O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

PIB: alta de 1,5% no 1º trimestre baliza ano

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Publicado em 18/05/2022 às 13:28

Alterado em 18/05/2022 às 17:13

Gilberto Menezes Cortes CPDOC JB

A revelação pela Fundação Getúlio Vargas de que o seu monitor do Produto Interno Bruto apontou alta de 1,5% no 1º trimestre, levou bancos e consultorias a reajustarem ligeiramente para cima as projeções do PIB para este ano. E alguns estão considerando que mesmo com um 2º semestre de baixo crescimento, os dados sobre o PIB de 2023 podem ser revistos para cima.

Há muita torcida para que os primeiros sinais de desaceleração da inflação no atacado (tanto em preços agrícolas como industriais) arrefeçam em direção ao varejo, derrubando a inflação do IPCA da faixa dos 12% para menos de 10%, o que abriria espaço para o Banco Central terminar o ciclo de alta da Selic em 13,25% ao ano em 15 de junho (a Selic foi elevada a 12,75% em maio). O Itaú vê ainda nova alta de 0,50% em

Entretanto, os primeiros sinais da intensidade do frio e dos estragos provocados pelas geadas no Sul do país, no Mato Grosso do Sul, em regiões de São Paulo e na zona cafeeira do Sul de Minas Gerais, podem provocar repique nos preços do café, do leite e de hortaliças e legumes, freando a queda natural dos Alimentos e Bebidas.

Pelos dados da FGV, descontados os efeitos sazonais na comparação interanual, a economia avançou 2,4%. O Bradesco destacou que “o crescimento da atividade brasileira tem sido explicado pelo desempenho do setor de serviços, que apresentou expansão superior à observada pela agropecuária e indústria. Esse resultado corrobora nossa expectativa de ganho de tração da atividade econômica no primeiro trimestre do ano, compatível com um avanço do PIB de 1,5% neste ano”. O banco espera alta de 1,49% do PIB.

 

Novas revisões no mercado

A LCA Consultores lançou ontem a revisão “para cima” da projeção de crescimento da economia brasileira (...), apesar dos sinais de desaceleração global mais pronunciada, devido ao “recrudescimento de restrições sanitárias na China; à persistência de choques globais de oferta; e ao aperto das condições monetárias na maioria das principais economias mundiais”.

Para a LCA, os dois primeiros fatores refluirão ao longo do ano, dispensando “condições monetárias globais francamente contracionistas”. Assim, considera “limitada a probabilidade de que a economia mundial venha a enfrentar uma recessão na virada de 2022 para 2023”, embora “os riscos parecem vir aumentando”.

Na contramão do que vem ocorrendo na maioria das principais economias mundiais, “no Brasil as expectativas de crescimento para 2022 vêm registrando sensível melhora. Isso ocorre porque a atividade registrou expansão surpreendente no 1º trimestre e no começo deste 2º trimestre”, frisa a consultoria, destacando que “o bom momento da atividade doméstica é explicado pela injeção de ânimo proporcionada: (i) pela superação da pandemia, que estimulou o setor de serviços; (ii) pelas diversas iniciativas pontuais de estímulo adotadas pelo governo desde o final do ano passado; e (iii) pela valorização dos preços internacionais das commodities”.

Mas esse momento favorável da economia doméstica será desafiado por diversos fatores, tais como: (i) a desaceleração da economia mundial; (ii) a gradativa diluição dos efeitos positivos da superação da pandemia e das medidas pontuais de estímulo; e (iii) a persistência inflacionária e o aperto monetário doméstico”.

Mas o balanço dos prós e contras mostrou um começo de 2022 melhor do que a LCA esperava, por isso, a revisão promovida na projeção para o 1º trimestre - de 0,3% para 1,6% -,”isoladamente, tenderia a elevar o PIB projetado para 2022 de 0,7% para 1,2%”. Mas a LCA reforça que “como os indicadores coincidentes da atividade referentes a abril têm indicado que o bom momento do 1º trimestre vem se estendendo para este 2º trimestre, é provável que nossa projeção para o crescimento do PIB em 2022 seja revista para perto de 1,5%”. Nesta direção, a consultoria está “reavaliando as projeções para o crescimento anual do PIB brasileiro em 2022 e 2023 à luz dos acontecimentos recentes nas conjunturas internacional e doméstica”.

 

Genial vê desafio no 2º semestre

Para a Genial Investimentos, “o bom desempenho do varejo, indústria e, sobretudo, serviços no 1º trimestre de 2022, será responsável por impulsionar um expressivo avanço do PIB brasileiro nos três primeiros meses do ano. E cita que o resultado Monitor do PIB da FGV, mostra que a normalização da vida social, beneficiada pela trajetória de arrefecimento da pandemia que possibilitou a recuperação de atividades que ainda se encontravam no patamar abaixo do observado no pré-Covid. Para a corretora, “as políticas de impulso à demanda, como o saque extraordinário do FGTS, antecipação do 13º salário de aposentados e ampliação dos valores pagos pelo Auxílio Brasil, serão um importante combustível para sustentar o crescimento no ano”.

Entretanto, adverte que “a elevada taxa de inflação, decorrente de sucessivos choques de oferta e um superaquecimento da demanda global através de políticas fiscais expansionistas que visavam mitigar os efeitos recessivos da pandemia, tornará desafiador o 2º semestre de 2022. O efeito, atrasado, da Selic em um patamar significativamente contracionista na economia real será observado em sua totalidade a partir do 3º trimestre, implicando em uma significativa desaceleração da atividade econômica. A Genial Investimentos prevê avanço de 1,4% no PIB de 2022, com o crescimento concentrado, principalmente, no 1º semestre.

Para a Genial, “a ata do Copom não elucidou a dúvida se a (pretendida e sinalizada) alta na reunião de junho será a última do ciclo corrente de aperto monetário, com alguns trechos sugerindo que este deverá ser o caso e outras passagens mantendo a porta aberta para uma eventual continuação do ciclo no 2º semestre de 2022”. Mas ela espera que a Selic feche o ano em 13,25%, diante da expectativa de “números de inflação menos preocupantes a partir de agora e que os impactos defasados das altas anteriores se tornem mais visíveis à frente”.

 

Projeções da Economia para 2022 e 2023

Bradesco: PIB 1º trimestre de 2022: +1,5%; PIB 2022: +1,49%, 2023: +0,48%; IPCA 2022: 7,52%, 2023: 4,9%; Selic 2022: 13,25%, 3023: 9%.

Santander: PIB 1º trimestre 2022: + 0,6%, PIB 2022: +0,7% (sujeito a revisão, com viés de alta), 2023 - 0,3% (idem); IPCA 2022: 8,8%, 2023 4,5%; Selic 2022: 13,25%, 2023: 10%.

Itaú: PIB 1º trimestre +1,00%, com viés de alta, PIB 2022: +1,0%, 2023: + 0,2%; IPCA 2022: 8,5%, 2023: 4,2%; Selic 2022: 13,75%, 2023: 8,75%.

LCA Consultores: PIB 1º trimestre 2022: + 1,6%, PIB 2022: 1,5%, com viés de alta, 2023: 1,0%; IPCA 2022: 9,0%, 2023: 4%; Selic 2022: 13,25%, 2023:9,0%.

Genial Investimentos: PIB 1º trimestre: 1,4%, PIB 2022: 1,1%, 2023: 1,2%; IPCA 2022: 8,4%, 2023: 4,3%; Selic 2022: 13,25, 2023: 8,50%.

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