CULT, POP & ROCK
As 13 dos 13
Publicado em 31/07/2025 às 11:45
Alterado em 31/07/2025 às 14:18

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Desde que Ozzy Osbourne, um dos maiores ídolos que tenho na música, se foi, dias atrás, a quantidade de informações, notícias, matérias, detalhes de sua longa e espetacular vida pessoal e artística, deve ter deixado todos os consumidores de mídia, veículos de comunicação, zonzos e, até, cansados.
É claro que eu não poderia deixar de usar essa minha coluna para fazer uma pequena e humilde homenagem a Ozzy, mas decidi não me estender muito escrevendo sobre o que ele representou e representa para mim desde que o ouvi pela primeira vez, em 1974, quando eu ainda era um menino que jogava bolas de gudes e brincava de pique esconde pelas ruas quentes de um bairro do Rio.
Então, não repetirei o que está exposto nesse universo infinito da internet. Preferi, mesmo sendo uma tarefa extremamente difícil, dividir com os leitores quais, entre mais de 100 músicas, são as minhas 13 preferidas, distribuídas pelos 13 álbuns solos de Ozzy desde que o vocalista saiu do Black Sabbath.
I love you, Ozzy. God bless you.
1 – Blizzard of Ozz (1980): Mr. Crowley. Tudo me impressiona nesse clássico do heavy metal, que trouxe Ozzy de volta à vida, em seu primeiro álbum solo, após ter sido despedido do Black Sabbath e quase sepultado pelas drogas: da voz única do Príncipe das Trevas, passando pela introdução arrepiante e dramática dos acordes do teclado de Don Airey, até chegar a guitarra de Randy Rhoads com seus dois solos antológicos e exuberantes que me deixam de joelhos.
Diário de um louco exposto através da música. Foto: reprodução
2 – Diary of a madman (1981): Diary of a madman. A faixa homônima que fecha o segundo álbum solo de Ozzy é, talvez, a minha preferida entre todas do vocalista em sua longa carreira solo. Dramática, erudita, pesada, emocionante. A introdução belíssima de violão de Randy Rhoads, os acordes pesadíssimos de sua guitarra e o coro fantasmagórico à la Carmina Burana, de Carl Orff, envolvem a voz de Ozzy, que quase que implora, em uma interpretação antológica, que o livrem de um manicômio. Minha trilha sonora imaginária para as cenas do personagem R. M. Renfield, interpretado magistralmente pelo cantor/músico Tom Waits no espetacular “Drácula, de Bram Stoker”, dirigido por Francis Ford Coppola.
3 – Bark at the moon (1983): So tired. No limite do brega, a balada “So tired” é a que mais me chama a atenção entre todas as faixas do terceiro e ótimo álbum solo de Ozzy, já sem a presença esfuziante e mágica de Randy Rhoads, morto em 1982 em um trágico acidente de avião durante a tour de lançamento de “Diary of a madman”. Na mesma pegada das baladas dos dois discos anteriores – “Goodbye to romance” e “Tonight” – a canção tem arranjos de piano e cordas que parecem ter sido criados e inspirados de alguns sucessos de Frank Sinatra e Elvis Presley, só diferenciado pelo belo solo de guitarra de Jake E. Lee, que teve a difícil incumbência de substituir Randy.
O ótimo e surpreendente álbum de covers de Ozzy. Foto: reprodução
4 – The ultimate sin (1986): Killer of Giants. Após um hiato de 03 anos, período de ausência dos estúdios que viraria rotina na sequência da carreira após "Bark at the moon", Ozzy voltou à ativa com esse bom álbum, que manteve Jake E. Lee nas guitarras. E é ele que brilha em “Killer of giants”, com bonitos e líricos acordes de violão e guitarras na introdução de mais uma música dramática que acompanha o vocalista desde os anos do Black Sabbath.
5 – No rest for the wicked (1988): Hero. Minha música preferida do 5º álbum de Ozzy, que marcou o início da sua longa parceria com o estupendo guitarrista Zakk Wylde, é a que fecha o disco. Sua voz nessa faixa me faz recordar algumas canções de “Sabotage”, “Sabbath bloody sabbath” e “Never say die”, dos últimos anos com a sua velha banda de Birmingham. Solo espetacular de Zakk.
