IESA RODRIGUES
Doze horas à frente
Publicado em 08/10/2023 às 11:37
Pelo jeito, é inevitável: a moda vem com força do Oriente. Daqueles lugares com 12 horas de diferença de horário. Das pessoas que se interessam por novidades e são capazes de formar filas diante de lojas de marcas famosas na Europa.
Pioneiros
Quem primeiro chamou a atenção para o encanto da roupa com referências orientais foi Kenzo Takada. o japonês mais parisiense das semanas de desfile nos anos 1970. Na década seguinte, era a vez de Kansai Yamamoto, o rei das jaquetas coloridas, que aparecia nos agradecimentos como um ninja de macacões coloridos e máscara.
Mas o estouro do autêntico estilo japonês foi nos anos 1990, quando viraram marcas cobiçadas os trabalhos de alfaiataria de Yohji Yamamoto, os plissados de Issey Miyake e a criatividade de Rei Kawakubo na Comme des Garçons. Já eram ex-alunos de escolas de moda no próprio Japão, sem passagem pela London School ou pela Esmod de Paris.
No caminho do POP
O sucesso dos doramas durante a pandemia chamou a atenção não só para os figurinos das séries e shows das boybands, como agradou pelas propostas de conforto das coleções.
![]() o estilo conforto, 'do nada' da Tempus Studio
Foto: reprodução catálogo
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Da Coréia vem a simplicidade sensata da Tempus Studio: suéteres e hoodies definíveis como nada demais, com muita tecnologia e filosofia de conceitos. Mas justamente pela falta de grafismos, imagens espalhafatosas, passam uma impressão de “vista-me”. E enviam para o Brasil, pena que o imposto aqui saia mais caro do que o preço deles e o frete, que passa pelo Alasca _ até isto empolga, saber que aquela camiseta cobiçada viajou tanto até nós.
Do mesmo país, com mais sofisticação, convidado a apresentar coleção na Europa, é Munsoo Kwon, autor de moda masculina cheia de originalidades. No seu Instagram, provas de bom humor
![]() O ator Ji Chang Wook representa a Bench em uma coleção cápsula
Foto: reprodução catálogo
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Das Filipinas, impressiona a Bench, marca casual, de camisetas, camisas, calções. O melhor da coleção atual foi visto no show de encontro com fã-clube em Manilha, da Dupla DnE: são camisas com estampas estilo anos 1950, com carros antigos, folhagens, um jeito de Califórnia, em modelagem oversized. Uma das coleções especiais é para o ator Ji Chang Wook (fez Healer, Backstreet Rookie, K2, as colegas dorameiras sabem quem é)
Na Alta Costura
![]() Um dos looks elaborados com bordados de Andrew GN, favorito da nobreza européia e árabe
Foto: Ines Rozario
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Andrew GN, de Cingapura, já é veteranos nos salões do Hotel Westing, em Paris. Suas propostas vestem princesas árabes, atrizes hollywoodianas e até Kate Middleton, que usou um tailleur cheio de botões, típico do estilo do Andrew GN. Ele não está na prestigiosa lista da Alta Costura, mas sabe manobrar nos limites da roupa de luxo.
A mais recente oriental, esta admitida na Alta Costura parisiense, é a chinesa Yinqing Yin, que surpreendeu a plateia europeia com seus drapeados e recortes. Criada em Paris, já foi diretora criativa da grife Léonard, depois de um tempo em que explorava formas de criaturas mutantes, um mundo de seus sonhos. Atualmente sua principal referência é a meditação.
Aguardemos as novidades do outro lado do mundo nos desfiles da semana de Hong Kong, que se realizará de 27 a 30 deste mês de outubro.
Uma última lembrança: o francês Paul Poiret já se inspirava nos quimonos e nas estampas de cerejeiras nas suas criações nos anos 1904/1911. Difícil bater os franceses quando se trata de moda…