O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

[email protected]

O OUTRO LADO DA MOEDA

Governo Trump quer manter dólar forte

Publicado em 16/01/2025 às 12:28

Alterado em 16/01/2025 às 12:28

A declaração, ontem do economista Scott Bessent, escolhido por Trump para chefiar o Departamento do Tesouro, de que garantirá que o dólar continue sendo a moeda de reserva global, produziu efeito imediato hoje nos mercados de câmbio. Com exceção do iene, o dólar se valorizava ante as principais moedas às 11:45 (horário de Brasília). O euro perdia 0,18%, a libra esterlina caía 0,45% perante o dólar e o franco suíço tinha queda de 0,04%. Na contramão, depois das declarações dos dirigentes do Banco do Japão favoráveis à alta de juros no país para até 0,50%, o dólar tinha queda de 0,21% frente ao iene.

Mas as moedas que mais oscilaram eram as dos vizinhos e parceiros no Nafta, que estão ameaçados por elevadas tarifas alfandegárias. O dólar subia 1,03% contra o peso mexicano e 0,28% contra o dólar canadense. Já o real, após chegar ontem a R$ 6,0098 e ter aberto o dia a R$ 6,0099, acompanhou o movimento global e o dólar estava sendo negociado às 11:53 a R$ 6,0250, com valorização de 0,25%.

PIX: muito barulho por nada

Impressionante a trapalhada do PIX. O governo Lula deixou que uma medida legítima e necessária da Receita Federal para fechar as portas da sonegação e lavagem de dinheiro ao incluir as transações feitas acima de R$ 5 mil, por pessoas físicas, ou R$ 15 mil por pessoas jurídicas, através de PIX originários ou que transitam por instituições de pagamento ou cartão de crédito também prestassem as mesmas informações semestrais obrigatórias a bancos e instituições financeiras, fosse trombeteada por “fake News” e recuou na medida para evitar maior estrago na imagem.

“O PIX vai ser taxado”, uma grossa mentira que levou comerciantes inescrupulosos a cobrar extra nas transações com PIX – que é tratado pelo Banco Central como dinheiro, sem cobrança de qualquer taxa. Na verdade, o que poderia ocorrer era uma futura glosa da declaração de renda do contribuinte por movimentações financeiras incompatíveis com aquela declarada no IR anual. Mas um dos argumentos que levou o governo a recuar foi outra falácia: nos primeiros dias de janeiro teria havido recuo de 10% nas movimentações do PIX. Ora, considerando que em dezembro houve pagamento de 13º salário aos trabalhadores e o grande movimento de compras do Natal, o refluxo seria normal este mês.

A norma da Receita precisa ser reeditada e vir precedida de campanha de comunicação para separar o joio do trigo. Trata-se de necessário cerco à sonegação fiscal e à lavagem de dinheiro, e mais do que isso, uma medida de igualdade fiscal, que procurava acompanhar (tardiamente a meu ver, pois o PIX está em operação há mais de quatro anos) o crescimento das transações automáticas que passam pelo sistema criado pelo Banco Central.

O PIX, que tem sistemas de pagamentos instantâneos semelhantes, mas com nomes diferentes usados há mais de uma década no Japão, na Índia, na Indonésia, está em uso em mais de 50 países. Os Estados Unidos estão em vias de adotar o sistema. Na América Latina, quatro países, Colômbia, Chile, Equador e Uruguai, estariam nas negociações do Banco Central para a extensão do PIX além-fronteiras.

IBC-Br comprova desaceleração do PIB

A variação de 0,1% em novembro no movimento dessazonalizado dos negócios, conforme o IBC-Br do Banco Central, que procura antecipar-se ao movimento do PIB, calculado pelo IBGE, mostrou que a desaceleração da economia está em curso pelo tranco na alta dos juros e da alta do dólar. No trimestre setembro-outubro-novembro a variação foi positiva em 0,9%, com taxas mais elevadas em setembro e outubro.

O comportamento do dólar em janeiro (sem as pressões sazonais das remessas de lucros e dividendos de dezembro e do movimento de turismo) mostra que a política de juros alto está normalizando o fluxo de dólares no mercado a cinco dias da posse de Donald Trump.

Deixe seu comentário