Moda e Estilo

Por Iesa Rodrigues

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IESA RODRIGUES

Paris / Propostas do Oriente

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Publicado em 05/10/2025 às 13:33

Alterado em 05/10/2025 às 13:33

Junya Watanabe: a graça dos acessórios como parte da vestimenta e a confirmação das bolinhas em preto e branco Foto: reprodução

Kenzo Takada foi o pioneiro, o primeiro oriental a desviar os olhares para um jeito diferente de vestir na década de 1970. Seu segredo era combinar trajes tradicionais japoneses com técnicas de costura aprendidas em Paris. Daí em diante, nos anos 1980 surgiram criadores formados lá em Tóquio mesmo, no Bunka College. Ou vindos de Cingapura e arredores.


Emoção na passarela: uma carta do Armani para Yohji como estampa Foto: reprodução

Nesta temporada o destaque entre os orientais foi Yohji Yamamoto. Não só pela beleza dos vestidos pretos com pinceladas brancas, como pela emocionante homenagem ao Giorgio Armani. Primeiro, com o nome do italiano em caracteres japoneses e a foto de Armani nas costas. Depois, toda a frente de um vestido com uma carta do Armani para o próprio Yohji. Um dos grandes momentos desta semana, que está demonstrando o esforço de voltar a atrair atenções de consumistas.


Yohji Yamamoto: pinceladas brancas sobre preto, a sandália de cano alto e a maquiagem de traço Foto: reprodução

Issey Miyake sempre foi um herdeiro do talento de Fortuny, o inventor do plissado. Mas parece que Miyake resolveu partir para outras técnicas e atrações. Fez bolsas-carteiras com o seu nome, modelagens envolventes e estampas em verdes fortes. Já vimos coleções mais irresistíveis dele.


Issey Miyake: poucos plissados, modelagens envolventes e a carteira-caixa com logo Foto: reprodução

 

Junya Watanabe tem humor, suas apresentações vão além das roupas e atende a um público mais jovem. Para o verão 2026 do hemisfério norte (as roupas começam a chegar às lojas em fins de março), Junya nos faz rir com a estratégia de integrar acessórios e roupas: sapatos vermelhos presos nos ombros. Ou um lote de chapéus de palha. As peças são quase básicas, com a repetição das bolinhas em preto e branco, em calças com túnicas pretas. O que ela quer dizer: ombros são importantes no estilo do ano que vem.

Enfim, a eterna surpresa: Comme des Garçons, de Rei Kawakubo. Desde seu primeiro desfile, em 1981, quando deixou a plateia com cara de ponto de interrogação, sem entender o que tinha visto, tudo pode acontecer em matéria de vestimenta. Agora, ela sugere algo bem simples: vamos pegar algumas mantas e enrolar no corpo. Ou algum tecido trabalhado. Ou o que se quiser, desde que enrole em várias camadas, talvez com alguns nós, da cabeça quase aos pés. E a Comme sempre acaba influenciando nas tendências. Minha aposta é no quadriculadinho em vermelho e branco. No desfile, também enrolado, mas na vida real pode ser matéria de camisas e calças.


Comme des Garçons: imaginemos a montagem destes looks no camarim Foto: reprodução


Da ala oriental, senti falta do Andrew GN, criador de moda luxo, que sempre convidou para seus shows nos salões dos hotéis tradicionais parisienses.

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