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Produtividade e democracia, uma visão da atividade rural

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O Brasil tem uma enorme concentração setorial nas atividades econômicas. As grandes empresas alardeiam sua produtividade. Com mais capital e geração de caixa é possível adquirir tecnologia e aumentar a produtividade. Não estamos desconsiderando que a produção em escala e com mais recursos de pesquisa e inovação podem muitas vezes, na maioria dos casos, ofertar produtos e serviços a menores preços e, algumas vezes, de maior qualidade. Não ignoramos os benefícios de um determinado mínimo de escalas de produção. Não se trata de elogiar o pequeno ou o grande; trata-se de falar que não discutimos isso: como fazer chegar ao maior número possível de agentes econômicos, cidadãos, os benefícios da disseminação do conhecimento e da pesquisa com recursos públicos?

Se nos dedicamos a falar de educação em geral, fugimos da questão. Vamos perguntar a todas as instituições públicas ou privadas que providências tomaram para que suas conquistas de conhecimento, de criatividade, chegassem ao maior número possível de brasileiros que possam delas usufruir e vamos descobrir que existe um longo caminho a percorrer.

Na produção rural, as descobertas e suas aplicações chegam primeiro aos grandes. E com muita demora para os pequenos e médios. Já tivemos no Brasil uma tentativa de tornar a extensão rural a mensageira de técnicas, a difusora do progresso descentralizado. Mas algo falhou. A difusão de novas práticas funciona quando há um sistema integrado que contemple financiamento, renovação permanente de recursos humanos, facilidades de locomoção, especialização, entusiasmo, treinamento, recursos pedagógicos etc. Nos últimos anos os recursos para a extensão, ao que parece, foram aplicados burocraticamente.

Faz muito tempo que não leio nada sobre o avanço da Extensão. Silenciosamente, fomos confiando que entidades privadas, vendedores de insumos, processadores de produtos primários, cooperativas, organizações das diversas cadeias assumissem o vazio. Ao que parece, caímos em armadilha que favorece a concentração. O vendedor de fertilizantes dá a máxima atenção aos maiores clientes. O fornecedor de produtos veterinários atende as fazendas de olho no faturamento. A empresa de inseticidas e outros agroquímicos atende diretamente pelo tamanho do plantio...

A roda viva da concentração agradece. Os menores ou médios precisam se contentar com a propaganda e o faz-de-conta de programas pseudo educativos em TVs. As feiras rurais são uma oportunidade para se atender maior número de produtores, porém, se preocupam mais com shows e comércio.

Quem está nesse momento mergulhado, no Serviço Federal e estados, em dar produtividade ao trabalho da Extensão? Respostas para a autoridade a seu alcance.