O Outro Lado da Moeda

Por Gilberto Menezes Côrtes

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O OUTRO LADO DA MOEDA

Itaú projeta PIB maior para 2021 e 2022

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Publicado em 08/07/2021 às 12:34

Alterado em 08/07/2021 às 12:34

Gilberto Menezes Cortes CPDOC JB

Com o avanço da vacinação, que “deve permitir uma volta à normalidade econômica ainda neste ano”, apesar do risco de novas variantes do vírus, que driblam as vacinas já aplicadas, o Departamento de Estudos Econômicos do Itaú revisou a projeção do PIB para este ano e 2022. Para 2021 o Itaú elevou a projeção de 5,5% para 5,8%. A grande novidade foi o aumento da projeção do ano que vem, de 1,8% para 2,0%. Desde abril o Itaú mantinha a projeção de 1,8%. O cenário das principais economias do mundo não mudou. O banco espera que o PIB mundial cresça 6,4% este ano e 4,6% em 2022.
A nota ruim é que o banco elevou a inflação deste ano de 5,6% para 6,1%.

Embora preveja crescimento modesto (0,2%) no PIB do 2º trimestre, o Itaú estima que a economia “deve ter aceleração relevante no 3º trimestre, à medida que o setor de serviços se recupera e o setor de bens se mantém bem sustentado.

Em função do aumento do PIB, da inflação e da arrecadação de impostos, o banco revisou para melhor os parâmetros do déficit primário (sem contar os custos da dívida pública de 2021), de 2,0% para 1,8% do PIB e o de 2022 de 1% para 0,7%. A dívida bruta cairia para 81,0% e 80,2% do PIB em 2021 e 2022 (ante 81,9% e 81,6%), respectivamente.

Dólar menor, IPCA maior

Apesar da volatilidade nos mercados – com o clima tenso causado pelas revelações da CPI da Covid-19, o dólar foi esta manhã a R$ 5,30 -, o Itaú manteve a projeção de R$ 4,75 por dólar ao final de 2021 e de R$ 5,10 por dólar ao final de 2022.

“O aumento da taxa Selic, os preços mais altos de commodities e a melhora da atividade econômica justificam a apreciação da moeda [real] em relação aos patamares atuais”, diz o banco, que elevou a projeção de inflação em 2021 para 6,1% (ante 5,6%), incorporando atividade econômica melhor no 3º trimestre e preços de petróleo mais altos este ano. A previsão de atividade mais forte da economia levou também à revisão, para cima, da inflação de 2022 (de 3,6% para 3,7%).

E o Itaú espera que a taxa Selic, atualmente em 4,25% ao ano, feche 2021 em 6,50%. E destaca que “o ritmo de alta nas próximas reuniões deve ser particularmente influenciado pela evolução das expectativas e pela inflação de serviços e bens comercializáveis”.

Combustíveis inflamam IPCA

O IBGE divulgou hoje, 8 de julho, que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo de junho foi de 0,53%, uma queda de 0,30 ponto percentual frente aos 0,83% de maio. No ano, o índice subiu 3,77% e, teve alta de 8,35% nos últimos 12 meses. Dos 9 itens pesquisados, só Comunicações teve deflação (-0,12%). Com exceção de Vestuário, que subiu de 0,92% para 1,21%, e Cuidados Pessoais (de 0,21% para 0,29%), os demais itens desaceleraram de maio para junho. No INPC, que mede as despesas das famílias com renda até cinco salários mínimos (R$ 5.500, contra 40 SM no IPCA), a alta foi de 0,60% em junho, de 3,95% no semestre e de 9,22% em 12 meses.

No IPCA de junho, a queda mais expressiva foi em Habitação (de 1,78% em maio para 1,10%), devido à desaceleração da alta da energia elétrica (de 5,37% para 1,95%). No entanto, foi o item de maior impacto na formação do índice mensal de 0,53% (0,17 p.p.).

Alimentação e Bebidas ficou praticamente estável (0,44% em maio e 0,43% em junho), contribuindo com 0,09 p.p. na formação do IPCA. A carne foi o alimento que mais pesou, com alta de 1,32% no mês (5ª alta seguida), 4,01% no ano e de 38,17% em 12 meses (só superado pelo aumento de 54,90% de óleos e gorduras, em desaceleração, devido à baixa do óleo de soja na safra 2020-21).

No 1º semestre de 2021, a Alimentação e Bebidas, que foi o grande vilão da inflação no ano passado, quando subiu 14,09%, acumula alta de 2,72% (contra 4,10% no 1º semestre de 2021). Este ano, a grande pressão sobre a inflação vem da energia elétrica e dos combustíveis (residenciais e veiculares). Graças aos reajustes espaçados ao longo do ano em várias capitais, a energia elétrica acumula alta de apenas 1,41% na média nacional. Mas o consumidor de Fortaleza acumula alta de 8,17% e o de Campo Grande (MS), 7,40%.

Se os alimentos estão menos salgados este ano, o problema está embaixo das panelas: os combustíveis domésticos (GLP e gás natural) subiram 15,21% e os novos reajustes do GLP para julho e do gás natural para agosto-setembro-outubro, podem pressionar a inflação que tende a ficar acima de 8% até setembro, quando a base de comparação do ano passado (alta mensal de 0,64%) deve favorecer a queda da taxa em 12 meses. No ano, os combustíveis veiculares subiram, em média, 26,69%, pressionando o item Transportes.

Inflação do RJ e DF as mais baixas

O espaçamento do calendário mensal de reajustes de serviços públicos nas 16 grandes capitais pesquisadas pelo IBGE (sobretudo energia elétrica e tarifas de água e esgoto) produziu no 1º semestre um quadro, no mínimo, curioso. As duas cidades com menor inflação acumulada em 12 meses no país são redutos da família Bolsonaro. O Rio de Janeiro acumulava a menor inflação anual do país em junho, com 6,84%. E o Distrito Federal, sede do governo e residência oficial do presidente Jair Bolsonaro (Palácio da Alvorada) e de vários ministros, acumula alta de 7,13%, bem abaixo da taxa de 8,35% na média nacional.

Quatro capitais estão com inflação acima de dois dígitos. Rio Branco (AC) lidera, com 12,06%, seguido por Campo Grande (MS), com 11,38%. São Luís acumula 10,38% e Fortaleza tinha 10,07%. Outras cinco cidades tinham inflação em 12 meses superior a 9%: Curitiba (9,64%), Goiânia, a cidade mais próxima de Brasília, tinha 9,37%, Belo Horizonte (9,08%) e Porto Alegre (9,07%).