O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

Bradesco prevê Selic de 14,25% em dezembro

Publicado em 05/05/2025 às 15:21

Alterado em 05/05/2025 às 15:21

Enquanto o mercado financeiro, na Pesquisa Focus, encerrada 6ª feira e divulgada hoje pelo Banco Central, previa aumento de 0,50% na taxa Selic na reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central na 4ª feira, 7 de maio, com a taxa chegando a 14,75% ao ano e encerrando o ciclo de alta a 15% ao ano, em 18 de junho, mas com queda no fim do ano para 14,75%, o Bradesco, de onde saiu o atual diretor de Política Monetária, Nilton Davi, considera que o ciclo terminará nesta semana, com a Selic em 14,75%.

Na Pesquisa Focus, a mediana das expectativas apontou dois fatores que recomendam - apesar das incertezas causadas pelos Estados Unidos, cujo BC (o Federal Reserve Bank) terá reunião na mesma 4ª feira, com expectativa de manter os juros inalterados (4,25-4.50%) - o encurtamento do ciclo de aperto monetário.

Primeiro, a queda do IPCA previsto para dezembro, de 5,55% para 5,53% (e 5,51% nas respostas dos últimos cinco dias úteis; detalhe há quatro semanas, a previsão era de 5,65%). Mas ainda está bem acima do teto da meta (3,00%+1,50% de tolerância=4,50%). O Bradesco está esperando alta de 0,42% em abril, o que elevaria a taxa em 12 meses de 5,48% em março para 5,51% em abril

O segundo fator, foi a perda de poder do dólar, resultado dos sucessivos recuos do governo Trump em relação à imposição de altas tarifas aos produtos importados. A rigor, só a China está com tarifas acima de 100%. E surgiram informações de que os negociadores dos dois países estão dispostos a sentar na mesa para negociações. A tarifa máxima contra a China chega a 145%.

O mercado reduziu de R$ 5,90 para R$ 5,86 (R$ 5,85 nas respostas dos últimos cinco dias úteis) a previsão para a taxa do dólar em dezembro (para 2026, caiu de R$ 5,95 para R$ 5,91), numa aposta de que, ao refrear o ímpeto tarifário (que já reduziu o crescimento da economia americana no primeiro trimestre), a opção de manter o dólar mais fraco é o melhor caminho para estimular as exportações dos EUA e frear importações.

Só que os dados de um vigor ainda forte no setor de serviços, segundo a pesquisa PMI, levaram a reações diversas no mercado. O dólar ainda cai contra as moedas fortes (euro, libra esterlina, iene e franco suíço), mas subiu 0,32% contra o peso mexicano e 0,52% contra o real, cotado a R$ 5,6870, às 13:35. Outro impacto foi a queda de 1,70% no barril do petróleo Brent, cotado a US$ 60,21.

Queda de 4,66¨no diesel reduz IPCA

A baixa do Brent motivou nova queda de 4,66% no preço do litro do óleo diesel vendido pela Petrobras nas refinarias, a partir de amanhã. Isso deve dar mais um empurrão – para baixo – nas expectativas de inflação. Este é a terceira redução seguida no preço do diesel, o produto mais vendido no Brasil, que influi no frete das mercadorias e preços das passagens de ônibus urbanos e interurbanos. A redução anterior, de 3,38%, ocorreu em 17 de abril, somando mais de 8,2% em menos de 20 dias.

Mas o impacto maior viria de uma baixa da gasolina, o item de maior peso entre os 377 pesquisados mensalmente pelo IBGE, que divulga dia 9 o iPCA de abril. O mercado está esperando, na Pesquisa Focus, inflação de 0,44% (0,42% nas respostas dos últimos cinco dias úteis). Para maio – antes da redução do diesel – a previsão baixou de 0,38% para 0,37%.

Bradesco X Itaú

É interessante notar que após um longo período em que a diretoria de Política Monetária (Dipom) do Banco Central foi comandada por egressos do Banco Itaú, no governo Lula, após Gabriel Galípolo, atual presidente desde 1º de janeiro, substituir Bruno Serra em maio de 2023 (o mandato tinha expirado em fevereiro de 2023 e fora acumulado por Diogo Guillen, outro egresso do Itaú, que continua diretor de Política Econômica até 31 de dezembro de 2025, a Dipom) está comandada desde o início do ano pelo ex-diretor de Tesouraria do Bradesco, Nilton Davi. Bradesco e Itaú ainda divergem sobre o pico da Selic este ano.

No Boletim diário, ao analisar as “decisões de política monetária no Brasil e nos EUA”, o Bradesco assinala que “o Banco Central do Brasil deve levar a Selic a 14,75%. Na quarta-feira, o BCB anunciará sua decisão de política monetária e deverá elevar em 0,50 p.p. a taxa básica da economia” No comunicado, o Bradesco espera que o colegiado deixe as portas abertas para a decisão da reunião de junho, reforçando as incertezas no ambiente internacional e mantendo o discurso duro em relação à inflação.”

Ainda assim, o Departamento de Estudos e Pesquisas Econômica dos Bradesco entende que “o ciclo de alta está chegando ao fim”. O Bradesco projeta a “Selic em 14,75% até novembro e o início do ciclo de cortes na reunião de dezembro, encerrando este ano com juros de 14,25%”. Mas o Itaú, que já chegou a prever a Selic em 15,75%, ainda espera que ela feche o ano em 15,25%, conforme resposta a uma enquete do “Valor Econômico”.

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