
IESA RODRIGUES
Paris mostra a moda do Brasil
Publicado em 27/09/2025 às 11:18
Alterado em 27/09/2025 às 11:18

A partir deste sábado, Paris mostra seu poder de centro lançador de ideias para vestir. A tradicional semana do prêt-à-porter ganhou força desde os anos 1950/1960, quando jovens estilistas como Pierre Cardin, Yves Saint Laurent, Emanuel Ungaro, Ted Lapidus e outros foram reunidos em semanas de desfiles.
A agenda atual reúne criadores do mundo todo, se redimindo dos tempos, nos anos 1980, quando o italiano Valentino (porque não era francês) era renegado aos últimos horários, mas atraía seus convidados com apresentações no Bois de Boulogne, graças não só às coleções lindas como…às champagnes e cascatas de camarões servidas para a platéia esfomeada depois de um dia de correria. Ou quando as editoras francesas achavam um absurdo Michael Kors assinar a grife Céline. “Ele só sabe fazer roupa para americana vestir", sussurravam na platéia.
Depois dos anos 1990, quando o grupo que incluía a champagne Moet Chandon e o Cognac Hennessy decidiu comprar as marcas mais tradicionais, como Dior, Givenchy e Louis Vuitton, os preconceitos sumiram, jovens recém-saídos das escolas de moda londrinas assumiram as direções criativas. A princípio, houve protestos contra o inglês John Galliano criar para Dior ou o americano Marc Jacobs assinar as primeiras coleções de roupas para a Louis Vuitton. Mas o grupo que se denominou LVMH salvou o setor das falências anunciadas da moda francesa. E deu a partida no nicho conhecido como Luxo, no varejo.
Lugar do Brasil
Enquanto as grandes marcas trocam seus diretores de criação, a ponto de quem cobre ter que levar uma lista de criadores e respectivas grifes onde estão trabalhando, o Brasil continua tentando reconhecimento. Já tivemos alguns representantes importantes: Ocimar Versolato, um dos mais brilhantes criadores de sua época, Inácio Ribeiro, que, junto com a mulher, Suzanne Clements, formava a Clements Ribeiro, assinando belas coleções da Cacharel. E Gustavo Lins, único brasileiro a entrar para a lista da Alta Costura.
Nesta temporada, Alessa Migani dá a partida, com uma sequência do que mostrou no Roxy, no Rio de Janeiro. Será o Cariocaholic Fashion Show, com direito a comidinhas, drinks, show da própria Alessa e desfile, das 18h até meia-noite, no Hotel Sofitel Scribe.
Na segunda-feira, quando começa a semana oficial, com direito ao desfile de Saint Laurent, assinado pelo genial Anthony Vaccarello na periferia de Paris, acontece a segunda edição do Runway Vision, idealizado por Marina Spindola, com direção criativa do Anderson Vescah, figura conhecida como stylist na imprensa carioca. O evento reúne desfiles, showrooms e pop-up stores, das 14 às 21h no Space Clery, no Marais.
Quem estará no Runway Vision:
Nalimo: uma das grandes expectativas, por ser marca indígena, assinada por Day Molina, descendente dos povos Aymara e Fulni-ô. Folhas de vitória-régia, látex de seringueira, sementes de pau-brasil, além dos couros de pirarucu e tilápia estarão entre os sinais amazônicos da coleção.
Zack Grabeel: moda masculina em linhos e sedas, em estética Old Money contemporânea. Vamos ver o que sairá deste contraste.
Marcelo Zantti: a coleção Entre a Flor e o Abismo é inspirada na Ofélia, de Hamlet. Mas a cartela tem os vermelhos, azuis, pretos e off-whites da obra de John Everett Millais.
Basique: por Gisele Dias, tem referências modernistas, de obras de Oscar Niemeyer e Burle Marx
Duas marcas de moda praia: a Al Mare, linha resort da The Dressing Project e a coleção de Fabiana Thorres.
E mais a Alessa, presente também no evento do Marais. Além destas oito marcas, o Runway Vision conta com a egípcia La Boga, os acessórios de Gissa Bicalho, as joias de Vila Vilaça, os belos bordados do Bruno Silva e as propostas de moda da Lidija Kolovrat, da Bósnia, radicada em Portugal e a albanesa Sarita Gjini.