Moda e Estilo

Por Iesa Rodrigues

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IESA RODRIGUES

NYFW: a semana de moda inclusiva

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Publicado em 11/09/2021 às 09:49

Alterado em 16/09/2021 às 08:35

Iesa Rodrigues JB

Nova York está em plena celebração da diversidade, da sensualidade, da feminilidade e da inclusão. E volta (quase) à normalidade, com atestados de vacina apresentados na entrada dos eventos. Sem temer a possibilidade de outra chuvarada, como a da semana passada, a moda americana ocupou plateias desde quarta-feira e vai até amanhã, domingo, com a expectativa do encerramento da coleção do texano Tom Ford.

Macaque in the trees
Sensualidade e brilhos na coleção de LaQuan Smith (Foto: video)
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Decote em X, frequente nos desfiles de Nova York, como em LaQuan Smith (Foto: video)

 

Conceitos gerais
Quem esperava opções sustentáveis, pode tirar o cavalinho da chuva (ou os reciclados das compras). Segundo a maioria dos designers, as mulheres querem se exibir com roupas bonitas, brilhantes, que exaltem as formas femininas. No colorido, há vermelhos e azuis, mas o preto continua sendo a proposta forte. Muita alfaiataria de alta qualidade, comprimentos longos em vestes que podem ser uma espécie de roupão até robes debruados de babados, além do clássico trench coat. O decote em X.de alças largas aparece em muitas coleções. A peça forte é o sutiã ou a parte de cima do biquíni. Este resumo se refere ao que vestir no verão do hemisfério norte, que permite desde tops praianos até uma capa de chuva.

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Por LaQuan Smith, o estilo que já é visto nas noitadas da rua Dias Ferreira, no Leblon (Foto: Foto: video)

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Camisetas com Empire State do LaQuan Smith (Foto: video)
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LaQuan Smith (Foto: video)


Pioneiro do neoprene
LaQuan Smith se considera um cara de sorte. Foi o primeiro designer a criar roupas em neoprene, ganhou reportagem na revista New Yorker. Estava feliz na noite de quinta-feira por voltar a reunir convidados na plateia e desfilar no observatório do Empire State Building. “É um momento icônico, esta volta ao formato normal das coleções. Para o futuro, espero que tenhamos mais apoio a estilistas novos, minha aposta é na diversidade”, comentou LaQuan na live. Que, por sinal, atrasou bastante, porque além dos desfiles, a semana bomba nas festas, coquetéis, eventos de marcas patrocinadoras.

LaQuan Smith gosta de valorizar o corpo da mulher, daí a quantidade de recortes, fendas, biquínis cavados, quase tudo com muito brilho, em texturas de lurex ou em metalizados, como nos jeans. Perfeito para os tapetes vermelhos hollywoodianos, mas para quem não pretende se exibir demais e quer usar a marca, há camisetas com o logo da marca e a silhueta do Empire State no fundo. Para completar, a comparação: segundo a consultora Ana Andreazza, moradora do Leblon (Rio de Janeiro), as noites de quinta a sábado na rua Dias Ferreira já são passarelas para as gatas de sutiã de biquíni e saias curtas. Pioneiras!

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Michael Kors seguiu a onda dos tops sutiãs com saias ou bermudas (Foto: video)
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Casaco sobre vestido de renda, elegância em rosa, por Michael Kors (Foto: video)

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Michael Kors (Foto: video)

 

Jardim hollywoodiano
Michael Kors é conhecido no Brasil pelas bolsas, que viraram sonhos de consumo depois de vistas no figurino da personagem Carminha, na novela Avenida Brasil. Só que acessórios são apenas uma parte de sua moda. Este americano de Long Island, fanático pela Broadway - segundo a amiga, a atriz Bette Midler, ele deve ter visto Hello Dolly umas cem vezes e tem investido na volta àos espetáculos. A coleção vista no lindo jardim junto ao restaurante Tavern on the Green, no Central Park, com música ao vivo (no repertório, My baby just cares for me e temas de West Side Story) lembrava um verão passado entre Manhattan, a elegância das férias milionárias nas Hamptons e os figurinos eternos de Grace Kelly, com toques de anos 1950 nas saias rodadas, nos tops de alças cruzadas, nos decotes retos. Mais o xadrez vichy em vestidos também de saias godês. Sem deixar de lado os tops-sutiãs, em geral nos looks pretos.

Lembro que nos 1990 Michael Kors era o diretor de criação da Céline, as coleções tinham este estilo Grace Kelly, super femininas. Mas na plateia, as convidadas parisienses comentavam que como era americano, jamais conseguiria agradar às francesas. Atualmente, é um dos profissionais mais importantes da moda internacional. E a moda parisiense é liderada por criadores de todos os lugares do mundo.

 

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Prabal Gurung celebrou a American Girl com cores, tailleurs e mangas (Foto: divulgação/Prabal Gurung)

 

Bem recebido
Prabal Gurung poderia ser eleito o símbolo da diversidade desta semana. O nepalês estava feliz da vida por ter a governadora Kathy Hochul na fila A, ainda mais com a notícia de uma parceria do governo com a IMG, atual dona das semanas de moda nova-iorquinas. Uma das consequências são dois locais grátis para os desfiles, o Moynihan Train Hall, no centro de Manhattan e o Battery Park. Prabal assina a coleção American Girl, bem colorida, com vestidos justos com cortes nas costas, tailleurs cinturados curtos e grandes mangas.

Futuro das coleções?
Estou numa fase de descoberta da cultura coreana do sul, confesso. Talvez por este motivo considero a moda coreana um alerta para o futuro das semanas de lançamento. Um vídeo integrante da NYFW, intitulado Concept Korea mostra os trabalhos de alfaiataria impecável, malhas, listrados e pretos assinados por Nohant, Eenk e Ul:Kin. Nada de desfiles, glamour, elenco famoso. São três histórias meio sem pé nem cabeça, uma delas sobre a importância das lágrimas, outra sobre uma modelo que compra um paraquedas que não funciona e cai semimorta. Uma das modelos lê um livro do Stephen King. O clima lembra Sweet Home, seriado coreano de horror. Não bateu a curiosidade? Esta fórmula prende a atenção e mostra as roupas de uma forma diferente. Pode ser uma opção para o futuro da moda, mesmo que continuem os desfiles tradicionais, com revista de atestados de vacina e algumas exigências de máscara (aliás, vi pouquíssimas nos vídeos)

LaQuan Smith

 

Michael Kors



Concept Korea

 

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