O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

Juro pode cair nos EUA em setembro

Publicado em 11/07/2024 às 12:57

Alterado em 11/07/2024 às 12:57

O mercado financeiro, que apostou contra o real em maio e junho, pode ter uma surpresa em breve. Nos Estados Unidos os preços ao consumidor caíram surpreendentemente em junho (-0,1%, após ficar estável em maio) e a taxa acumulada em 12 meses recuou para 3% (a meta é 2%).

O bom andamento dos índices de inflação, confirmando a desaceleração da economia americana em pouso suave, fez crescerem as apostas de que o Federal Reserve Bank pode baixar os juros em setembro.

Em reação a isso, o dólar caiu em todos os mercados em relação aos pares de moeda e ajudou a valorização de 1,24% do real frente ao dólar em uma semana, mesmo com pequena baixa hoje, cotado a R$ 5,4297 ao meio-dia (alta de 0,21% no dólar). No dia 26 de junho o dólar estava em R$ 5,70.

Varejo cresce 1,2% em maio e puxa o PIB

Em maio, as vendas no varejo ampliado, que exigem financiamentos para bens de maior valor, subiram 0,8% no comparativo mensal com ajuste sazonal (+5,0% frente a maio de 2023), contrariando a mediana das expectativas de mercado (-0,5% no mês; o Itaú previa -0,4%). As vendas no varejo restrito avançaram 1,2% no mês com ajuste sazonal (+8,1% sobre maio de 2023), contra queda de -0,5% prevista pelo mercado. Foi o 5º mês seguido de alta, acumulando 5,6%. No varejo ampliado a alta acumulada é de 4,8%.

Na visão do Itaú, a maior surpresa foi novamente em "Atacado especializado em alimentos" (-8,2% vs. expectativa de -16,2% na comparação interanual). Dos 10 setores, 5 avançaram e 5 contraíram na margem. O destaque positivo no mês foi "Hiper, supermercados" (+0,7% no mês), enquanto o destaque negativo foi "Veículos e autopeças" (-2,3% no mês). Com o dado de hoje, segundo o Itaú, o carrego estatístico para o 2º trimestre ficou em 2,3% (índice restrito) e 0,3% (índice ampliado).

Para o Departamento de Estudos Macroeconômicos do Itaú, as vendas no varejo de maio (mês das mães) vieram mais fortes do que o esperado, com surpresa positiva em “Hiper, supermercados” e mais uma vez em "Atacado especializado em alimentos". As enchentes do Rio Grande do Sul parecem ter tido efeito maior e mais localizado sobre a indústria e, possivelmente, sobre o setor de serviços da região em maio, enquanto as vendas no varejo foram menos afetadas (possivelmente em função de um efeito estocagem).

De maneira geral, o dado de hoje confirma que a atividade segue forte, indicando que, até o momento, a tragédia no Sul do país não afetou as perspectivas de crescimento do PIB agregado no ano.

Baixa em junho põe IPCA dentro do teto

A baixa de 0,21% no IPCA de junho, puxada pela desaceleração dos preços dos alimentos e pela queda de 0,19% em Transporte – que deve subir muito em julho com o reajuste da gasolina dia 10 nas refinarias da Petrobras – a LCA Consultores refez suas projeções para a inflação no trimestre julho-agostos-setembro e a boa previsão é de que, apesar das pressões, o IPCA, que atingiu 4,23% nos 12 meses terminados em junho, desacelera em agosto e deve fechar o ano em 4,1% (nível estimado também para 2025). Isso garante o cumprimento da meta de inflação abaixo do teto: 3,00%+1,50% de tolerância=4,50%.

E juros podem cair nos EUA...

Nos Estados Unidos os preços ao consumidor caíram surpreendentemente em junho (-0,1%, após ficar estável em maio) e a taxa acumulada em 12 meses recuou para 3% (a meta é 2%), o que fez cresceram as apostas de que o Federal Reserve Bank pode baixar os juros em setembro. Em reação a isso, o dólar caiu em todos os mercados em relação aos pares de moeda e ajudou a valorização de 1,24% do real frente ao dólar em uma semana, mesmo com pequena baixa hoje, cotado a R$ 5,4297 ao meio-dia (alta de 0,21% no dólar).

As projeções da LCA:

Alimentação: Espera desaceleração contínua, devido à perda de força das pressões relacionadas às enchentes no Sul do país. Itens como tubérculos, raízes, legumes e leites têm previsão de arrefecimento em julho, aliviando a pressão no grupo.

Vestuário: Antecipa uma descompressão sazonal, porque os reajustes da nova coleção já ocorreram.

Saúde e cuidados pessoais: Prevê uma queda sazonal nos preços de higiene pessoal.

Habitação e Transportes: Esses grupos devem acelerar. Os reajustes anunciados pela Petrobras (gasolina e GLP) e a ativação da bandeira amarela tarifária afetarão também os preços de energia elétrica residencial.

Quanto aos preços administrados:- Em junho, o IPCA registrou +0,34%, acima da expectativa da LCA (+0,25%). - Para julho, revisamos nossa projeção para +1,14% devido aos reajustes promovidos pela Petrobras.

Apesar do primeiro reajuste da Petrobras em 2024, Transportes deve registrar taxas mensais modestas via combustíveis após julho. A desaceleração na margem da Alimentação no domicílio, com expectativa de índices negativos, embora superiores ao mesmo trimestre de 2023, contribui para a perspectiva de menores altas.


OLM

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