
IESA RODRIGUES
De novo, o sustentável
Publicado em 10/08/2025 às 13:00
Alterado em 10/08/2025 às 13:19

Sustentabilidade: esta é a palavra usada pelas marcas de luxo como isca para justificar ou se redimir pelos processos poluidores, trabalho escravo ou materiais animais. Nem sempre o resultado final dá certo ou vende bem. Um exemplo já famoso é a linha de jaquetas feitas à base de núcleo de cogumelos, da Stella McCartney. Quem comprou e trouxe para o Brasil acabou com uma roupa com cogumelos brotando, graças ao calor tropical. Mas a filha de Paul McCartney tem o mérito de sempre pesquisar materiais fora de couros e origens fósseis. Ela pode seguir esta moda-laboratório que pesquisa novas matérias e processos caros, sujeitos a fracassos.
Jeans japoneses
Calça jeans japonesa Foto: catálogo Saab
São bonitos? Não. Vestem bem? Não. São baratos? Não. Mesmo assim os famosos fazem questão de vestir um modelo da Saab ou da Momotaro, feitos de reaproveitamento de jeans antigos, recortados e rebordados, o que evita poluir águas pelos tingimentos e lavagens do indigo. Todo este upcycling chega a custar US$ 2 mil!
Na Alta Costura
Elenco da série 'A casa da moda' Foto: divulgação
A “Casa da Moda” ou “Maison” é uma série francesa importante da Apple TV. Além dos dramas pessoais, mostra a movimentação de um ateliê de Alta Costura. E a evolução criada por uma jovem adepta da sustentabilidade. Primeiro, junto com uma amiga coreana (ou vocês achavam que eu deixaria de citar a Coreia do Sul), ela cria uma coleção com tecidos e vestidos descartados pelas grifes famosas. Depois é contratada por uma delas e assina coleção feita de rendas produzidas com fios diferentes dos tradicionais. E mostra o poder das novas tecnologias em um desfile fora do esquema clássico. Não vou dar spoiler, aconselho assistir “Maison”.
Caixa de beleza
A preciosa caixa de livros da L’Oréal Foto: Iesa
Um teaser impressionante do evento “Luxo Contemporâneo e Inovação “, que se realizará nesta semana no Pier Mauá: uma caixa da L'Oréal. Sem batons, cremes ou perfumes - são cinco livros em inglês, lançados pela editora Gallimard, com os seguintes títulos: Modernidade e globalização; Era clássica e confrontação; Antiguidade e civilizações; Futuro e projeções; Pré-história e origens.
Isto se encaixa como sustentável? À primeira vista, talvez não. Mas o Brasil, quarto mercado consumidor do setor de beleza, atrás apenas dos Estados Unidos, China e Japão, é muito importante para a L'Oréal. Só com os programas sociais, pesquisas e empregos já se destaca como sustentável e moderna.
Foto: Escobar Business/divulgação
Foto: Escobar Business/divulgação
Foto: Escobar Business/divulgação
Trio de modelos da coleção Sedução, de Guilherme Tavares
Resiliência e estilo
Guilherme Tavares é um guerreiro, estilista sem medo de ser julgado pelos vestidos de sacos de lixo, de papéis e até de chocolate (já que começou a trabalhar em gastronomia). Usa as técnicas de Costura e faz longos efêmeros, que duram o tempo de um desfile.
A coleção Sedução, fotografada no recém-inaugurado Niemeyer 360, combina moda e arquitetura, com formas orgânicas. O upcycling está presente nos modelos-conceitos na transformação de resíduos de pele sintética, organza e outros materiais antes descartados em aterros sanitários de forma indevida. São criações únicas que carregam a força da inclusão e a recusa ao etarismo. “ Quero provar que estilo não tem idade e que a sedução está na autenticidade, no respeito ao meio ambiente e na valorização de cada história que a moda pode contar”, diz o designer.
Para encerrar este longo texto, acrescentei um parágrafo assinado por Anne Colonna, gerente geral de pesquisas avançadas do grupo L'Oréal, sobre a Beleza Biomimética do livro Future / Projections, da caixa da Gallimard:
'A Biomimética, combinada com as biotecnologias e IA, está abrindo uma nova era na história da beleza. Uma beleza que não se contenta em ser inspirada pelo viver, mas que recria seus superpoderes. As promessas são impressionantes, como a do autorreparo e a rebobinagem do filme das nossas vidas.'