IESA RODRIGUES
Chanel na margem esquerda
Publicado em 10/03/2021 às 10:12
Alterado em 10/03/2021 às 10:14
A coleção desfilada nesta semana de lançamentos em Paris é mais jovem, mais popular, com peças importantes como os casacos longos, que voltam às ruas substituindo os blusões acolchoados baratinhos. Em lugar do grande desfile no Grand Palais, na margem direita, a chic e tradicional Rive Droite, o show se transferiu para o Chez Castel, em Saint Germain, na Rive Gauche, a margem esquerda do Sena, bairro de intelectuais, artistas e o povo que aposta no conceito mais livre de pensar.
Vale lembrar que o Chez Castel, fundado em 1962 na rua Princesse, é uma espécie de clube _ como era o Hippopotamus, no Rio de Janeiro _ , com acesso permitido somente para sócios com carteirinha. Convidados só entram quando acompanhados por um sócio.
Portanto, nada mais adequado do que o nome da coleção: “você está na lista”, expressão muito usada nas entradas deste tipo de lugar, nas festas e em campanhas de produtos de luxo, como os perfumes franceses.
Estilo Rive Gauche
Os casacões cobrem vestidos longos, em tons de marrom e bege, há os mouton retournés, os casacos típicos dos anos 1960, em couro de cabra ou tecido, com forro de pele. O objetivo é a criação para vestir no outono-inverno 21/22, mas os abrigos cobrem looks que mostram pedaços do corpo, a antiga barriguinha de fora.
Tanto com tops cropped como com transparências. E para quem faz questão de exibir a marca, não se contenta em ter uma bolsa original matelassê, de alça de corrente, Virginie mostrou no porão do Chez Castel, onde fica a pista de dança, macacões cobertos com o logo da marca de mais prestígio no universo da moda internacional.
Novos tempos
Se este será o novo normal da moda, ninguém sabe ainda. Primeiro, as marcas devem ter certeza das vendas das novidades. Depois, se adaptam ao jeito possível de noticiar suas criações, por enquanto ou em vídeos ou com plateia mínima presencial. Por enquanto, a pandemia é o argumento para as mudanças. Chanel foi uma boa coleção, com peças usáveis, com a intenção de atrair consumidoras mais jovens e renovar a clientela. Só que...muitos destes looks são encontrados em brechós, saídos dos guarda-roupas das avós rebeldes nos anos 1960. Quem se incomoda de vestir roupas usadas, cheirando a naftalina, e tem posses para enfrentar os preços de uma grande marca, pode escolher seu figurino nesta bela coleção de Virginie Viard.