O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

EUA desbanca Brasil no lucro global do Santander

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Publicado em 28/07/2021 às 17:55

Alterado em 28/07/2021 às 17:55

Gilberto Menezes Cortes CPDOC JB

O executivo Sérgio Rial deixa a presidência executiva do Santander do Brasil, para assumir o Conselho de Administração, após garantir, por mais de seis anos, as maiores fatias do lucro global da organização de Ana Botin, na crista da onda. No 1º semestre de 2021 a filial brasileira teve lucro líquido de R$ 4,1708 bilhões (1,180 bilhão de Euros), correspondente a 32% do lucro global de 3,675 bilhões de Euros do grupo espanhol, maior banco da Europa.

Mas Rial sai no exato momento da descendente do lucro da filial brasileira. No resultado do 1º semestre, o Brasil foi superado pelas atividades dos Estados Unidos. Com lucro líquido de 1,291 bilhão de Euros, a filial americana desbancou a do Brasil e passou a responder por 35,1% do lucro global.

A América do Sul (Brasil, Argentina, Chile, Uruguai, Peru e Colômbia) seguiu, graças ao tamanho das operações locais, garantindo o maior lucro global: 1,645 bilhão de Euros. Entretanto, devido à desvalorização das moedas locais, o aumento do lucro regional foi só de 41% maior que o do 1º semestre de 2020. O lucro do Brasil cresceu ainda menos: 18,6% sobre 2020.

Na América do Norte (que reúne as atividades dos EUA e México), o lucro quase triplicou para 1,628 bilhão, com crescimento de 178% sobre o 1º período do ano passado. Na Europa, onde ficam as maiores operações do banco espanhol com sede na cidade de Santander, os lucros também quase triplicaram para 1,428 bilhão. O grande destaque veio da filial do Reino Unido, com lucro de 571 milhões de libras (670 milhões de euros), um aumento extraordinário de 410% sobre o mesmo período de 2020.

Na Espanha, após três exercícios trimestrais negativos, houve ganhos de 390 milhões de Euros, um aumento de 55% sobre os 251 milhões de euros do 1º semestre de 2020.

Dividendos terão 50% do lucro

Para se ver como o balanço global do banco espanhol mudou do vinagre para o vinho, o lucro de 3,675 bilhões de Euros do 1º semestre de 2021 contrasta com o prejuízo de 10,798 bilhões de Euros do mesmo período de 2020, quando todas as filiais fizeram pesadas provisões de 12,706 bilhões de Euros para devedores duvidosos.

Em função da melhoria geral, a direção global do Santander decidiu propor a distribuição aos acionistas de 50% do lucro de 3,675 bilhões de Euros, ou seja 1,837 bilhão de Euros.

Na Espanha, a tributação média dos dividendos é de 25%. Ou seja, dez pontos percentuais mais pesada do que a alíquota de 15% desenhada na proposta de reforma tributária que deverá ser examinada pela Câmara na volta do recesso em 2 de agosto.

Raio-X do Santander Brasil

O Santander Brasil praticamente dobrou seu lucro no 2º trimestre (R$ 4.179,8 milhões frente aos R$ 2.102 milhões do mesmo período do ano anterior) graças à redução de 0,3% nas provisões para devedores duvidosos (R$ 3.325 milhões) frente ao 2º trimestre de 2020. O retorno sobre o patrimônio líquido do Santander Brasil foi de 21,6%, um ponto percentual acima do trimestre anterior.

Mas mesmo com a provisão extraordinária de R$ 3,2 bilhões que o banco reservou um ano antes para potenciais empréstimos inadimplentes decorrentes da pandemia, houve aumento de 5,2% sobre os R$ 3.161 milhões do 1º trimestre deste ano.

A carteira de crédito cresceu 3,5% em relação a março, impulsionada principalmente por consumidores e pequenas empresas. Mesmo assim, a margem financeira permaneceu estável em relação ao primeiro trimestre, devido aos ganhos com tesouraria mais baixos.

O índice de inadimplência em 90 dias do banco subiu 0,1 ponto percentual no trimestre, para 2,2%. A inadimplência das pessoas físicas cresceu para 3,2% (era de 3,1% no 1º trimestre), mas ainda está abaixo dos 3,5% no 2º trimestre de 2020. Nas empresas, a inadimplência subiu para 1,1%, ainda abaixo dos 12,2% de junho de 2020.

O banco decidiu publicar seus resultados excluindo os ganhos da unidade de adquirência de cartões GetNet, que está prestes a ser cindida e listada na B3. 

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