
O OUTRO LADO DA MOEDA
Os bancos centrais entram em cena
Publicado em 07/05/2025 às 14:09
Alterado em 07/05/2025 às 19:03
Os bancos centrais de todo o mundo começam a antecipar seus passos para enfrentar as consequências contracionistas na economia do tarifaço do governo Trump às importações. Enquanto o Federal Reserve Bank ainda deve manter estável em 4,50% ao ano o piso máximo dos juros americanos, o Banco Popular da China adotou nesta quarta-feira uma série de medidas para estimular a economia chinesa, duramente afetada nas exportações aos EUA.
Sem esperar as rodadas de negociações para encontrar regimes de cotas e níveis tarifários palatáveis frente aos atuais 145% (20% + tarifa extra de 125%) o BPOC reduziu de 1,50% para 1,40% ao ano o nível de juros de assistência aos bancos e reduziu os encaixes bancários para injetar mais liquidez na economia, num sinal de forte contração das indústrias e das exportações.
Os mercados esperam que o Fed sinalize dois cortes de juros ainda este ano, somando 100 pontos base. No Brasil, o Comitê de Política Monetária deve aumentar em 50 pontos base, para 14,75%, a taxa Selic. E, embora o próprio mercado aposte que este será o nível em dezembro, a Anbima, através de seu Comitê Macroeonômico, previu hoje que haverá a derradeira alta de 0,25% na reunião de 18 de junho, com a Selic ficando em 15% até a reunião de 10 de dezembro, quando cairia para 14,75%.
Resta saber qual será a comunicação do Copom após a reunião. O comportamento do dólar, cotado a R$ 5,7465, às 13 horas (horário de Brasília), com alta de 0,59%, indica o mercado ansioso pela orientação dos Bancos Centrais.
Outros números
A Anbima reviu de 1,92% para 2,00% a previsão do aumento do PIB brasileiro este ano. Em função do PIB maior, a Dívida Bruta do setor público consolidado deve fechar o ano em 80,30% do PIB. Mas a projeção do resultado primário do setor público (receitas menos despesas, sem contar os juros da dívida), recuou de 0,66% para 0,64% do PIB em 2025, em parte pelo maior crescimento da economia (e das receitas).
Balança comercial de abril mostra sinais
A divulgação, logo mais à tarde, da balança comercial de abril pode revelar os primeiros reflexos do tarifaço nas exportações e importações brasileiras. Do lado das vendas, será importante observar se houve novo encolhimento nos embarques de minério de ferro e petróleo bruto para a China. E se os maiores embarques de soja estão compensando.
De outra parte, cabe observar as vendas de carnes, café, açúcar e milho. E de produtos siderúrgicos. Mas o que mais interessa é observar se as vendas de produtos chineses ao Brasil aumentaram, como parte do esforço chinês de compensar o fechamento dos portos norte-americanos.