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Parada LGBTI de Madureira pede direitos iguais e fim de preconceito

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A 19ª edição da Parada LGBTI de Madureira, na zona norte do Rio, tomou conta das ruas do bairro. A concentração estava marcada para as 11h, mas com o tempo bom na cidade, neste domingo (15), o evento competiu com a praia e as pessoas começaram a chegar mais tarde.

“A parada é um ato reivindicatório pelos direitos de igualdade, contra todas as formas de preconceito e discriminação. É uma união de todos os segmentos por alegria e reivindicação”, afirmou Loren Alesxander, organizadora da Parada, em entrevista à Agência Brasil.

Nesta edição, o tema escolhido é As Nossas Forças, as Nossas Lutas Refletem em Nossas Cores. “As cores branca, que é da paz, e as cores do arco-íris. Queremos o direito de ser feliz buscando liberdade de expressão”, disse.

Apesar de tantos anos de luta pelos direitos da comunidade LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e intersexo), ela afirma que a homofobia e o preconceito ainda persistem. “Ninguém é obrigado a nos aceitar, mas é obrigado a nos respeitar. O recíproco é mútuo. A gente busca fazer o nosso social, atuar dentro do direito cultural, fazer o nosso papel de inclusão social aceitando as diferenças e convivendo com as diferenças, para que vejam que podemos nos unir por direitos iguais”, observou.

Festa

O público vai seguir os cinco trios elétricos que participam da festa este ano. No início da parada eles ficam estacionados na Rua Carvalho de Souza, uma das principais de Madureira, com muita música, discursos de representes da comunidade LGBTI e apresentações de shows. Depois, os trios começam a se deslocar pelas ruas do bairro levando junto muita gente. Este ano, a madrinha da Parada é a cantora Lexa.

Morador do bairro Santíssimo, Breno Coutinho, 17 anos, conta que é a segunda vez que vai a Parada em Madureira. Ele afirma que sofre preconceito desde muito novo e que não é aceito pela própria família. “Eu morava com a minha avó e me assumi. Ela me expulsou de casa e fui morar com a minha mãe. As minhas tias também não me aceitaram no começo e depois entenderam. As minhas irmãs e meu irmão não me aceitam”, disse Breno que pretende ser psicólogo ou trabalhar como maquiador profissional. Ele conta que, atualmente, consegue ganhar algum dinheiro fazendo esse tipo de serviço.

Diferentemente do ambiente familiar, Breno diz que se sente bem na escola onde estuda, em Bangu. “Acho ela muito legal. Tem outras pessoas que são LGBTs. A gente tem muito espaço lá e na escola nunca sofri nada, graças a Deus”, disse, acrescentando, que costuma sair em grupo com receio de assédio e violência por andar maquiado. “Sempre me xingam, por isso ando com eles”, afirmou, apontando o grupo de 10 pessoas com quem estava.

Neste ano, a Parada quase não ocorreu por falta de patrocínio. “Para captar e poder fazer a Parada está muito difícil, então, a gente trocou de data duas vezes e hoje estamos colocando nas ruas, graças a nossa luta, à busca de parceiros, a nossa capacidade de poder concluir a nossa liberdade de expressão”, afirmou Loren.

No ano passado, 1,2 milhão de pessoas participaram da Parada LGBTI de Madureira. A expectativa dos organizadores para este ano é chegar a 1 milhão de participantes.

Serviços

Com apoio da Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual (CEDS Rio) da Prefeitura do Rio, o público da 19ª Parada LGBTI de Madureira teve à disposição vários serviços.

Na área da saúde houve imunização com vacinação de hepatite B e antitetânica, distribuição de 4,3 mil preservativos masculinos e 380 femininos, além de 800 lubrificantes. Houve ainda promoção de saúde e orientação de HIV e IST’s (Infecções Sexualmente Transmissíveis). O público pôde também relaxar com sessões de shiatsu. “Estamos aqui, na Saúde, com diversas prevenções de DST/AIDS, de hanseníase, tuberculose e fazendo testes rápidos de HIV por saliva”, contou Loren.

Na área de assistência social, os participantes receberam orientação sobre inclusão no Cadastro Único (Cadúnico) do Ministério da Cidadania, a tarifa social, os Benefícios de Prestação Continuada (BPC) e o ID Jovem. Teve também recreação infantil, pintura facial e oficina de turbantes, identificação de crianças e orientação sobre direitos humanos e direito da mulher.

Comlurb

Uma equipe de 60 garis e 11 agentes de limpeza urbana da Comlurb foi destacada para o local para a limpeza antes, durante e após o evento. O trabalho começou às 7h e seguirá até as 6h de amanhã (16).

Policiamento

A Guarda Municipal montou operação especial com 60 guardas. Desses, 20 estão operando o trânsito. O esquema da Companhia de Engenharia de Trânsito (CET-Rio) compreende a interdição de diversas ruas na região para acomodação e passagem dos trios elétricos.

Agentes do 9º Batalhão da Polícia Militar com apoio de outras unidades fazem a atuação ostensiva.

Câmeras

O monitoramento da área de Madureira e das vias de acesso ao bairro ficou por conta do Centro de Operações Rio (COR). A função do COR é integrar as operações dos órgãos envolvidos e acionar para resposta rápida as equipes da prefeitura que atuam em ocorrências. A região onde se realiza a Parada tem monitoramento em tempo real com apoio das 811 câmeras da prefeitura e outros equipamentos de videomonitoramento de parceiros.(Agência Brasil)