6 – No more tears (1991): No more tears. Dez de cada dez fãs de Ozzy acham “No more tears” a melhor faixa do álbum que leva o mesmo nome desse tremendo sucesso do vocalista inglês. O videoclipe, de muita qualidade técnica e grande criatividade, amplamente divulgado nos anos da MTV, a colocaram no topo das paradas e apresentaram Ozzy para uma nova geração de roqueiros. “No more tears” é uma obra-prima do heavy metal.
Black Rain - O disco mais sombrio de Ozzy. Foto: reprodução
7 – Ozzmosis (1995): Perry Mason. Ozzy sempre surpreendeu nas escolhas de alguns temas para suas canções. Ter composto “Perry Mason”, nome do famoso personagem de uma série de TV americana dos anos 1950/1960, e que, recentemente, virou remake na HBO, foi uma grande sacada. Assim que o álbum foi lançado por aqui, a música foi direto para a programação da FMs mais comerciais e cansou de ser a mais pedida da antiga Rádio Cidade. O guitarrista que aparece tocando no sensacional videoclipe é Joe Holmes, que esteve na banda só para turnês de lançamento de “Ozzmosis”, mas quem toca, e pra c@#$%&, em todo o álbum, é Zakk Wylde. Destaque para a introdução de teclados que lembra a de “Mr. Crowley” e o baixo de Geezer Butler, seu amigo do Black Sabbath, que foi recrutado para a gravação do álbum.
8 – Down to Earth (2001): Can you hear them? "Eu só queria ser igual ao Grateful Dead e continuar fazendo turnês, mas a gravadora queria um novo álbum...", reclamou Ozzy na época do lançamento do ótimo “Down to Earth”, no início do século. E, mesmo sob a rabugice do madman, o disco alcançou a quarta posição na Billboard. “Can you hear them?” é a minha preferida entre as excelentes 11 faixas. Abre com a bateria tribal de Mike Bordin e fecha o álbum.
9 – Under cover (2005): 21st century schizoid man. Difícil escolher a minha preferida do incrível álbum de covers lançado por Ozzy. Pela surpresa e pelo arranjo poderosíssimo, fico com “21st century schizoid man”, que é um dos grandes clássicos do King Crimson. Destaques, claro, para a voz metálica e distorcida de Ozzy, que preferiu não fugir dos tons e efeitos da original, gravada por Greg Lake. Vale também citar as guitarras de Jerry Cantrell, do Alice Chain, e o pedal steel de Robert Randolph.
O primeiro álbum solo de Ozzy e que o ressuscitou para o Rock Foto: reprodução
10 – Black rain (2007): Countdown's begun. Os primeiros 30 segundos da pesada “Countdown's begun”, a minha preferida do álbum, talvez o mais sombrio da carreira solo de Ozzy, lembram a introdução de “Hells bells”, do AC/DC. Riff poderoso e solo matador de Zakk Wylde, que não deixou por menos na sua despedida da banda depois de longos anos de enorme sucesso, que o levou a ser considerado um dos maiores guitarristas de heavy metal de sua geração.
11 – Scream (2010): Time. “Time”, a minha favorita do álbum, vence, por detalhes, a incrível “Diggin' me down”. Talvez pelos arranjos vocais de Ozzy e pelo solo de Gus G., que substituiu Zakk nas guitarras. No fim da primeira década do século, Ozzy estava em grande forma... alive and kicking!
12 – Ordinary man (2020): Ordinary man. Como uma canção de Ozzy, que tem a participação de Elton John, no piano e nos vocais, e um solo de guitarra do Slash, não seria a minha preferida de um álbum? Impossível.
13 – Patient number 9 (2022): One of those days. E digo o mesmo sobre essa canção do último álbum de estúdio de Ozzy: como ela não seria a minha preferida, quando há a participação de Eric Clapton e sua guitarra maravilhosa? Aí poderiam me lembrar: - Poxa, mas em “A thousand shadows tem o Jeff Beck...”. Pois é.