado em 12/05/2025 às 15:02

O “Wall Street Journal” faz uma grave insinuação na sua edição desta seg7nda (12). A de que a família do presidente Trump - que inicia esta semana viagem aos países mais ricos do Oriente Médio para afagar os principais investidores locais em títulos do Tesouro dos Estados Unidos, depois de a trégua tarifária com a China tranquilizar o maior investidor nos “treasurys” - está se antecipando à viagem presidencial para fechar negócios da Trump Inc.
Com o título “A família de Trump está fechando negócios rapidamente no Oriente Médio”, o WSJ elenca que “resorts de golfe, negócios com criptomoedas e investimentos financeiros confundem a linha entre negócios privados e políticas públicas”.
O texto da matéria é mais contundente: “Quando o presidente Trump viajar ao Oriente Médio esta semana, ele buscará garantir investimentos nos EUA dos petroestados mais ricos do mundo. Seus familiares e associados próximos já vêm fechando negócios na região em ritmo acelerado”, denuncia.
Onde está a ética pública?
Segundo o “Journal”, a “Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Catar, os três países no itinerário do presidente, se destacam pelo caloroso acolhimento à Trump Inc”. Outra manchete trata da polêmica doação de um luxuoso Boeing 747 da Catar Airlines para a presidência dos EUA substituir o “Air Force One”.
A situação é duplamente melindrosa. As regras legais dos EUA condenam doações de grande monta, mas o Catar, um dos maiores exportadores de gás do mundo, é um grande investidor em papéis do Tesouro americano, e uma recusa ao “mimo” poderia melindrar os cataris. O inglês “Financial Times” classifica a viagem ao Oriente Médio como crucial no momento quando grandes fundos de investimento estão abandonando o dólar.
Mas a falta de uma “muralha da China” entre os interesses do Estado norte-americano e as atividades da família Trump (o filho e o genro agiram antecipadamente para fechar negócios da Trump Inc) ocorre também no território americano e, pasmem: usam a Casa Branca como isca.
O “New York Times” revela que um “Leilão para jantar com Trump cria oportunidade de influência estrangeira”, explicando, a seguir, que “quando os lances terminarem hoje, os maiores compradores da criptomoeda da família Trump ganharão um tour pela Casa Branca”. Um escândalo de falta de ética.
Dólar valoriza após trégua com China
Depois da trégua de 90 dias no choque tarifário com a China, negociada na Suíça com a intermediação do Secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bensen, o dólar teve forte valorização nos mercados nesta segunda-feira. Às 12h45 (horário de Brasília), o euro caía 1,26% ante o dólar, a libra esterlina tinha perda de 0,78% e o dólar subia 1,93% frente ao iene e 1,36% contra o franco suíço. Entre as moedas dos países emergentes, o dólar australiano caía 0,69%, o peso mexicano perdia 0,93% e o real tinha baixa de 0,53, com o dólar cotado a R$ 5,6940.
Mercado vê fim da alta da Selic
Na Pesquisa Focus colhida pelo Banco Central até a última sexta-feira junto a 150 instituições financeiras, consultorias e institutos de pesquisa, e divulgada nesta segunda-feira, o mercado seguiu reduzindo a projeção para o dólar em dezembro, de R$ 5,86 na semana anterior para R$ 5,85, e as respostas dos últimos cinco dias úteis apontaram para a mediana de R$ 5,80 em 2025 e R$ 5,90 em 2026.
Essa projeção baixista para o dólar ajudou a reduzir as projeções para os preços monitorados do ano, de 4,63% há uma semana, para 4,57% e 4,51% nas respostas dos últimos cinco dias úteis. Neste cenário, a projeção do IPCA recuou de 5,53% para 5,51%, e para 5,50% na mediana dos últimos cinco dias úteis. Embora ainda esteja um ponto acima do teto da meta (3,00%+1,50%=4,50%), há um mês as projeções eram de 5,63%.
Em função das revisões para baixo da inflação e do dólar e da última decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), de reduzir o ritmo de elevação da Selic para meio ponto, a 14,75% ao ano, o mercado passou a projetar que o ciclo de alta está encerrado em 14,75%. ´
Na visão do mercado, não haverá alteração na reunião do Copom em 18 de junho. E o mercado também crava que não haverá alteração em 30 de julho. Mas as dúvidas sobre se a taxa continua em 14,75% até dezembro (como prevê o mercado) só serão desfeitas com a divulgação, nessa ter?a (13), da íntegra da Ata do Copom.